Ele sentiu. Ele sentiu ferver em seu sangue o toque de um macho territorialista se aproveitar de sua ausência para tocar sua humana. Ele sentiu. Ele estava vinculado o suficiente para ouvir o coração de sua fêmea palpitar, e… Maldita humana! Ela é dele, e de mais ninguém! Seu sangue ferveu, sua estrutura vibrou e ele notou o líquido ardente que envolvia seu corpo vibrar com a força de sua raiva. E o Paladimus abriu os olhos, sentindo os comichões do ciúmes arder sua face. E ele urrou, estufou o peito e despontou as garras enquanto rompia as vibrações aquosas ao seu redor, tomando a atenção e o desespero da medicina Stariana para conter a fera azulada.
O laboratório precisou tomar medidas drásticas, uma vez que Volkon rompeu as estruturas de forma forçada. Seguraram-lhe pelos braços, tentaram retirar as agulhas de sua lombar, chamaram a segurança e só depois de três grandes Starianos virem a atacá-lo é que descobriram que três grandes Starianos, não seguravam o Capitão Paladimus.
Volkon estava acordado e com as dores do seu instinto vinculado sobrepondo sua razão.
(...)
— Porque eu não posso ver ele?! — Elaine olhava para o Ellidium que segurava um aparelho de anotações, vestia um uniforme branco e tinha pequenas antenas no meio de um penteado curto. De pele acinzentada, quase num tom prateado e um olhar escuro, como se tivesse medo de se aproximar da baixinha, o Stariano tentava explicar.
— Elaine da terra, devido às circunstâncias, pedimos que tenha um pouco de paciência. O espécime encontra-se extremamente territorial, uma vez que identificamos uma alteração hormonal ligada ao vínculo Stariano e… — Ele piscou, fez uma pausa e olhou para o colega de sala que procurava se manter quieto.
— E? — ela incentivou.
— Tem o cheiro de outro macho na terráquea, isso pode complicar as coisas. Mais do que já estão.
Elaine ruborizou, colocou a franja curta atrás das orelhas, desviou o olhar e pensou o quanto de sua aura sem vergonha estava estampada em sua cara. Ela sorriu sem graça, fez um sinal com os dedos indicando algo “pequeno” e tentou se justificar.
— Foi só um beijinho… — soltou entremeio a uma risadinha sem graça. E sua súplica foi atendida, no momento em que a porta foi aberta bruscamente e a sala de espera mostrou um Stariano um tanto ansioso.
— Elaine da terra, temos problemas.
— Mas eu quero ver Volkon. — ela reclamou, vendo Áries com feições um tanto preocupantes.
— Eu a levo até ele.
(...)
Galak andava com sua gloriosa imagem, pisava firme com suas botas no chão e ouvia de seus capitães novas informações sobre suas buscas referente a Korbius e os rebeldes, uma vez que contê-los tem sido trabalhoso. No meio dessas informações, a mais importante: Volkon acordou. Sim, ele entendia o tamanho da recusa da humana e, apesar de sentir-se extremamente ferido por dentro, apenas desejava felicitações aos dois. Ele só não esperava ver o amigo azulado tão já.
A pista de pouso era um complexo gigantesco baseado em concreto, naves, soldados e pontos estratégicos de pouso aberto. Galak dava atenção para um de seus subordinados no momento em que um Stariano auxiliar se aproximou para lhe empregar a notícia de que Volkon havia acordado; no entanto, a voz estrondosa e azulada tocou seus ouvidos, tão logo a notícia o pegou.
— Galak. — Volkon moveu os lábios, deixou o canto superior se mover e mostrou os dentes no momento em que o General olhou para trás. — Você a tocou. — resmungou o azulado, sem se importar no show territorialista que ele demonstrava. — De novo.
Volkon estava molhado, vestia uma calça larga e tinha os pés no chão. O peito estava nú, enquanto ele segurava seu machado pelo cabo e Galak olhava ao redor ao notar os olhares curiosos.
— Volkon, acabou de acordar. Eu duvido muito que queira ter uma briga agora, pois seria extremamente desvantajoso para você. Aliás, como sabe que a toquei?
O aglomerado foi se fazendo um círculo ao redor, nas arquibancadas de acesso ao piso superior foi aglomerando soldados e funcionários com um misto de humanos e Starianos; todos curiosos. Galak olhou ao redor mais uma vez e se via cada vez mais encurralado, pois mesmo que ele queira livrar Volkon da vergonha de uma perda, ele não estava disposto a ver a humana culpá-lo por machucar Volkon publicamente. Pois Galak tinha quase certeza que Elaine escolheria Volkon novamente, mesmo ele estando no chão.
O Paladimus disposto não se importou com as palavras do seu general, não se importou em estar agindo com desrespeito para com o seu superior e só conseguia pensar nas ondas de ciúmes que seu corpo sentiu no momento em que ele abriu os olhos. O instinto ouriçou seu ego territorial e lá estava ele, colocando tudo a perder, na esperança de dar uma única machadada no maldito general favorito de Elaine. E naquele momento, ele jurou para si que o tiraria do seu caminho, e se daria com a humana depois. Seja por ciúmes, ou vínculo, ou orgulho. Tanto faz!
Volkon virou o machado com graça, cerrou os dentes e gritou com a força de suas cordas vocais, deixando claro para Galak que este não teria escolha. Era pra ele entrar na briga e, no pior dos casos, bater em Volkon com honra Stariana nas veias. E assim Galak correspondeu, se vendo pego de surpresa. Ele desembainhou sua espada, apontou o filete em sua frente para se proteger do machado, viu a faísca do metal ranger quando sofreu o baque e se sentiu pressionado quando deu dois passos para trás, sem acreditar na força com que Volkon desferiu o golpe.
Ele se recompôs, os gritos de euforia pegou a multidão e o sangue Stariano urrou pedindo por um bom duelo. Um olhou contra o outro, Galak ajustou a espada em suas mãos e Volkon cerrou os dentes, mostrando as presas afiadas em sinal de fúria.
O Paladimus investiu, o Impérius desviou e a canção de um filme de ação se tornou em acrobacias minuciosas que fizeram Galak duvidar do estado de saúde do Stariano azul. Os músculos do azulado tinham rigidez, não mostravam vestígios da carne estourada por um baque montanhoso. O burburinho se tornava cada vez mais eufórico, os golpes estavam acirrados, mas ainda assim Galak mantinha-se sobreposto. O gigante azul estava cego, correspondendo ao instinto territorial, pensando no que sentiu, nas batidas de seu corpo estremecendo quando a possibilidade de ter Elaine tocada por outro o tomou. Sim, ele estava fraco, os cabelos cheiravam a podridão química do tubo em que se encontrava preso, mas a raiva o consumia de forma cega. Seu filhote estava no ventre da humana, ela era um direito dele!
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