“Mia Bennett”
Bato continuamente com a caneta em cima da mesa enquanto leio pela terceira vez o parágrafo nos formulários da minha admissão. Não que eu tenha algum problema com interpretação de texto; muito pelo contrário, tudo que está escrito é bem fácil de entender. Mas minha mente insiste em vagar para outro lugar.
Para ele.
A decisão de aceitar ser a assistente de Ethan ainda parece surreal, como um daqueles sonhos ruins dos quais você acorda suando frio. Ou, no meu caso, não acorda.
— Quem em sã consciência se colocaria de bom grado nessa posição? — resmungo.
“Isso foi ideia sua, Mia”, minha mente responde, mas eu me recuso a aceitar que seja culpa exclusivamente minha. James também insistiu nisso.
Respiro fundo e forço a atenção de volta ao papel, mas tudo o que consigo enxergar é a expressão impaciente de Ethan, considerando minha presença uma afronta pessoal.
— Chega — resmungo, assinando a última página com um pouco mais de força do que deveria. Empurro os papéis para longe, como se isso pudesse afastar as consequências que vêm com eles.
Logo a porta se abre novamente e sinto meu corpo reagir involuntariamente. Viro minha cabeça devagar em direção a ela, soltando um suspiro aliviado ao ver James entrar.
— Consegui desmarcar o restante da minha agenda — ele informa, sem perceber minha reação. — Vou levá-la para casa agora. Já terminou?
— Você… acha que isso dará certo? Ethan não pareceu gostar de mim — comento, começando a me arrepender da decisão. James solta uma risada, balançando a cabeça.
— Você está dizendo isso pela maneira como ele se comportou? — assinto e ele ri ainda mais. — Ethan não gosta de ninguém, Mia. Mas ele é um bom homem. Vocês vão se dar bem.
— Se você diz… — resmungo para mim mesma, me afastando para pegar minha mochila.
Com tudo pronto, seguimos para a saída. O caminho até o carro de James é feito em silêncio e é inevitável não olhar ao redor, temendo encontrar Ethan e seu mau-humor.
Logo, estamos saindo da empresa, para o meu alívio, mesmo que temporário. Afinal, por mais que o meu desejo seja fugir para as colinas, sei que amanhã Ethan estará aqui, pronto para me fazer desistir.
— Acho que vai chover hoje — ele comenta, olhando pela janela, enquanto o motorista dirige.
— Com certeza — murmuro, observando as nuvens pesadas no céu.
Por mais que James se esforce, o clima entre nós é inevitavelmente estranho. Ele é meu pai, mas também um completo estranho. Não sei como me sentir sobre isso, principalmente com tanto para processar ao mesmo tempo: um novo pai, um novo trabalho, uma nova vida. Ethan como chefe.
Quando o carro finalmente para em frente à mansão, fico alguns segundos apenas olhando para a fachada, tão perfeita que nem parece real. Minha surpresa é interrompida pelo motorista, que abre a porta para mim.
— Seja bem-vinda ao lar — James diz, enquanto descemos.
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