Christian sentou na poltrona de frente a lareira, evitando a presença dos pais, sentados de frente para ele. Sua respiração estava irregular. Os cabelos da cor de fogo brilhavam como tal. Os olhos intensos fitavam o fogo que crepitava na lareira.
— Para onde levaram o corpo?— Christian cortou o silêncio.
— Para um cemitério— Informou Elliot— Não se preocupe. Ele foi enterrado da forma devida por lei.
— Christian, como se sente querido?— Perguntou James olhando para o filho cheio de piedade.
— Estou bem, pai. Obrigado por se preocuparem. Notícias de Simon?
— As melhores— Respondeu Elliot forçando um sorriso— Ele chegou em segurança a Academia. Não se preocupe Christian. Ele estará de volta na sexta- feira.
— E o grande dia será no Sábado— Christian suspirou pesadamente— Aquele homem do Conselho disse que sou um príncipe para eles. Se sou isso mesmo, posso decidir algumas coisas do Ritual?
— Por exemplo?— Elliot ergueu as sobrancelhas.
— Não quero ninguém nos vigiando. Prometo usar a máscara até o fim. Não me importo comigo; é Simon, não quero vê—lo exposto dessa maneira.
— Eu entendo— Elliot passou o dedo indicador pelo lábio inferior, pensando— Posso ver isso. Mas não prometo nada. Prometo enviar um recado a eles hoje mesmo.
Christian virou— se para o fogo novamente.
— Simon jamais deve saber disso. Ele ficaria arrasado— Encostou um cotovelo no console da lareira— Deve ser um segredo. Ninguém deve falar nada.
— Como queira filho.
Christian deitou— se mais cedo, fitava o teto escuro do quarto, sua mente girando em torno de Alex. E voltando se para Simon. Sentia falta dele, queria ter— lo ali, naquele momento ruim. Beijar sua boca, e olhar em seus olhos. Quando lembrava de tudo que fizera a ele: baterá nele, joga água dentro da sua mochila(fora a primeira vez que o vira chorar e sentiu algo no peito), sabotara sua apresentação sobre Peter Pan, espalhara uma mentira de que Simon tinha HIV, o humilhou retirando suas roupas na educação física e jogando no estacionamento. Precisava admitir que quando o viu ali, sem roupa, chorando no frio, sentiu vontade de abraça— lo, de pedir perdão e leva— lo embora e cuidar dele. Passou alguns dias sem aprontar com o garoto, descobrira que graças a brincadeira ele ficará com resfriado e não estava indo a escola, no mesmo dia Christian descobriu onde ficava a casa de Simon e dirigira até lá, estacionou do outro lado da rua e ficou olhando para a casa.
Claro que, naquela época, seus sentimentos por ele eram algo vago e fraco, que ele reprimia com mais ódio do garoto.
Lembrava com perfeição a raiva que tinha a cada vez que via Simon com alguém. Quando dando um beijo no rosto de um garoto da turma de Cálculo, para Christian aquilo fora a gota d'água, mais tarde no estacionamento, esperou o garoto sair e deu uma surra nele. Se ele encostasse em Simon de novo iria ganhar mais um.
Quanto tempo havia perdido. Se tivesse sido mais corajoso teria admitido seus sentimentos, aceitado o fato que o ódio pelo amor dos pais era uma mentira. Era uma fachada de pedra, porque por trás ele também queria ser amado daquela maneira.
Anotou mentalmente que a primeira coisa que faria ao ver Simon era pedir perdão de verdade, por tudo. Abraça— lo e beijá— lo, para provar que Christian era só dele. Todo seu ser pertencia a ele.
Acordou no dia seguinte com alguém o sacudindo na cama. Abriu os olhos sonolentos e encontrou James, com um sorriso de desculpas no rosto.
— Querido, tem alguém que precisa falar com você. É do Conselho.
Christian revirou na cama e resmungou algo incoerente. James o virou novamente, determinado.
— Querido, vamos lá. Acorde agora.
Christian abriu os olhos e sentou na cama.
— O quê?
— Um representante do Conselho está lá embaixo. Quer ver você.
— Para...?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Segredos de Família: Herdeiros Dominadores