A Babá Perfeita romance Capítulo 31

Na manhã seguinte, quando desço as escadas, as meninas já estão me esperando arrumadas para ir patinar. Acabei acordando tarde e já estou meia hora atrasada para o compromisso.

Tive uma noite péssima. Cheia de sonhos confusos e horripilantes, com Max, Abigail e a minha mãe. E com Liv. Para o meu desespero, até mesmo o fantasma da Sra Lancaster veio visitar os meus pesadelos essa noite.

Acordar sã e salva pela manhã foi uma agradável surpresa.

Mas ao chegar na sala, tenho uma segunda surpresa que me faz congelar dos pés a cabeça.

- Serei seu motorista hoje, Srta Henderson - Max Lancaster sorri, balançando as chaves do carro. - Espero que não se importe em ter mais companhia.

Eu balanço a cabeça, engolindo em seco.

Puta merda.

Não esperava, de jeito nenhum, que ele fosse se juntar a nós no passeio. Sua presença me deixa nervosa e, subitamente, é como se o ar desaparecesse dos meus pulmões.

Eu respiro fundo, me aproximando dos três, enquanto tento regularizar minha respiração.

- O senhor vai usar mesmo isso? - pergunto, arqueando as sobrancelhas, enquanto aponto para a sua roupa.

- Eu avisei - Evie sorri, revirando os olhos.

Ele semicerra os olhos, confuso.

- O que tem de errado?

Eu fico aliviada por ter uma desculpa para devorar esse homem dos pés a cabeça.

Para variar, Max está lindo de morrer. Um atentado contra todas as virgens inocentes do Estado de Nova York. A jaqueta de couro e o jeans escuros conferem a ele um ar bad boy de tirar o fôlego, enquanto o cabelo ligeiramente bagunçado me faz ter vontade de pular no seu pescoço.

Merda, vai ser um dia longo...

Eu sorrio, com ar superior, e então abro os braços, dando uma voltinha para que ele admire a minha parka vermelha acolchoada.

- Isso é um traje de patinação no gelo adequado, Sr Lancaster.

Ele inclina a cabeça para o lado, com um sorriso torto.

- Deixa eu adivinhar: meu cartão de crédito?

- Acertou na mosca.

Max conduz as meninas para fora da mansão e nós seguimos em seu encalço. Abigail e Judith não aparecem e o único funcionário que vemos é Jose ao passar pela portaria.

Noto a ausência do cão de guarda de Max e aquilo me intriga, mas não digo nada. Talvez esteja resolvendo algum assunto para o patrão. Isso não importa. O fato é que não esbarrar com ele  ali me deixa muito mais tranquila.

- Tenho que admitir que nunca paguei uma fatura tão interessante, Srta Henderson - Max continua o assunto, acionando o botão para abrir o carro. - A senhorita tem um excelente gosto para peças de roupa.

- Eu tive ajuda - revelo, apontando para Evie a nossa frente, de mãos dadas com Maisy. As duas pulam sobre a neve com um par de galochas amarelas idênticas.

- Ah, claro. Isso explica as blusas e vestidos cor de rosa.

Eu mordo a boca, contendo uma risadinha. Quando não está sendo um cuzão, Max até que é bem divertido. E atraente. Meu Deus, como ele é atraente! Eu ando um pouco mais devagar, de propósito, para ver como a bunda marca a calça jeans enquanto ele caminha até o carro. 

- Chloe?

- Aqui - eu dou uma corridinha até estar ao lado de Max outra vez e ele me olha, desconfiado. - Como o senhor sabe disso tudo, afinal? Vai me dizer que os ricaços também conferem a fatura do cartão?

- Não, os ricaços não fazem isso - ele abre um sorriso reluzente, achando graça no termo. - Mas eu andei dando uma espiada. E preciso admitir que algumas das suas compras foram bem... peculiares. Especialmente a La Perla.

O sangue sobe e o meu rosto esquenta consideravelmente. 

Ah, não. Isso foi ideia de Judith. Eu disse a ela que não precisava da ajuda do S Lancaster para comprar minhas próprias calcinhas, mas ela disse que eu seria uma tonta se não aproveitasse a oportunidade.

- Empregadas também precisam de roupa íntima - eu me defendo, com uma expressão ultrajada, enquanto procuro um lugar para enfiar a minha cara.

- É claro, eu nunca achei que elas andassem nuas sob as roupas - ele provoca, antes de entrar no carro, assumindo o volante.

- Eu vou atrás com as crianças - aviso, assumindo o lugar vazio entre Maisy e Evie. - E aí, animadas?

- Sim - Evie abre um sorriso maior do que o mundo, colocando a cabeça para fora com olhos sonhadores. Maisy já está com seus fones de ouvido e parece alheia a nossa conversa. Noto seu semblante preocupado e seguro sua mão, procurando tranquilizá-la. A pequena se volta para mim com um sorriso hesitante. - Puxa vida, eu não acredito que voltou a nevar! Sorte a nossa que temos pneus próprios para a neve.

Max ri, achando graça na esperteza da filha.

- É verdade, mocinha. Sorte a nossa. Então, vamos ou não vamos patinar?

- Sim! - Evie grita, jogando os braços para cima e olhando para o pai como se fosse um deus do rock - Hoje é o melhor dia da minha vida...

Eu vejo Max engolir duro pelo retrovisor e meu coração se afunda dentro do peito.

Ele está emocionado e, o pior de tudo... puta que pariu.

Eu também estou.

***

Para a minha satisfação, Max patina como se tivesse dois pés esquerdos. O que garante a ele alguns tombos engraçados e a mim várias risadas.

- Ninguém nasceu sabendo Srta Henderson - ele me olha, sério. - Alguém já disse isso a você?

- Hm, acho que já ouvi falar - respondo, levantando as sobrancelhas e me sentindo o máximo. - Mas achei que você fosse uma exceção a regra. 

Bang. Por essa ele não esperava.

Eu o ajudo a sair do rinque antes que seja ele o próximo a conseguir uma fratura. 

O Rockfeller Center está cheio essa manhã e muitas das pessoas presentes parecem ser turistas, com suas câmeras e camisetas EU AMO NY em letras garrafais. Outras devem ser daqui mesmo, muito a vontade enquanto deslizam de um lado para o outro com seus amigos e familiares.

O fato é que eu adoro essa época do ano! As luzes mágicas de Natal, o clima descontraído nas ruas e a neve que cai como um aconchego para os corações. Minha mãe sempre dizia que um novo ano é sempre um novo milagre e ela estava certa. Como estava!

Max e eu tiramos os nossos patins. Então nos debruçamos sobre o muro do rinque, para ver Evie e Maisy aprendendo com o instrutor particular. Evie demonstra um talento natural para a patinação, mas Maisy não fica muito atrás. Elas começam com movimentos suaves, mas pouco tempo depois, estão deslizando de mãos dadas pelo gelo. 

É uma delícia assistir as duas! Meu coração se enche de orgulho e eu mal posso esperar elas saírem dali para apertar ambas até ficarem sem ar.

Max rompe o silêncio entre nós, me arrancando dos meus pensamentos.

- É isso o que pensa de mim realmente? Que eu sou um sabe tudo mandão?

Eu cubro a boca com a mão. Meu Deus, ele ainda está nessa?

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