Rejeitada, mas reivindicada pelos seus quatro alfas romance Capítulo 112

[Ridge]

Nunca fiquei tão feliz em ver o território de outra matilha quanto quando corremos para a vila da Matilha Leste.

Já perdi a sensação nas minhas pernas há muito tempo. Estou correndo no piloto automático, colocando uma pata na frente da outra porque não tenho outra escolha. Se me sinto tão exausto, tão acabado, nem consigo imaginar como Sable se sente. Ela não teve tempo de se acostumar com sua forma de lobo antes de acabarmos correndo por todo o estado de Montana.

Mas ela não disse nada. Lobos são feitos para correr, e os metamorfos podem ir mais longe e mais rápido do que a maioria, mas mesmo assim, cobrimos mais milhas nas últimas vinte e quatro horas do que eu jamais pensei ser possível. Quero levá-la para a cabana de Archer onde ela pode descansar e se recuperar. Todos nós, na verdade. Não precisamos estar correndo de cabeça para a guerra, enquanto nossos corpos desmoronam.

A vila da Matilha Leste está intocada desde a última vez que a vimos, e por isso sou grato. Durante todo o caminho até aqui, eu me preocupei que chegássemos tarde demais. Eu me preocupei que encontraríamos a vila em chamas, corpos espalhados por toda parte, Malcolm morto na cama hospitalar em sua casa...

O que quer que tenha segurado as bruxas tempo suficiente para chegarmos à matilha de Archer foi um presente dos deuses. Porque, por mais que seja difícil admitir, Cleo está certa. A Matilha Leste é a mais fraca, a menor e a mais fácil de ser conquistada.

Diminuímos a velocidade do lado de fora da pequena casa de Archer. Só quando não estou mais correndo é que a dor se intensifica. As almofadas das minhas patas estão em chamas, e minhas articulações doem. Não quero nada mais do que cair no sofá de Archer e dormir por dias.

Não vai acontecer. O dia ainda não acabou, e tenho que estar pronto para correr novamente.

Na sala de estar fresca e escura, todos voltamos à forma humana, e é quase engraçado como todos parecemos tão exaustos em nossas formas humanas quanto em lobo. Archer tem olheiras sob os olhos, e Trystan está curvado como se seus ombros nem quisessem mais sustentá-lo. Dare se aproxima casualmente do sofá e afunda nas almofadas, alheio ao fato de que acabou de colocar sua bunda nua no sofá de outro homem.

Sable olha entre todos nós.

— E agora?

Seus olhos estão vermelhos devido à falta de sono, e ela se levanta cuidadosamente como se seus pés doessem. Quero abraçá-la e consertar tudo. Tirar a dor da corrida, tirar as preocupações que ela tem sobre a bruxa à qual foi psiquicamente ligada. Só quero arrancar tudo isso e deixá-la apenas com as coisas boas.

Porem, isso é impossível. Então, a próxima melhor coisa que posso fazer é lutar por ela. Continuar empurrando até sairmos dessa do outro lado, esperançosamente todos vivos e inteiros.

— Tenho que ir preparar a Matilha Norte para a guerra. — digo a ela, com um tom de desculpa na minha voz. — Mas eu volto.

Trystan levanta um dedo enquanto ainda está curvado recuperando o fôlego.

— Sim. O mesmo. Minha matilha.

Me aproximo de Sable, respirando o seu cheiro, agora misturado com suor, sol e terra fresca. É um cheiro intoxicante. Ajeito seu cabelo comprido e selvagem atrás da orelha, desejando poder ficar mais tempo. Nem mesmo saí ainda, e já estou preocupado com ela. Além disso, ela parece triste, como se estivesse carregando o peso de algo ainda mais pesado do que tudo o mais.

Espero que ela nunca perca essa doçura.

— Meus problemas com Lawson vêm de muito antes de você entrar na minha vida. — eu a asseguro quando nossos lábios se separam. — Antes mesmo de nosso pai morrer e eu assumir a liderança da matilha. Ele me apoiava, mas ao longo dos anos, ele ficou cada vez mais amargo. Me ver como alfa, fez meu irmão se sentir um homem inferior. Os problemas dele não são seus. Nada disso é culpa sua. — Eu beijo suas bochechas, uma de cada vez. Beijo sua testa, ambos os olhos e seu nariz até que ela esteja sorrindo. — Não me arrependo de um único momento desde que te conheci.

Então eu beijo sua boca novamente, envolvendo-a firmemente em meus braços. Ela está quente e segura, seus lábios tão deliciosos quanto um uísque de alta qualidade.

Eu sei que tenho que ir embora. É imperativo que eu volte para minha matilha e os mobilize antes que as bruxas ultrapassem nossas fronteiras protetoras. Eu sei que é apenas um curto período que temos que ficar separados, mas cada momento que estou longe de Sable é doloroso. Meu coração dói ao pensar em deixá-la, e a maneira como ela se agarra a mim, me beijando com um certo desespero, me diz que ela não quer que eu vá embora tanto quanto eu não quero partir.

Finalmente, quebro o beijo, embora isso exija toda a minha força de vontade.

— Fique segura.

— Você também. Volte para mim. — ela murmura, seus dedos roçando levemente minhas bochechas por fazer.

Eu a entrego a Trystan para mais um adeus, já que ele logo estará correndo em direção à Matilha do Oeste. Nem mesmo me reconheço neste ponto, entregando-a a outro homem de bom grado, sabendo que ele está prestes a beijá-la da mesma maneira que acabei de fazer. Eu odeio me afastar dela, mas não sinto vontade de arrancar o coração de Trystan, enquanto ele a puxa contra seu corpo nu e a beija profundamente. É algo sobre o vínculo que mantém minha natureza possessiva sob controle. Meu lobo reconhece que Sable pertence a todos nós quatro. Confio em Sable com Archer, Dare e Trystan como se fossem meras extensões de mim, o que é loucura considerando que compartilhar nunca foi algo com que eu me sentisse confortável.