A Babá Perfeita romance Capítulo 32

Praticamente temos que arrastar Evie e Maisy para fora do rinque, quando chega a hora do almoço.

Max escolhe um restaurante ali mesmo, no Rockfeller Center, e depois vamos ao Godiva, comprar chocolates para as meninas. Elas parecem animadas, escolhendo tudo o que conseguem carregar nas mãos. É um dia incrível e, a cada minuto, fica mais difícil para mim não amar cada segundo dele!

A 5ª e 6ª avenida estão lotadas, transbordando de gente indo e vindo. O Natal passou, estamos as vésperas do ano novo, mas a neve atrai multidões vindas de todos os lugares do mundo. Todos querem estar em Nova York quando há neve.

Nós vamos caminhar um pouco pela avenida, entre lojas de grife como a Tiffany e a Michael Kors. Vitrines imponentes se assomam ao nosso redor. Mas o mais encantador é que toda a rua está decorada para o Natal, com enfeites e pisca piscas. Eu mal posso esperar pelo cair da noite, quando as luzes irão se acender, formando aquele espetáculo mágico!

Quando minha mãe era viva, nós sempre vínhamos ao Rockfeller Center no fim do ano. Então, cada passo que eu dou me faz recordar ela e meu coração se aperta com saudade dos nossos momentos juntas.

- Elas se dão tão bem - eu comento, me referindo a Maisy e Evie de mãos dadas a nossa frente. - A diferença de idade não parece atrapalhar em nada a convivência das duas. 

Max caminha ao meu lado com as mãos enfiadas nos bolsos das calças. A jaqueta evidencia o seu porte atlético e ele atrai os olhares femininos onde quer que passamos. Não vou mentir. Aquilo me incomoda e muito. Mas não estou em posição de sentir ciúmes. O que é que eu estou pensando, afinal? O homem é meu patrão! Meu patrão sexy, enigmático e muitas vezes, arrogante. Não tem a menor possibilidade de eu me entregar ao que venho sentindo, porque sei que, mais cedo ou mais tarde, vou acabar brutalmente ferida. 

Preciso aceitar que nada vai rolar entre Max Lancaster e eu. É melhor desse jeito.

- Não é bem assim - ele nega, parecendo meio envergonhado. - Quando a mãe delas se foi, Evie desenvolveu um sentimento maternal em relação a irmã. Evie se sente responsável por Maisy.

Max não diz, mas sei que entende que parte disso é sua culpa. Em vez de insistir no assunto, entretanto, e causar uma discussão de proporções calamitosas, como eu faria normalmente, resolvo me calar e continuar aproveitando o passeio. E, inesperadamente, acabo dando outro rumo ao assunto:

- Eu entendo. Sempre quis ter um irmão - a surpresa por estar me abrindo assim com ele me deixa desconcertada. Max tem alguma coisa que me estimula a falar, mesmo que normalmente não seja nada muito agradável de ouvir.

Ele me encara com prudência.

- Eu soube que sua mãe morreu há alguns anos.

Sua observação me faz respirar fundo. O dia todo está me lembrando a minha mãe. Não sei se vou ser capaz de falar sobre ela sem desabar.

- Cinco anos.

- Não ter alguém com quem dividir isso deve ser um fardo.

Eu respiro profundamente. Ele entende. Apesar de ser um babaca arrogante e manipulador, ele entende. A propósito, venho repetindo mentalmente tudo de ruim que penso sobre Max Lancaster, a fim de recordar que não posso estar apaixonada por ele, o quanto isso seria errado e como acabaria mal. É como um mantra. Espero que dê certo.

- Você tem irmãos? - pergunto, curiosa.

Sua expressão muda e eu vejo o desgosto atingir, de relance, os olhos.

- Um único irmão, mas não temos contato.

Aquilo me pega de surpresa.

- O que houve?

- Interesses divergentes - ele diz, resumidamente, mudando de assunto: - Fico feliz que se interesse de verdade por Maisy, Srta Henderson.

