“Mia Bennett”
A palavra “real” não sai da minha cabeça. É como se ele a tivesse gritado, mesmo que tenha sido falada em um tom baixo. Por um segundo, fico paralisada, tentando entender se Ethan estava sendo sincero ou apenas me manipulando para justificar o que ele fez.
Minha cabeça está uma bagunça. Após ouvir o James, percebi que aquele dinheiro não foi só uma ajuda inocente, como ele queria que eu pensasse. Foi uma transação disfarçada. Mais um item riscado na lista de problemas resolvidos de Ethan Hayes.
Respiro fundo e volto a encará-lo, tentando organizar meus pensamentos, mas é impossível. Estou magoada, furiosa e confusa. Talvez uma mistura dos três.
— Real para quem? — pergunto, forçando uma risada amarga, baixa o suficiente para que apenas ele ouça. — Porque, para algo que foi real, no dia seguinte você seguiu o seu padrão: uma noite, um pagamento. E saiu sem olhar para trás.
— Já disse, fiz porque você estava claramente precisando, Mia. — Ele pausa, como se estivesse tentando organizar os pensamentos. — Sua carteira estava praticamente vazia. E antes que pergunte, não, não olhei seus documentos. Eu não sabia quem você era.
— Se foi isso mesmo, por que não me acordou e se despediu, como uma pessoa normal faria?
— Porque nada naquela noite foi normal para mim, Mia. Nada. — Ele diz, me encarando intensamente. — A última coisa que eu queria era prolongar o que aconteceu. Foi diferente de qualquer outra noite em anos. Fiz o que parecia mais fácil.
— Fácil… — repito, balançando a cabeça.
— Sim. Só que o “fácil” não durou muito, Mia. Porque, mesmo depois daquilo, me lembrei de você — Ele respira fundo, como se cada palavra fosse um esforço. — Me lembrei até o momento em que você invadiu a minha sala. E mesmo depois de saber quem você era, continuei me lembrando. Mas… também me lembro de que você é... você.
— Você já deixou claro que isso — aponto entre nós dois — não pode acontecer de novo. Que somos um erro. Que você não quer confusão na sua vida. Mas, sabe de uma coisa? É você quem quebra as regras, Ethan. Faz, se arrepende, se afasta e volta.
— Faço isso porque não posso simplesmente ignorar tudo e deixar o desejo falar por mim — ele responde, passando a mão pelos cabelos pela milésima vez. — Não posso jogar anos de lealdade com seu pai no lixo. Não posso te levar para a minha cama de novo e foder com a cabeça de todo mundo ao nosso redor.
— Então, novamente, escolha a saída mais fácil e se afaste, Ethan — digo, dando um passo para a porta, mas paro para encará-lo uma última vez. — Mas, por favor, me poupe de ser puxada para sua indecisão. Já tenho problemas o suficiente sem você bagunçar ainda mais a minha cabeça.
Sem esperar por respostas, abro a porta e finalmente saio, sentindo meu coração ainda acelerado. Entro no meu quarto e encontro a Vitória sentada na cama, com um monte de roupa espalhada. Ela sorri quando me vê.
— Finalmente! — ela diz, dobrando um vestido no colo. — Estava te procurando para nos arrumarmos juntas. Onde você estava?
— Sim, foi ele — confirmo, me sentando na cama. — De todos os homens em Chicago, foi no carro dele que entrei. Foi com ele que dormi. Foi ele quem fez essas malditas borboletas aparecerem no meu estômago.
— Isso explica muita coisa — ela murmura, ainda sem acreditar. — Mas, e aí? Vocês estão ficando escondidos?
— Não! Sinceramente, o Ethan me confunde. — Solto um suspiro pesado, apoiando os cotovelos nos joelhos. — De madrugada, ele me beijou, me deixou louca e depois se afastou. Aí hoje me viu com o Theo e começou a agir como se eu fosse dele. Isso me deixa maluca!
— Então por que você não facilita e desiste dele? — ela pergunta, simples, mas direta. — Porque, na real, ninguém merece ficar nessa de ir e voltar.
— Porque… ele é a única coisa que me fez sentir viva em meses — falo baixinho, finalmente entendendo por que sempre acabo cedendo.
Vitória me encara em silêncio, surpresa pela minha resposta. Mas, antes que ela possa dizer qualquer coisa, uma batida na porta nos interrompe.
— Vitória? Mia? — A voz de James vem do outro lado. — Terminem logo e venham à sala. Tem uma coisa que vocês precisam ver.
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