A Babá romance Capítulo 2

David Moneiro

- COMO ASSIM ELA SUMIU? – grito assim que fico sabendo que minha filha, uma criança de 3 anos, conseguiu fugir de uma loja sem ser vista por mais ninguém.

- Senhor, já olhei a loja inteira e nada da Hannah - Taylor, meu motorista, diz.

- Como diabos ela saiu sem ninguém ver? - eu passava as mãos pelo cabelo para não sair derrubando tudo e dando o maior prejuízo.

- Ela deve ter saído na hora que eu fui pegar o carro, pois ela estava brincando ali com aqueles ursinhos e...

- E eu atendi uma ligação – lembro – A culpa foi minha, eu não prestei atenção nela. E agora? O que faço?

- Agora nós podemos tentar correr para os jornais para, ainda amanhã, eles anunciarem o sumiço. Também podemos avisar a polícia...

- Temos falar com a imprensa também. Quero anúncios em todos os lugares possíveis - pego meu celular, preciso falar com Bryan.

Meu Deus, por quê? Por que logo a minha princesa? Será que isso é um sinal de que eu não dou atenção o suficiente para ela? Ela sempre me pede para passar um tempo a mais com ela, mas quase sempre uso a desculpa do trabalho para não brincar. Além disso, ela sempre reclama das babás que contrato. Será?

E juro que só quero o bem de Hannah, mas tudo isso não deixa de ser difícil pra mim. Meu trabalho exige muito de mim e, sem contar, eu não sou esse tipo de pai. Até tento ser, às vezes, mas só não combina comigo.

Manuella Vermount

- Manu! Acoda! – um serzinho diz pulando em cima de mim na cama.

- Acordou animada hoje né? – digo sorrindo e a puxando para um abraço.

- Acodei tem um tempão e tem gente tocando na pota. Eu não alcanxo – rio da situação toda. Ela deve ter tentado de tudo para abrir a porta.

A pego no colo e vou até a sala abrindo a porta.

- Finalmente! Estou a uns 10 minutos tocando aqui, está surda? – minha melhor amiga diz já entrando e se jogando no sofá – O que é isso Manuella? – ela diz apontando para Hannah.

- Ah, encontrei ela jogada na rua ontem, ela me pediu ajuda para encontrar seu pai...

- Eu fugi dele e me pedi na ua. Agola eu quelo vota pa casa.

- Ela é uma fofura – Luh diz chegando perto e apertando as bochechas de Hannah de leve – Já tem alguma notícia?

- Não, acordamos agora mesmo.

- A essa hora Manu? Já é quase o horário do almoço – diz olhando o relógio no pulso.

- Fomos dormir bem tarde ontem.

- Então vamos comer meu povo!!! - ela diz indo dançando em direção a cozinha. Hannah olha para mim rindo, eu faço mímica falando que Luh era doida e ela ri ainda mais.

Luana reclamou quando viu que só tinha macarrão instantâneo no armário e disse que iria sair para comprar algo decente para comermos. Eu até expliquei a minha falta de dinheiro e emprego, mas ela disse que me ajudaria com isso depois. Ela era minha melhor amiga de infância, a única que sabia de tudo que havia acontecido na minha vida e que me ajudou em tudo. Era formada no mesmo curso que eu, mas só ela conseguiu um trabalho na escola do amigo de seu pai. Já eu era um desastre.

Quando ela voltou, vi que tinha exagerado. Tinha comprado hambúrgueres, batatas fritas, refrigerante e sorvete à vontade. Aquilo foi um almoço duplo isso sim.

- E você princesa, tem quanto aninhos? – Luh começou a puxar conversa com Hannah, que comia quietinha do meu lado.

- Tês – disse fazendo com os dedinhos.

- E você gosta de brincar de que?

- Com meus uxinos de peiucia e no meu quato com a Malia.

- Ela é a sua mamãe?

- Não, ela é a moxa que faz comida pa mim e po meu papai. Eu nunca vi mina mamãe, não xei quem é – disse ficando tristinha.

Fiquei um pouco assustada com o fato dessa menininha nunca ter visto a mãe, será que ela morreu no parto ou algo parecido? Ou ela foi abandonada?

- Mas e suas amiguinhas pequena? – perguntei para fugir daquele clima pesado que surgiu.

- Ah, eu tenho tês, a Luíza, a Bia e a Bela, mas eu xó binco com elas na escola puquê meu papai não deixa elas ilem lá pa casa e tamém não dexa eu i pa casa delas, ele dix que a xente vai da muto tabaio pa ele e pa a Malia.

- Poxa pequena que triste isso - olho para Luh assustada com a vida dessa criança, será que ela é feliz?

Pelo visto o pai dessa menina não deixa nada. Deve ser mais um desses riquinhos que tem tudo e fica só enfurnado no trabalho e só liga pra isso, aí a menina fica sozinha. Na época de estágio eu tinha cuidado de uma menininha que tinha a mesma vida quase: a mãe tinha morrido, o pai só ficava no trabalho e a menina ficava totalmente sozinha com a babá, a menina chegava a pensar que o pai a culpava pela morte da mãe.

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