Matthew acordou com o sol na sua cara e olhou irritado para a janela do quarto, a cortina não havia sido fechada na noite anterior. Sua cabeça doía e estava pesada, havia bebido demais. Teve um estranho sonho com Thomas, os dois estavam em um lugar distante e bonito, caminhando de mãos dadas. Pensar em Thomas naquele estado era doloroso. Ele não merecia uma pessoa como Thomas, alguém tão doce.
Mas Thomas era único e irresistível, havia algo nele que despertava algo feroz em Matthew, algo novo. Ele levou a mão ao peito, seu coração batia acelerado.
Sentou com dificuldade e cambaleou até o banheiro. Se apoiou no balcão de mármore e olhou seu reflexo no espelho grande, estava apenas com jeans, o tórax musculoso estava cheio de arranhões da noite passada.
—Caramba— Outra pontada no cérebro.
Ligou o chuveiro e retirou a calça e a cueca e jogou as peças no cesto de roupa suja e entrou no chuveiro. Deixou a água escorrer por alguns minutos enquanto ficava mais lúcido e depois saiu com pressa, correu para o quarto e vestiu uma camiseta e uma calça frouxa e desceu correndo, precisava falar com um dos primos. Estava prestes a dobrar para a sala de jantar quando notou um segurança parado na entrada de um dos corredores.
—Seu Submisso está em algum lugar atrás daquelas portas— Matthew olhou surpreso para Mark que havia surgido atrás dele em silêncio, com uma xícara de café na mão— Por isso o segurança.
—Ele está aqui em casa?
—Sim. Está.
—Bom— Matthew deu as costas ao corredor— Queria falar com você. Eu conheci alguém esses dias, e eu não paro de pensar nele.
—Muito bem, e daí?
—E daí que não quero fazer isso. Gosto desse cara.
—Bom, não há nada a fazer. E vocês não tem um compromisso sério. E vai ser só uma vez essa coisa toda. Depois estará livre.
Matthew mordeu o lábio inferior.
—Coisa chata. Detesto isso tudo.
Mark deu umas palmadinhas em suas costas.
—Que se foda isso tudo. É só um dia, pare de ser um bebê reclamão e vamos. Você precisa comer alguma coisa.
Matthew estacionou com tudo no estacionamento subterrâneo da empresa. Foi até o elevador e digitou o código especial que levava ao andar do escritório do pai. O elevador subiu por alguns segundos e abriu as portas de aço.
O hall era circular, com um balcão de mármore com Sônia, a secretária ruiva logo atrás. As portas do escritório estavam fechadas.
—Sonia. Cadê meu pai?
—Senhor, ele não chegou ainda. Posso ajudar em algo?
Matthew balançou a cabeça.
—Vou esperá-lo lá dentro.
Halliot empurrou as portas e entrou no escritório do pai. Era amplo, com a parede oposta toda em vidro, assim como a mesa do pai e as estantes. Um contraste gritante com a mansão velha da família.
Se sentou na cadeira do pai e contemplou o silêncio. Então apertou um botão do teclado e o computador acendeu. Na tela havia uma foto da família toda junta em Paris, a maior parte daquelas pessoas ele não conhecia nem o nome, só sabia que eram Smith. Matthew estava curioso para ver as pastas do pai quando a porta abriu e seu pai entrou.
—Matthew, o que deseja?
—Dia corrido, pai?
—Muito. O que houve?— O homem franziu a testa.
—Pai, sou gay. Quero dizer, já fiquei com garotas, mas não sentia nada e agora…
—E daí?
—É o quê?! Ouviu o que eu disse?— Matthew franziu a testa.
—Meu Deus, sim, eu ouvi— Oto parecia aborrecido— Veio aqui para isso?
—Gosto de garotos faz um tempo. Conheci um garoto um dia desses.
—Leve-o lá em casa para jantar se for sério. Mais algo?
—Muitos pais não aceitam filhos gays— Matthew disse pálido.
—Que se foda os outros pais. Essa gente só sabe sufocar os filhos, você é gay? E daí? O que há demais nisso? Agiria do mesmo jeito se me dissesse que é Hetero.
