A Babá romance Capítulo 3

David Monteiro

- E aí? Alguma coisa Emilly? – digo quando ela desliga o telefone estressada.

- Que nada, mais um trote. Acredita que ela teve a coragem de dizer que a Hannah só não pegou o telefone para falar porque não queria falar comigo?! Essas pessoas têm cada ideia.

- E VOCÊ NÃO PASSOU PARA OUTRA PESSOA POR QUÊ? - Maria diz já se intrometendo.

- Porque estava na cara que era mais um trote! - diz colocando as mãos na cintura.

- Querida, você sabe muito bem que a Hannah não te suporta! Era óbvio que ela não te atenderia.

Pensando nesse sentido, Hannah nunca falava com Emilly e, desde que ela falou que estávamos juntos, Hannah só a trata de forma grosseira. Eu sempre a reprimia por isso, mas agora percebo que fui um idiota por não ter percebido isso antes. Eu poderia já saber onde ela estava e muito já teria sido adiantado.

- CLARO QUE NÃO! A HANNAH GOSTA DE MIM! - Emilly diz sentando no sofá com cara de preocupada, vejo Maria revirar os olhos e virar para voltar para a cozinha.

- SÓ SE ELA NASCER DE NOVO! – diz antes da porta da cozinha fechar.

- Emilly, me dá esse telefone - digo já impaciente e frustrado por não ter pensado nisso antes.

- O que você vai fazer meu amor?

- Vou retornar essa ligação - abro o histórico do telefone.

- Você não está acreditando na Maria, né?

- Emilly, admita que a Hannah nunca falaria contigo, ela não gosta de você. É só perceber a forma como ela se comporta ao seu lado! Eu estou sempre reclamando da forma como ela se comporta e ela nunca fala contigo por livre e espontânea vontade.

- Acho um absurdo vocês não acreditarem em mim desse jeito.

Ligo uma, duas, três, vinte vezes para o mesmo número e ninguém atende. Agora meu nível de estresse está acima do normal, a única pista que eu tinha foi jogada no lixo!

Manuella Vermount

- Princesa, vem aqui – digo me agachando em sua altura e a pegando no colo a abraçando – O que foi?

- Por que você não quer falar com a tal de Emilly? – Luana diz preocupada.

- Eu não goto dela, ela é muito chata!

- Ela faz alguma coisa de ruim com você? - digo sentando na cama com ela em meu colo.

- Ela não gota de mim, só fica mentindo po meu papai.

- Ela te maltrata?

- Ela me maxucou uma vez... - Hannah diz olhando para as mãozinhas.

- ELA FEZ O QUÊ? – Luana diz já alterada.

- Ela me belicou escondido do meu papai um dia...

- E você falou pra ele? – digo virando-a de frente pra mim, levantando o seu rosto para que me encarasse. Não quero acreditar no que estava acontecendo.

Ela olhou no fundo dos meus olhos e eu já sabia o que ela falaria em seguida.

- Não puquê ele não aquedita. Ele sempe recama cumigo dizendo que eu que me compoto mal.

Eu a abraço morrendo de pena do que ela tem que passar desde pequena. A vida dessa menina deve ser horrível de um jeito inigualável.

- Po isso eu fugi, ele tava falando com ela o tempo todo no dia que ele pometeu que selia só eu e ele.

Luana estava irritada em um nível que eu sabia que era capaz de ela matar essa mulher no soco. Eu só conseguia sentir pena, ela, em tão pouco tempo, se tornou muito especial pra mim. Eu via nela a representação de algo muito ruim que aconteceu comigo quando tinha 19 anos. Uma coisa que tirou meu rumo e que só em pensar me faz querer deitar naquela cama e chorar pro resto da vida.

Eu tentei segurar as lágrimas, mas a única coisa que consegui fazer foi abraçar a Hannah bem forte e chorar baixinho.

- Manu, vuxe ta me apetando, vou vilá papelzino dexe jeto – diz rindo.

- Oh minha pequena, como eu quero te proteger disso tudo - a encaro limpando as lágrimas.

- Pu quê vuxê ta cholando? Eu fiz coza de eado?

- Não é nada não meu amor. Chega de tristeza, quando eu encontrar seu pai eu vou contar tudo isso pra ele, tudo bem?

- NÃO! – Luana grita assustando nós duas – Você está ouvindo ela falar que o pai dela não acredita, ele pode muito bem acusar ela de estar colocando história na nossa cabeça. Temos que dar um jeito de resolver esse problema sem ele saber.

- Eu quelia que vuxê cudasse de mim pa sempe – ela diz colocando suas mãozinhas em meu rosto - Não quelia dexá vuxê i embola, cuda de mim Manu? - ela diz me implorando com o olhar.

- Meu amor, isso quem decide é o seu pai.

- Então eu vou pedi pa ele.

- Agora a gente vai se divertir um pouco e mais tarde tentamos ligar novamente pra ele - Luh diz desviando do assunto.

- EBBBAAAA!! - ela pula no meu colo e vejo Luh sorrir.

O restante do nosso dia foi num parque que tinha ali perto de casa. Luana nos levou para a pracinha, que era enorme, e brincamos muito, corremos, pulamos e rimos bastante. Como não levamos dinheiro, quando a fome bateu, a Luana sugeriu que fossemos dormir na casa dela, que tinha "comida decente". Achei até estranho ninguém ter reconhecido a Hannah, mas eu estava fazendo o certo e tentaria ligar para a casa dela mais tarde.

Não é como se eu estivesse tentando sequestrar a menina. Nós ligamos para o lugar e deu no que deu. Agora era esperar que desse certo na segunda tentativa.

Peguei algumas coisas em casa junto com as coisinhas da Hannah e fomos. Quando chegamos, vi que tinham algumas frutas lá e falei para Luh que faria uma salada de frutas e comecei a cortar tudo. Coloquei um pouquinho de calda que tinha ali e entreguei para as duas.

- UMMMM que delíxia – Hannah diz com a boca toda suja de calda.

- Eu lembrava da sua salada de frutas Manu, mas eu não lembrava que era tão gostosa assim.

- É só fruta cortada ué!

- Não, você coloca um pozinho mágico aqui dentro, porque sempre que eu tento fazer nunca fica gostoso desse jeito – diz pegando o celular.

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