O gigante azulado olhava através do vidro protetor, adiante a pista de pouso e acesso para o mundo de fora. Ter reivindicado sua humana pela eternidade deixou a mãe de seu fruto eufórica, feliz e disposta. Bem disposta. E o Paladimus trepador sugou suas energias, estando agora ele presente na visão do próximo escolhido, enquanto Elaine dormia tranquilamente e esgotada, no calor de sua cama. Áries, de um jeito intrometido, não quis ficar de fora e estava lá para assistir o desconforto de Darius e explanar suas intenções constrangedoras.
— Eu também tenho perguntas. — o avermelhado se acomodou na cadeira ao lado de Darius e deu uma piscada para o amigo Goldarx, enquanto o Stariano de espécie dourada fazia uma negativa. — Vai, começa a perguntar. O gigante aí se atracou ao montes hoje! Viu a quantidade de relatórios que recebemos? A humana Elaine até sumiu… Como eu esperei por esse tempo! Todas as vezes que eu perguntava alguma coisa, eu recebia rosnados e cara feia. Hoje é o grande dia! Vai, desembucha sobre suas táticas de reprodução com humanos.
O acomodado era uma sala vazia de uso privativo, não havia muita decoração, apenas a vista para a pista de pouso e a paisagem do céu Stariano, iluminado pela estrela solar e radiante.
— Você não vai calar a boca? — Darius reclamou, usando o que parecia um anotador digital e uma caneta de toque.
Ele estava disposto a prestar atenção e levar o experimento o mais a sério possível, pois para ele, todo cuidado seria pouco. O que para Áries era uma brincadeira interessante e ansiosa, para o Goldarx era um assunto de extremo cuidado. Principalmente ao que se trata do vínculo.
— Relaxa, escamoso. — Áries levantou as mãos, bufou tedioso e cruzou os braços, voltando a mirar as costas do gigante Azulado, uniformizado e com o seu machado acoplado a si. — Você está muito tenso…
Volkon continuou intacto, olhou a vidraça refletir sua imagem e depois focar na paisagem Stariana, enquanto ele se preparava para fazer o que lhe fora designado desde o início: popular Starian e guiar os amigos ao fazer o mesmo.
— Você não tem escolha, e não tem o que fazer. — a voz grossa e grave reverberou de seus lábios azuis, tocou no vidro e entrou nos ouvidos de Darius e Áries. Enquanto os amigos esperavam por tutorias de como praticar sexo com os humanos, Volkon estava mais disposto a ir direto ao ponto. — Não tem segredos, táticas ou métodos.
— Como assim, não tem métodos? — Áries pareceu indignado e Darius não o impediu, uma vez que ele esperava algo bem melhor do que um “não tem o que fazer”. — Como fez para fazer as pazes? Como foi para seduzir a humana? Como coube dentro dequele negócio desse tamanho? — Ele indicou com a palma a altura de Elaine, da mesma altura que ele sentado. — Cadê a Elaine? Ela seria um guia melhor!
— Para de reclamar… — Volkon rosnou.
— Não, não para de reclamar não! — Darius se mostrou indignado e fez Volkon olhar para trás. — Eu vou pegar uma nave em doze horas, eu vou parar num posto espacial e recepcionar dez fêmeas humanas, e uma delas vai se reproduzir comigo! Dizer que não tem o que fazer é me deixar perdido! — Ele bateu a ponta dos dedos na mesa, elevou a voz e tentou tirar alguma informação mais útil do que aquilo para si. — Eu vi tudo o que aconteceu, me lembro de você nas grades quase se matando! E se você não tivesse visto o bebê, ou se ela não tivesse mudado de ideia, você ia…
— Ei, ei, ei! — Áries, chacoalhou Darius, o Goldarx se viu respirando alto e só então piscou devagar, mirou o amigo vermelho e depois olhou para Volkon. — Se acalma aí, escamoso. Deixa o idiota azul falar, se é que ele tem alguma coisa pra falar. No pior dos casos, estamos em dois. Ele apanha, entendeu? — Darius parou de reclamar, olhou para Volkon como se este fosse um capitão inútil e tentou ser mais paciênte. — Relaxa, escamoso. Acalma aí…
— Quando ver as mulheres tente não criar nenhuma expectativa. Você não tem a informação de qual delas é compatível com a sua genética, não copule antes do processo de adaptação. Se ela não se adaptar à quarentena Stariana, colocar um bebê dentro dela, vai matá-la de dentro para fora. — Darius piscou devagar, Áries também e ambos se mantiveram um tanto surpresos. — Era esse tipo de informação que desejava receber? Apesar de ser um fodido trepador vinculado e copulando até as montanhas de Starian não conseguir entender, sou um bom ouvinte. Elaine repassa tudo o que fez e o que faz, como se meus ouvidos fosse sua maldita terapia.
