No quarto da nova casa, Alexander andava de um lado para o outro no quarto com espaço amplo e sem muitos detalhes, os tons de bege e branco predominavam desde o carpete até as cortinas e o revestimento de papel de parede do jeito que ele e a esposa planejaram alguns meses antes da separação.
Suspirou pesado ao lembrar dos gritos de Nicole do outro lado da linha que o deixaram nervoso. Ele lançou o celular que se espatifou em pedaços ao se chocar contra o chão. Andou até uma cadeira perto da escrivaninha onde sentou com o rosto enterrado contra as mãos.
As batidas fracas na porta o irritavam profundamente, não queria ver ou falar com ninguém que não lhe trouxesse notícias sobre Nicole. O olhar tenebroso mirou na porta que se abria devagar.
― Doutor Alexander! ― A governanta ficou para na porta.
― O que você quer, Rosa? ― Estreitou os olhos como fendas. ― Por favor, me deixe sozinho!
― Eu sei onde a Nicole foi!
O barulho da mão de Alexander batendo contra a madeira maciça fez Rosa se afastar. Alexander afastou os quadris da escrivaninha e rosnou.
― Onde a Nicky está? ― indagou entre dentes. Empertigou-se e foi na direção da funcionária. ― Onde ela está? ― Alterou a voz.
― Ela insistiu em ver a tia sozinha porque tinha medo que o doutor intimidasse Joanna. Ela pretendia pegar o filho e disse que voltaria para casa antes do senhor chegar ― Rosa desabafou. ― Eu aconselhei a conversar com o senhor, mas ela é teimosa. ― Os dedos longos coçavam a nuca, o couro cabeludo pinicava, Alexander passou por ela e parou diante da porta.
― Vamos. ― Ordenou com uma voz fria. ― Você vai contar tudo à polícia. A minha mulher e a minha filha estão correndo perigo de vida.
Alexander seguia pelo corredor quando Jenny subiu as escadas, ela buscou o ar ao encontrá-lo, as pupilas nos olhos pequenos estavam dilatadas.
― O que houve? ― indagou a voz grossa e aflita. ― Acharam a Nicky?
― Um dos policiais disfarçados, que entregou o resgate, seguiu o sequestrador até o cativeiro.
― Onde está a minha esposa? ― perguntou sem deixar de encarar a amiga.
O silêncio de Jenny o afligia, Alexander correu pelos degraus cobertos pelo carpete azul royal. Em pouco tempo, ele desceu alguns lances da pequena escada reta e seguiu para a sala de estar.
― Alexander, espera! ― Jenny tentou acompanhá-lo.
― Deixa eu terminar de falar.
― Não! ― Começou a sacudir a cabeça de forma negativa. ― Não fala nada! ― pediu a voz desesperada. A mente pensou no pior.
Ricardo saiu do escritório acompanhado de Henry e seguiu para a sala de estar onde o filho gritava atordoado.
― Cala a boca, Alexander. ― Ricardo tocou o braço do filho. ― Senta aí e se acalma!
Os pensamentos fervilhavam diante do desespero de ficar sem a única mulher que amou na vida. Um nó na garganta crescia ao pensar na filha.
Ele se sentou no sofá em formato de U e passou a mão no pescoço enquanto as lágrimas escapavam dos olhos claros. A luz suave iluminava o ambiente com a parede cinza grafite que combinava com branco nas estampas que apareciam nas almofadas e nas cortinas da sala.
― Fala logo o que aconteceu, Jenny. ― A voz rouca de Alexander estava embargada pelo choro. ― O que houve?
― Os policiais chegaram meia hora após entregar o resgate. ― Engoliu em seco. ― Houve uma troca de tiros.
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