—Mais pai...
—Pelo amor de Deus! Acha que ligo com quem vai pra cama ou vai formar sua família? Por tanto que seja feliz e alguém que preste que se foda que é gay!
Matthew olhou espantado para o pai. Esperava outra reação.
—Achei que fosse contra e…
Para sua surpresa, Oto riu alto.
—Matthew, você é jovem demais... Sou seu pai e amo você, e se o visse com um outro rapaz minha preocupação seria só se ele o amava de verdade. O preconceito nunca entrou em minha casa. E me sinto feliz em saber que está conhecendo alguém. Mais sugiro que passe pelo ritual primeiro e depois siga em frente com esse rapaz. Algo mais?
Matthew estava em choque e apenas fez que não com a cabeça e o pai foi até ele e deu um beijo em sua cabeça e saiu da sala de novo. Matthew ficou mais algumas horas ali, contemplava a paisagem urbana em choque, processava com lentidão e alegria a curta conversa e agradecia mentalmente a sorte que tinha.
…
Simon olhou perplexo para a mãe, e depois para Christian, que olhava curioso para ela. Simon jamais havia imaginado isso. Que sua mãe conhecera os pais de Christian.
— Como foi que aconteceu?— Christian perguntou.
— Na escola eu era uma rede de informações, se queria algo era só vir mim no porão da escola e eu conseguia. James veio a mim em um momento difícil da sua vida, ele havia perdido o pai e a mãe estava no hospital— Ela balançou a cabeça tristemente. Simon segurou a mão de Christian, sentia que aquela história iria mexer muito com Christian— Ele queria um emprego para ajudar o irmão que sustentava a casa sozinho. Os Smith estavam precisando de alguém para ajudar o jovem Elliot— Ela lançou a Christian um olhar significativo. Christian arregalou os olhos na hora. Simon olhou para os dois. O que eles sabiam que ele não?— Foi então que seu avô achou que James correspondia o perfil e James foi para a mansão Smith— Ela suspirou— Perdi o contato deles por esse tempo, aí soube que eles estavam juntos e que a mãe de James infelizmente havia falecido, logo depois vi uma nota no jornal sobre sua adoção. Fiquei feliz por vocês— Ela deu um sorriso— Desde então perdi o contato com eles. Ainda penso neles de vez em quando. Aqueles dois nasceram um para o outro.
Simon encostou-se no ombro de Christian que olhou para ele e sorriu.
— Fico feliz de ver o rapaz grande que se tornou. E surpresa por ter conhecido Simon.
Christian surpreendeu todos segurando o queixo de Simon ele beijando suavemente. Todas as terminações nervosas de Simon entraram em ação e ele se afastou um pouco e olhou espantado para os pais. Porém seus pais estavam conversando baixinho enquanto comiam. Ele ficou surpreso com suas reações. Christian passou o braço por trás dele e o outro começou a comer.
No dia seguinte, quando entraram no carro de Christian, Simon sorriu e deu um beijo de bom dia.
— Seus pais são gente boa— Christian exclamou enquanto saia da rua residencial— Eles aceitaram numa boa.
— Foi mesmo. Agora, o que foi aquele olhar que compartilhou com minha mãe? O que vocês sabem que eu não possa saber?
Simon virou o rosto de Christian ficando tenso por alguns segundos e seus dedos apertarem o volante com mais força. Porém ele relaxou.
— Nada— Disse calmamente— Não foi nada. Coisas de família— Ele deu de ombros— O importante é o que vem pela frente.
— Como assim?— Eles entraram no estacionamento da escola. Já estava lotado, alguns grupinhos reunidos ali fora enquanto as aulas não começavam.
— Bem, eu pensei que talvez pudéssemos ter o nosso primeiro encontro, sabe?
Simon continuou lhe encarando, esperando que Christian risse, mas ele continuou sério, e então Simon percebeu que era verdade.
— Você quer mesmo isso?
— Claro, você não?
— Sim, quero sim, seria maravilhoso.
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