— Mas essa informação é melhor do que dizer que não há nada que se possa fazer. — Darius rebateu.
— Porque não tem o que fazer. — Volkon cruzou os braços e mirou o Goldarx — Você não deveria estar no experimento, é um maldito inseguro.
— Volkon, pega leve, Darius é um dos melhore capitães.— Áries interveio.
— E esse critério é um lixo. — o azulado retrucou — Sou um capitão melhor que os dois juntos e fui submetido a uma merda que não consegui aceitar, até entender. — Darius engoliu em seco e Áries se calou. — Não tem o que fazer. O vínculo é inúmeras vezes mais forte do que se atracar com uma Stariana. A humana faz parte da minha vida e surrar Galak pra mim não foi o suficiente. Como capitão eu devo respeitar o meu superior, como um macho reprodutor eu desejo humilhá-lo constantemente até sanar o meu ego. Tem um filhote meu no ventre da humana irritante e sabe o que fiz? Lhe prometi a eternidade. — Áries arqueou a sobrancelha e Darius também, uma vez que isto lhes eram novidade. — Os humanos são espécimes feias, esquisitas, intolerantes e extremamente irritantes. Somos inúmeras vezes superiores em força, inteligência e desenvolvimento; e ainda assim não conseguimos dar segmentos em nossas próprias vidas.
— Você ofereceu eternidade a humana, odiando ela? — Darius se questionou.
— Eu não a odeio. — confessou o azulado — Porque é exatamente assim que é. Encharcados de defeitos, um precisa do outro. Humanos não se vinculam, e ainda assim enquanto estive fora eu a vi estar e cuidar de mim todo bendito sol Stariano; e eu a senti mais perto, me alimentando disso enquanto não conseguia abrir os olhos. Isso não estava nos autos, nem nos estudos da própria Elaine. — Darius engoliu em seco e Áries permaneceu atento — Não tem o que fazer Darius. Quando se vincular, sua vida estará nela e a dela em você. E não tem o que fazer. Mas se aceitar sua missão desde o começo, com certeza vai reduzir oitenta por cento de seus problemas. Porque isto foi exatamente o que não fiz.
— Você está vinculado. — concluiu Áries — Devíamos ter gravado isso para jogar na sua cara depois, principalmente quando começar com aquele discurso de humanos inferiores e o orgulho do capitão Paladimus ferido.
Volkon arqueou uma sobrancelha enquanto via o sorriso do avermelhado enlarguecer, mas Darius chamou sua atenção.
— Mas e se eu fizer algo errado e ela me recusar? — o escamoso explanou seu medo em palavras.
— Boa sorte. — Volkon respondeu, sem muito ter o que passar. — Que ela não o troque pelo Galak, e que você não precise surrar seu superior para alimentar seus instintos. Acredite, isso é uma merda gigantesca. — Ele deu outro tapa no ombro do Goldarx uniformizado — Boa viagem, Darius. Que Starian esteja contigo enquanto nos traz a esperança de um futuro cheio de vida.
O Paladimus andou a passos duros, acionou o dispositivo que abria a porta e deixou Darius e Áries sozinhos, fazendo os dois se entreolhar, notando o quão fraca fora a reunião.
— Que merda, ele não ajudou em nada! — reclamou o Goldarx.
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