Só Teu! Volume II da Trilogia Doce Desejo. romance Capítulo 8

O carro prata se aproximava da passarela três da Avenida Brasil, Alexander fez uma curva e estacionou logo que achou uma vaga. Ficou ali parado no automóvel e refletiu sobre o que estava prestes a fazer. Respirou fundo e saiu do carro.

Durante o tempo em que caminhou até o local combinado, ele parou em uma floricultura e pediu que a atendente montasse um buquê de girassóis. Satisfeito, pegou o ramalhete e seguiu até o local marcado sem pegar o troco.

De longe, ele contemplou o vestido preto na altura do joelho que valorizava as curvas generosas. Os cabelos voavam a favor da suave brisa que batia contra o rosto, os óculos espelhados escondiam os olhos marejados. Uma mulher de estatura mediana o esperava em frente a um enorme portão de grades com uma enorme placa com a descrição "Memorial da Saudade". 

 — Você está bem? — Os dedos esguios acariciavam o rosto dela e enxugou uma lágrima que rolou na pele macia. — Desculpa por fazer você passar por isso.  — Comprimiu os lábios. 

 — Você, tem certeza que quer entrar lá? — Ela tirou os óculos e o encarou.

 — Eu preciso!  — A voz grave estava decidida.

Alexander emaranhou os dedos da mão dela, atravessou o enorme portão com grades em volta. Ambos passaram por uma pequena capela e fizeram o gesto da cruz em sinal de respeito. Depois de 10 minutos caminhando em silêncio, Nicole parou como uma estátua diante do jazigo e apontou para a placa dourada com a inscrição de Rodolpho Bittencourt Neto.

 — É aqui!  — A voz titubeou enquanto Alexander a envolvia nos braços.

Por um momento, os dois ficaram ali observando sem dizer uma palavra. A culpa e a dor consumiam Alexander por dentro. Ele se afastou de Nicole e deu alguns passos até o jazigo. Limpou a placa com um lenço xadrez azul que tirou do bolso da calça e colocou o buquê de girassóis sob o túmulo.

 — Me perdoe! — As lágrimas fluíam dos olhos. — Eu sei que agora é tarde e nada do que eu diga vai trazer você de volta, eu quero que você saiba que, mesmo sem te conhecer, eu amo você. — Engoliu em seco e continuou. — Se eu soubesse que a sua mãe estava grávida, eu largaria tudo e voltaria para vocês. Me perdoe, meu filho!

Mesmo que fosse tardia, a despedida era dolorosa. Um choro desesperado de um coração cheio de dor tocou o coração de Nicole. A raiva que sentia se dissolveu ao ver aquele homem que desabava em lágrimas.

 — Está tudo bem! —  A voz serena o confortou.  —  Nosso filho sabe e ele entende.

Apesar de estar magoada por tudo o que aconteceu nos últimos dias, Nicole o envolveu em um abraço apertado e encostou a cabeça no peito de Alexander.

 — Eu voltei, meu filho. Eu estou cuidando da sua mãe — beijou os cabelos dela —, e do seu irmão com carinho. E eu prometo sempre vir aqui visitar você.

Alexander inalou o cheiro doce e suave do perfume dos cabelos de Nicole. Uma leve brisa entrou pela porta do jazigo e tocou em seu rosto. Ele respirou fundo e aliviado.

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