- Eu me interesso pelas duas - corrijo, olhando de canto para Evie, que se afastou de nós para depositar moedas no chapéu de uma estátua viva. 

O homem agradece, Evie sorri e logo retorna, fechando a bolsinha que leva pendurada no ombro.

Ao seu lado, Maisy estremece, apertando os braços ao redor do corpo.

- Acho que vocês precisam descansar e fugir desse frio - Max pondera, com seriedade.

- Podemos ir ao Radio City? - Evie pergunta, com os olhos brilhando de ansiedade. Suas bochechas estão vermelhas, o que me faz acreditar que Max tenha razão sobre o que acabou de dizer. - Por favor? A Shay foi no mês passado e disse que lá é incrível!

Seu pai olha para mim e eu sorrio.

- Está bem, vamos lá.

O Radio City Music Hall fica a apenas uma quadra de onde estamos. O teatro é enorme e muito charmoso. Max vai até a bilheteria para consultar as peças em cartaz e volta com um olhar de decepção, o que faz Evie enrijecer ao meu lado.

- O musical de Natal é só a noite - ele explica e eu vejo os ombros de Evie arriarem ao meu lado. Sua carinha é de pura tristeza. Eu enlaço ela pelos ombros e beijo o topo da sua cabeça, tentando confortá-la. - Mas... temos ingressos para uma apresentação de Aladdim em cinco minutos.

- Oba! - Evie grita, correndo para dentro e me puxando pela mão, enquanto Max e Maisy fazem o possível para nos alcançar.

Max fica na fila para comprar pipoca e refrigerantes, enquanto eu entro com as meninas. Evie dispara novamente, dessa vez para pegar o melhor assento disponível, ao lado de uma senhora sozinha. Maisy passa na minha frente e ocupa o lugar vazio ao lado da irmã sem a menor cerimônia, enquanto eu fico a sua direita com apenas uma cadeira vaga ao meu lado, no corredor.

Quando Max chega, equilibrando dois sacos grandes de pipoca e dois refrigerantes, seu sorrisinho pretensioso me faz querer matá-lo. Eu poderia explicar o que aconteceu e como acabamos nos sentando juntos, mas não o faço. Deixe que pense o que quiser.

Assim que ele se senta, as luzes do teatro se apagam e mergulhamos em um musical cheio de vida e magia.

Max e eu dividimos uma pipoca, enquanto o outro saco fica com as meninas. Fazemos o mesmo com os refrigerantes. Como ele não parece nem um pouco constrangido em dividir o canudo, quem sou eu para me importar?

Quando A Whole New World toca, meu coração é tomado pela emoção. Caramba! O cenário, o figurino, as atuações... assim como a afinação espetacular dos artistas, faz um nó crescer na minha garganta. É como se eu estivesse em Agrabah, como se fizesse parte daquela história. 

Eu me pego cantarolando a música baixinho. Estou tão distraída, tão vidrada, que quando Max envolve minha mão com a sua, eu mal percebo. Seus dedos então se arrastam para cima, preguiçosamente. Com movimentos lentos, ele acaricia o meu pulso. O meu coração erra uma batida e vai parar na boca. Eu me mexo na cadeira, endireitando a postura. A verdade é que não sou capaz de ficar quieta. Não agora.

Max mal se move. Com um olhar de esguelha, vejo seu semblante. É a síntese da calma. Mas eu desconfio que não seja bem assim. Algo me diz que sua frequência cardíaca também está alterada. Mais acelerada, mais... intensa. Seus lábios entreabrem, confirmando os meus pensamentos. 

Eu sorrio. Os meus braços se arrepiam quando o seu indicador traça movimentos circulares na junção entre o meu punho e a mão. Eu mordo a boca, quando deixo escapar um suspiro baixo, e tento manter os olhos voltados para a peça, incapaz de encará-lo de frente, com medo de que as minhas emoções me traiam ainda mais.

"I can show you the world

Shining, shimmering, splendid

Tell me, princess, now when did

You last let your heart decide?"

"Eu posso lhe mostrar o mundo

Brilhante, deslumbraste, esplêndido

Diga-me, princesa, agora

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