Segredos de Família: Herdeiros Dominadores romance Capítulo 2

—Concentre-se na aula— Thomas Lins olhou para o professor de Francês— Algum problema?— Thomas fez que não com a cabeça, odiava ser lembrado, e que todos os olhares na sala se dirigissem a ele— Muito bem, como eu ia falando...

Ele não queria saber o que o velho e rabugento Sr. Valmir estava dizendo, não tinha muita paciência para estudar naquele dia. Sua mente girava em volta dos problemas pessoais: o pai havia morrido, a mãe caíra em um silêncio angustiante e seu irmão mais velho era o único que trabalhava e sustentava a família.

Thomas havia tentando preencher vagas em muitos lugares, mas ninguém queria um menino de 17 anos, com rosto com sardas, cabelos ruivos que viviam bagunçados e olhos verdes, seus 1,65 de altura não ajudavam em uma possível carreira esportiva que quisesse (e ele não queria, não tinha aptidão alguma nessa área). Em seu caderno ele se perdia desenhando o professor, que andava de um lado para o outro, gesticulando com suas mãos grandes. Era bom em desenhos, mas não tinha como ganhar dinheiro com isso, assim do nada. Thomas só precisava de um emprego, qualquer um que estivesse disponível!

Assim que o sinal tocou foi o primeiro a sair. O corredor principal estava lotado e barulhento, preenchido por um mar de vozes e ao abrir e fechar dos armários de aço. Thomas andou pelos cantos até chegar em seu armário. Colocou a senha e checou a mini- bagunça ali dentro, não era normal que fosse desorganizado, aquilo era um claro sinal de que ele não estava bem. Pegou os livros das quatro últimas aulas.

—Odeio Artes!— Thomas teve um sobressalto quando seu amigo apareceu do nada em meio a multidão de alunos. Kaio Grim era alto e forte, cabelos e olhos negros, poderia muito bem ser um desses populares rispidos do ensino medio, que acreditava de fato que se fossem valentões ali na escola, se dariam bem na vida na vida profissional. Mas Kaio não era assim, e esse foi um dos fatores que fizeram Thomas decidir que o menino poderia ser seu amigo, e também por ele gostar de Star Wars assim como Thomas— Pintar não é comigo. Preciso trocar essa aula.

—De novo?— Thomas olhou surpreso para o melhor amigo— Já é a quinta vez que troca em um mês. Isso não é bom. Sabe que isso vai ficar feio no seu histórico, não é?

—Eu sei— Kaio se encostou em um armário e olhou para o amigo de cima— Algum problema?

Thomas escondeu sua surpresa, não sabia que seus problemas estavam deixando ele ser tão óbvio. Não queria dizer nada a Kaio, sabia que o amigo iria oferecer dinheiro, e ele não aceitaria.

—Muitos exercícios, só isso.

—Sei— Claro que ele não acreditou. Thomas balançou a cabeça e sorriu— Bom, a equipe de vôlei precisa de mais alguém, porque não vai lá? Não precisa ser muito alto para entrar.

—Não. Não quero ir— Por dentro ele ficava mais triste. Precisava sair, precisava ficar sozinho e chorar— Depois nos falamos— Disse enquanto se afastava do mar de alunos. E sabia para onde ir.

No terceiro andar do prédio de História havia uma estufa, poucos alunos e funcionários iam lá, a não ser que houvesse aulas e limpeza. Era uma redoma gigante de vidro, haviam rosas brancas e vermelhas, bancos compridos perto de mesas, havia duas estantes, uma com vasos de todos os tamanhos e outra com materiais que Thomas não fazia ideia do que se tratava.

O lugar era silencioso e agradável. Ali podia ficar sozinho sem precisar se preocupar com interrupções. Não queria pensar muito nos problemas que tinha, mas parecia que sua mente o estava odiando naquele dia e o fazia pensar mais e mais.

Lembrava bastante do pai, da sua alegria e sorriso. Lembrava o quanto a mãe era sadia e dos sorrisos constantes do irmão. E isso tudo desmoronou de repente. Ele agora só enxergava escombros inúteis.

—Preciso fazer algo para conseguir dinheiro— Sussurrou para si mesmo.

—Olhe para mim— Simon Gray levantou a cabeça e olhou para a diretora. A Sra. Galbrat prendeu a respiração ao ver o olho roxo —Quem fez isso em você?— Levou a mão a boca.

—Ninguém. Foi um acidente— Simon não sabia mentir, e ao falar aquilo a evidência era incontestável.

—Vamos, diga quem foi. Prometo punir quem fez isso a você.

Simon olhou para as pequenas mãos entrelaçadas no colo.

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