Volkon (Guerreiros Starianos Vol. 1) romance Capítulo 34

O forte onde estava o último alojamento de Elaine era fechado e de acesso seguro, mas ainda passando por transformações. O corredor de acesso aos alojamentos era um espelhado em tom metálico, com portas que se abriam num cruzamento vertical, dando ao ambiente uma rebuscada sofisticação. Havia distanciamento, privacidade e um pequeno toque de solidão.

A saída era muito semelhante a uma praça de descanso, usufruindo de plantas gigantes, inofensivas, mas Starianas. O sol não se punha naquele lado do planeta, sendo dial constantemente, mas durante o toque de recolher, as vidraças que protegia o campo de interação escureceram, a luz era um enfraquecido luminoso e acesa; e o espaço se tornava um misto de plantas reluzente com um cheiro bom e uma paisagem fantástica. O acesso ao campo de alojamento experimental ainda estava solitário, mas Elaine esperava fielmente que aquilo fosse se encher de mulheres, bebês e um futuro Stariano não muito distante.

Ela carregava em seus braços um amontoado de anotações, sem os procedimentos tecnológicos que Starian dispunha, uma vez que ela sempre tinha rompantes e pensamentos que a obrigavam pegar um papel e uma caneta imediatamente. Já estava tarde, muito próximo do horário de recolher e Volkon ainda estava sob os mandamentos de Galak e, estando apenas sob a vigia dos guardas, resolveu que precisava visitar o laboratório central.

A barriga estava em constante crescimento, uma vez que Elaine podia dizer que sentiu diferença mais uma vez, mas esta nem era sua preocupação. Ela estava feliz, esta era sua preocupação. Os pais de Volkon foram receptivos, o Stariano a convidou para a eternidade e as pessoas a olhavam com esperança. Mas a sua felicidade era falsa, ela sentia isso. Ou talvez Elaine nunca tivera o ápice de seus sentimentos alcançados que estava apenas insegura, mas a humana não saberia distinguir.

Sabe, Elaine era uma mulher de sucesso material, mas o que sempre desejou, foi a outra parte. Apesar de tudo, ela se considerava uma mulher sozinha.

— Pequena humana, por onde vai? — Elaine parou de andar, ouviu a voz da Mãe de Volkon e firmou os pés no chão, girando devagar. Ela usava uma vestimenta branca, largada em babados longos que arrastavam no chão com muitos adornos pendurados, semelhantes a dentes de animais pelo corpo. — Fomos designados a manter a privacidade dos dois, principalmente devido à fragilidade que ainda desconhecem sobre a gestação humanoide. Mas, não deveria estar repousando? Onde está Volkon?

— Sogra… — murmurou Elaine, ajustando os óculos grandes e a papelada nos braços — Volkon ainda não voltou e eu preciso ir ao laboratório.

— Oh… Mas o trabalho que vai fazer é mesmo necessário? Parece abatida.

Elaine não estava abatida, ela estava com medo. Durante o pouco tempo que ficou sozinha com Dionísio e suas anotações, a terráquea descobriu a fórmula que é capaz de desfazer o vínculo. Ela descobriu um jeito de fazer com que Volkon não seja mais grudado a ela do modo Stariano, sem o fazer sofrer tanto. Bom, ela deveria pensar nos próximos e sabia que tinha grande culpa nesse caso, mas a realidade é que Áries tinha razão quando disse que ela só estava com medo.

Ela amava Volkon e não queria, de forma alguma, que ele escolhesse desvincular dela para voltar a glória do Paladimus que ele tinha antes de se colocar no experimento, mas ela tinha que fazer. O medo que ela sentia de perder seu alienígena azul não podia sobrepor o futuro de Starian. Os outros precisavam desse antídoto e as humanas também, pois em casos extremos este pode até salvar vidas. Desvincula-los podem dar a eles a chance de seguir em frente, para as duas partes. Sem dor e sem sofrimento.

— Não, não pode esperar. — ela concluiu, depois de pensar muito em responder a pergunta da Stariana lhe olhando de um modo confuso, e Elaine voltou a caminhar até adentrar o elevador que a levaria para a conclusão do antídoto.

(...)

Havia poucos membros dentro do laboratório e a jangada de matérias abertas estava diante o alcance de Elaine. Ela sentia o ar do ambiente um pouco rarefeito, mas sabia que se tratava apenas do seu nervoso. Estava na presença de Ellidium, antenados e inteligentes acompanhando os feitios que Elaine aplicava usando suas ampolas, o jaleco e as luvas. A cada procedimento feito, uma observação a ser anotada por um deles; até que, finalmente, dentro de uma proveta graduada pingou o resquício amarelo do antídoto.

— Deu certo. — ela abriu a boca, tirou os óculos de proteção e segurou o líquido diante seus olhos, quase contendo a água que queria escapar escorrendo por teu rosto.

— Teoricamente — Um Ellidium antenado pegou o objeto e o chacoalhou, admirando o trabalho inteligente da mulher. —, ele é perfeito.

— Mas, em quem iremos testar? — perguntou um outro.

E para a infeliz sorte de Elaine o “Beep” de entrada foi acionado, e o único Stariano vinculado em uma humana adentrou as vidraças de passagem, carregando sua postura pesada, os cabelos compridos bagunçados e o olhar endurecido para a sua terráquea. Ela olhou para o frasco, olhou para os amigos de trabalho e engoliu com dificuldade ao notar que Volkon era o único ser vivo capaz de efetivar os efeitos do antídoto.

(...)

Elaine nunca fora de falar pouco nem mesmo quando estava triste, mas sentia que aquele antídoto podia ser a porta final para a sua tristeza. O que ela iria fazer se Volkon realmente apenas estivesse conectada de um modo genérico e Stariano? Ela não poderia condená-lo por ser da sua raça, não mais. Então ela adentrou a porta do alojamento, Pryor lhe deu boas vindas e ainda olhando o metálico platinoso fechado em suas costas, a humana não deu mais nenhum passo.

Volkon tirou o machado acoplado de suas costas, o acomodou no canto da parede e se virou, olhando sua terráquea parada e com os olhos marejados, segurando as mãos dentro de um nervosismo e, ainda, calada. Bom, com isso ele descobriu que o barulho de Elaine era constantemente irritante, mas o silêncio era inúmeras vezes pior.

— Abra a boca e diga o quer. — O azulado direcionou os dedos para os botões do uniforme e passou desabotoar um por um enquanto observava a pequena miúda se acolher em seu nervosismo. O silêncio a tomou desde que ele fora buscá-la no laboratório, agora ela precisava falar.

— Eu… — uma lágrima escapou, Elaine precisou puxar o ar e respirar fundo, mas decidiu que ia enfrentar seus medos. — Eu descobri como desvincular os Starianos dos humanos, fizemos o antídoto.

— E daí? — questionou o Paladimus, livrando-se da roupa e exibindo os gomos de músculos azuis em perfeito estado.

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