Elaine chorou. De insegurança, de felicidade, de medo… Bom, ela passou a mão na barriga sozinha em seu quarto enquanto ouvia baixo as vozes de seus novos parentes. Já era uma mulher um tanto solitária em Terra, mas estava ciente disso quando saiu de lá. Agora, ela tinha os vestígios de nunca mais se sentir deslocada, sozinha ou rejeitada. Os humanos não prezavam habilidades como inteligência para algumas funções, como ela, que era feia e inteligente. No planeta terra ela precisava ser bonita primeiro.
E a humana encostou em seu travesseiro dentro de toda sua sensibilidade e pediu que perdesse sua insegurança; focando em seus próprios pensamentos. Sendo uma estudiosa da espécie, a Terráquea entendia muito bem a forte ligação do Stariano consigo, a fazendo se recordar de seu momento preso e sofrido apenas por conta da distância. E precisou passar por tudo isso para entender o quanto estava apaixonada pelo gigante azul. Mas ele…
Para Starian ela era a esperança. Para Galak, uma Deusa. Para o Lorde, a salvação. Mas Elaine não entendia que para Volkon, ela era sua vida. Não era apenas um vínculo, aquilo foi além. E o Paladimus estava do outro lado da porta, olhando as fechaduras metálicas onde sentiu as batidas do coração de sua humana se acalmar e, finalmente, dormir. Sim ele sentiu. Ele já sentia antes de plantar uma semente em seu ventre, mas estava cego demais para admitir.
— Filho? — ele olhou para trás e viu o olhar amoroso de sua mãe, tão alta e esguia quanto a espécie, dona de uma beleza que qualquer Stariano cederia. — Me parece preocupado.
— Eu já havia aceitado a minha vida sozinho. — desabafou, olhou para a porta e depois para a mãe.
— São boas novas, Volkon. — ela esticou as mãos e tocou no rosto do filho — Éramos uma raça sem o dia de amanhã. Agora, os tempos vão mudar.
— Que raça esquisita. — interrompeu o pai fazendo Volkon bufar e revirar os olhos, tomando a atenção da mãe. — Viu os pelos da cabeça dela? São curtos!
— Oh, querido… O que é isso agora? — reclamou a azulada, banalizando o comentário do esposo.
— Acho que já devemos imaginar como será nossa nova geração, e olha… Se puxar os humanos serão pequenos e feios. — o Paladimus pai continuou — Mas se puxar nossa raça, será uma fêmea que fará milhões brigarem por sua eternidade!
Volkon rosnou, saiu andando e puxando a conversa dos pais para si.
— Disseram que receberam propostas? — questionou o azulado, um tanto curioso.
— Oh querido, somente propostas maravilhosas! Acredite, há muitos Paladimus interessados! — sua mãe andou até sua frente e abriu as presas em um enorme sorriso.
— Coloque nas recomendações que para se aproximar de minha filha o fedelho interessado terá de lutar comigo. E vencer. — especificou, olhando para sua mãe e tirando seu sorriso empolgado do rosto.
— Oh, filho! Devemos fazer bons planos para a vida, não dificultar as coisas! — reclamou sua mãe.
— Eu concordo. Se der uma boa surra no fedelho, ele já estará avisado do que pode ocorrer se não for um bom macho! — O pai se colocou na ideia do filho.
É claro que aquilo gerou uma ótima discussão familiar, sob o descanso profundo de Elaine, dormindo com pensamentos preocupantes, mas um sorriso nos lábios. Ela ainda tinha as mãos na barriga, como quem sentia a boa energia do ambiente romper as barreiras naturais e tocar seu subconsciente, acalmando o bebê azul que crescia dentro de si.
(...)
Galak mantinha seu semblante sério, olhava a imagem amplificada a sua frente e bebia um fervido envolto de uma xícara brilhante. Ele acabara de receber um relatório de rotina sobre a viagem de Darius e se via sozinho em sua sala pessoal, sendo incomodado apenas por seu mordomo, um Ellidium disposto.
— Há um visitante à sua espera, senhor. — comunicou o Ellidium, vestido de branco e prata, com a suas antenas rebuscadas e o olhar baixo.
— Visitante?
— Capitão Kalliur, senhor.
— Áries? — Galak deixou sua xícara adiante, tentou imaginar o que a visita repentina significava e sorriu para o serviço disposto. — Cinco minutos, e já vou atendê-lo.
Galak se levantou, estando a vontade no altar de sua residência se via sem as vestes de cima, mantinha os pés grandes no chão e dispensava o uso das botas. Mesmo ainda tendo de trabalhar constantemente, ele se dava o prazer de se manter à vontade ao menos em sua residência. E se tratando de Áries, não havia necessidade alguma de se vestir decentemente para recebê-lo; mas o capitão não poupou palavras quando viu a musculatura seminua do general se expor na sala de espera.
— General Galak, está treinando entradas sedutoras? — Galak cruzou os braços, sentiu os fios longos do cabelo negro passear os braços e o olhou sério. — Ah, qual é? Com todo esse porte bonitão aí, só não é mais gostoso do que eu. Sabe o que lhe falta? Chifres. Um pelo par de chifres!
— Áries, não devia estar fazendo escoltas sobre a Rebelião? — Galak cortou a empolgação do avermelhado e minou o sorriso de seu rosto. — Tenho certeza que não veio até aqui me dar dicas sobre teus chifres.
O Kalliur pomposo desviou o olhar, respirou fundo e bateu continência, como devia ter feito desde quando o viu.
— Será que não pode me dizer o que está acontecendo lá fora? — Galak notou a ansiedade no capitão. — Olha, eu sei que Darius vai levar um tempo até voltar, mas eu também sei que como o General é o mais próximo dos relatórios rotineiros que vou conseguir.
— Áries…
— Eu sei. — o avermelhado não o deixou continuar — Os relatórios são confidenciais, e para não gerar nenhuma expectativa ou desestabilizar qualquer processo do projeto, tudo deve ser feito com o maior cuidado possível. Eu também sei que sou ansioso e quero fazer o projeto acontecer mais do que qualquer um. — Galak o notou falante, mas resolveu entender o capitão. — Mas o Darius é meu amigo, e mais do que qualquer um ele estava inseguro e com medo. Eu só quero saber se ele está indo bem. E ver uma imagem das fêmeas… — Ele desviou os olhos e Galak o olhou com repreensão. — Sua graça superior não pode me julgar, eu tenho certeza que o senhor também está curioso!
O Silêncio pairou no ar, Áries que estava de pé se sentou e ficou esperando por um longo sermão. No entanto, não foi um sermão que recebeu de Galak. Áries era um Kalliur esperto, mas o general estava acima dele por um motivo.
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