Whisky Chocolate romance Capítulo 122

Rita estava acomodada na sua escrivaninha, já vestida com suas roupas de ficar em casa, super confortáveis, com os cotovelos na mesa e o celular nas mãos, à espera de uma resposta dos membros do grupo.

Desde o dia anterior, ela tentava descobrir quem era Vicente, mas até Caio não tinha informações sobre ele. Talvez ele de fato não fizesse parte do universo corporativo.

Naquela manhã, a conversa no grupo "Chefões do Pedágio" fez Rita pensar que, sendo um grupo com profissionais de vários setores, alguém poderia saber quem ele era.

Contudo, o grupo ficou mudo logo após ela enviar a mensagem.

Após dois minutos de espera, alguém finalmente respondeu:

Emerson: [Chef Rita, é sério isso? Como assim você não sabe quem ele é? ]

Rita se surpreendeu e logo perguntou: [Quem é ele? ]

O grupo caiu em silêncio mais uma vez.

Quando ela estava prestes a insistir, finalmente chegou uma resposta.

Não Perturbe: [Não faço ideia. ]

Essa resposta pareceu incentivar os demais membros do grupo, que começaram a se manifestar um a um.

Pianista: [Não sei quem é. ]

Professor: [Não sei quem é. ]

Pintor: [Não sei quem é. ]

Cozinheiro: [Não sei quem é. ]

Os Outros: [Não sei quem é. ]

...

Com a exceção de Lucas Nogueira, todos responderam, e Rita ficou confusa com essa sequência de "não sei quem é", até que finalmente questionou Emerson: [Então, você sabe quem ele é? @Emerson ]

Emerson: [Não, na verdade não sei. ]

Estudante: [? ]

Emerson: [Desculpe, eu li o nome errado. ]

Estudante: [... ]

Será que ninguém realmente conhecia Vicente?

Rita refletiu um pouco e, seguindo a sugestão do Artista, postou no grupo: [Se alguém tiver qualquer informação sobre ele, me avise, por favor. Valeu. ]

Após enviar a mensagem, ela colocou o celular de lado e abriu o livro "Elemento Químico" que pegou emprestado da avó. Vários termos técnicos eram novidade para ela, tornando a leitura bem pesada.

Ela passava as páginas do livro meio sem vontade e suspirou baixinho.

A máxima de que o aprendizado é um processo contínuo nunca lhe pareceu tão real. Rita achava que já dominava boa parte do ensino médio e até tinha estudado por conta própria alguns temas da universidade, mas se comparada aos verdadeiros gênios, ainda tinha um longo caminho pela frente.

Pois bem, ela precisaria se dedicar ainda mais.

Mergulhou nos estudos até às onze e meia da noite, quando Elsa apareceu com uma tigela de mingau quente de leite com canjica. Depois de ver Rita comer, recomendou: "Dorme cedo. A saúde é o bem mais valioso do estudante, e dormir pouco pode derrubar sua imunidade."

Rita valorizava os conselhos que recebia e concordou com um aceno.

Foi então que pegou o celular para programar o alarme e viu uma nova mensagem no WhatsApp:

Lucas: [Rita, por que você está atrás do Vicente? ]

Rita raramente escondia algo de Lucas, então decidiu ser sincera: [Ele é meu namorado. ]

A resposta de Lucas chegou rápido: [Sério? Ele está na Cidade Litorânea? ]

Estudo: [Sim, você conhece? ]

A tela indicava que Lucas estava digitando, e depois de dez minutos ajustando a mensagem, finalmente enviou: [Esse cara é encrenca, melhor você ficar longe dele na vida real. ]

O que ele queria dizer com "ficar longe na vida real"? Eles nem se falavam pela internet.

Pensando nisso, Rita suspirou: [Agora não consigo me afastar dele, senão sinto uma dor no peito. ]

Lucas provavelmente pensaria, como Elsa e Caio, que ela estava agindo de maneira romântica, né? Mas como explicar isso?

Ela estava na dúvida se deveria esclarecer ou não quando a mensagem de Lucas chegou: [Por quê? ]

"Pequena", ele falou de um jeito suave: "Quero te beijar."

"..."

Rita ficou paralisada, surpresa.

Imagens daquele beijo na festa voltaram à sua mente, e ela quase podia sentir a respiração dele se misturando com a lembrança do seu hálito.

Sua garganta secou, e ela respondeu de forma abrupta: "Boa noite."

Logo após falar, ela desligou o telefone na mesma hora.

Esse homem, como ele podia falar algo assim tão diretamente? Era demais para ela.

Rita sentiu seu rosto esquentar e o quarto parecia estar mais abafado. Ela colocou o celular de lado e fechou os olhos.

A luz da lua entrava pelas cortinas e iluminava a escrivaninha, criando um brilho suave. Lá fora, as árvores balançavam ao vento, produzindo um som suave, quase como um sussurro.

De repente, Rita abriu os olhos e respirou fundo.

Será que ele também estava nessa de "morrer se não namorasse", precisando beijar todos os dias? Caso contrário, por que ela estava se sentindo tão atordoada?

Aquela noite, ela nem sabia como conseguiu pegar no sono.

-

O quintal da Penhor dava para uma pequena vila de três andares que Daniel tinha adquirido, e era onde eles viviam normalmente.

Vicente acordou cedo, fez seu exercício matinal e tomou um banho rápido antes de voltar para a Penhor e se posicionar atrás do balcão, à espera da Pequena.

Às sete e vinte, ouviu-se, pontualmente, passos na entrada.

Então, ela entrou, com seu rosto usualmente tranquilo mostrando um leve aborrecimento. Vicente calmamente colocou de lado o "Livro dos Espíritos", antecipando que ela fosse desabafar.

Imediatamente, ela jogou um papel sobre a mesa e declarou: "Aqui está o contrato de namoro, a partir de agora vamos seguir isso direitinho!"

Vicente por um instante ficou surpreso e olhou para o papel.