Volkon (Guerreiros Starianos Vol. 1) romance Capítulo 32

— Tem o lado divertido nisso, sabia? Somos famosos, do tipo, muito famosos! — Elaine tagarelava inúmeras coisas. Contou como se sentiu quando acordou, como chamou a ajuda, suas suposições genéticas sobre o crescimento do bebê, como sentia seu corpo repentinamente desconfortável, a necessidade de começar a trocar as roupas, e muitos outros assuntos que seu bom ouvinte Volkon silenciosamente ouvia. — Volkon, está me ouvindo? — ela questionou quando caminhavam até o acesso do elevador e recebeu um rosnado de retorno enquanto adentravam a caixa gigante. — Eu disse que não me senti nada bem! — Ela o olhou demonstrando indignação.

— Está bem agora. — retrucou seco, olhou a porta se fechando e comunicou a inteligência que movia a caixa de aço. — Acesso ao alojamento, solicitação, Paladimus Volkon.

— Acesso permitido. — retrucou a inteligência.

— Mas eu não estava. — retrucou Elaine, cruzando os braços, como quem esperava mais do que um rosnado quando se dizia que não estava bem. — Ficar rosnando em respostas nem sempre é uma boa resposta.

— Meus rosnados são expressivos.

— São hostis, quando não se trata de sexo. — Elaine interveio.

— Não ligo.

A porta abriu e Elaine saiu caminhando, notava um olhar ou outro sobre si e observava a paisagem que fazia até o trajeto do alojamento. Ainda se passava por várias reformas, mas estavam tentando deixar o ambiente o mais confortável possível. Adentraram o caminho dos corredores, com soldados vigiando cada canto do lugar e Volkon permanecia com seus braços cruzados, suas feições fechadas e seus rosnados em resposta.

— Deveria ligar, isso atrapalha sua comunicação receptiva. Tira todo o seu carisma! — Ele rosnou e ela colocou a mão na cintura, enquanto paravam na frente da porta cinzenta e metálica, bipartida na diagonal e de acesso grande. A porta do alojamento foi aberta e Elaine afinou os olhos para Volkon, entrando em sua jogatina. — Querido, está parecendo uma criança birrenta…

— Volkon! — Elaine olhou para dentro da recepção do alojamento e arregalou os olhos, expondo suas íris através das lentes e abrindo a boca admirada. Volkon mudou suas feições fechadas, ligeiramente para surpreso, mas devolveu as feições endurecidas no segundo seguinte. — Meu filho!

O Stariano azul tinha feições muito idênticas as de Volkon, exceto pela cabeleira curta na cabeça. Não era enrolada, era mais lisa, de cor castanha e orelhas pontudas. Havia muitos brincos pendurados, um grande casado de pele cinza sobre o corpo e três malas grandes sobre seus pés. Da mesma altura que Volkon, o homem tinha o olhar escuro e muito mais traços de rugas na pele grossa e azul, de um tom manchado. As mãos grandes tinham garras mais pontudas, mas diferente de Volkon que mantinham as garras guardadas, ali pareciam naturalmente estar expostas. Para aumentar ainda mais a surpresa de Elaine, uma Stariana saiu por trás de quem ela deduziu ser o pai de Volkon.

Ela tinha contado com muito poucas fêmeas, onde de fato a população em maioria são os machos da espécie. Mas, se tratando de Starianas, a mãe de volkon era linda. Ela tinha as orelhas pontudas, três brincos de argola em cada orelha e a cabeleira castanha e ondulada, assim como o cabelo de Volkon, era uma cascata presa em pequenas tranças, fazendo o caminho até a sua cintura. Ela era esguia, alta e tinha curvas, o que fazia Elaine ver a real diferença de tamanho. Ela tinha bem menos traços de expressões físicas no rosto, mas se podia ver toda a junção da pele azul com pequenas manchas circulando as expressões do rosto. Os olhos eram castanhos, de um tom mais claro que os de Volkon e quando ela sorriu, mostrou as presas afiadas e um olhar curioso sobre Elaine.

— Como vieram até aqui? — Volkon questionou, Elaine olhou para ele tentando lhe passar a mensagem “isso são modos?", mas a família dele não se importou com o tom ríspido.

— Atravessando as galerias de gelo, até chegar ao sol. Não é óbvio? Está passando tanto tempo fora, que esqueceu como se faz para chegar em sua casa? — Seu pai respondeu do mesmo tom.

E Elaine, quietinha e calada, se perguntou se todo o Paladimus tinha a mesma paciência que Volkon… Quase nenhuma, ou nenhuma.

E diferente de Volkon, o pais dele gostavam de falar. Foi um pouco desconfortável no começo, mas Elaine os guiou para dentro do alojamento, serviu-lhes um fervido quente e enquanto Volkon se mantinha hostilmente de cenho franzido ao seu lado, ela se envolveu numa boa conversa. Pediram petiscos, perguntaram sobre a vida humana e ela perguntou sobre a casa de Volkon, notando somente agora que nunca se envolveu nessa parte de sua vida. Sabia das origens dele, mas apenas de forma pesquisada. Seus pais eram risonhos, por incrível que pareça, e sua mãe se mostrou curiosa. Humanos eram pequenos, esquisitos e não retratavam a beleza Stariana, deixando claro o tempo todo que o que valia era o conteúdo do coração. Era o jeito Stariano de dizer que Elaine era feia até no meio dos alienígenas, mas ela não ligava pra isso. O que importava, era o que os olhos de Volkon diziam quando a olhava, e eles diziam que Elaine era a criatura mais bonita de sua vida. Supunha…

— Quando vai visitar as geleiras de Paladimus? — perguntou a Stariana de uma forma gentil, alinhada na mesa compacta onde absorvia o fervido saboroso. — Já fomos informados que os humanos tem acesso restrito, por causa da segurança, mas Paladimus seria sua casa.

— Nem todos os Paladimus compactuam com a ideia da reprodução. — Volkon interveio, decidido abrir a boca no meio da reunião familiar. — É a minha casa, mas não é seguro.

— Engano seu, filho. Recebemos felicitações, presentes e honraria depois que seu nome fora elevado. — Volkon permaneceu em silêncio e Elaine se mantinha observadora. — As poucas fêmeas que ainda existe entre nós, foram as primeiras a enviar-lhes presentes para o bebê. A esperança de que seus filhos não estarão mais sozinhos, de que haverá pequenos Starianos carregando nossa cultura e que o dia de amanhã existirá para nós, é muito maior que os malfeitores preconceituosos.

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