Manuella Vermount
- MANUU!!! ACODAAAA!!!!- abro os olhos e sorrio para mim mesma ao ouvir essa vozinha,que tanto me preocupou ontem, acompanhada de batidinhas apressadas na porta.
Só eu que acho fofo ela acordar e vir direto para o meu quarto me ver?
Levanto da cama e abro a porta dando de cara um sorriso lindo, a carinha de sono que eu mais adoro nesse mundo e o urso de pelúcia de sempre.
- Bom dia Princesa! – digo me abaixando e a pegando no colo.
Ponho a mão na sua testa, confirmando que a sua temperatura já tinha voltado ao normal. Depois deixo um beijo em sua testa e a abraço forte.
Ela estava bem...
- Bum dia! Vuxê é muto dominoca xabia? - sorri sapeca.
- Você ta muito engraçadinha pro meu gosto viu senhorita – digo fazendo cócegas na sua barriga - Meu despertador já ia tocar, mas a senhorita não tem muita paciência.
- Eu to com muta fome.
- Hannah, deixa a Manuella acordar direito minha filha – o Sr David aparece na porta do meu quarto somente com a calça de moletom e com os cabelos bagunçados.
Ahh se a Luana estivesse aqui. Oh meu Deus, por que tão bonito? Por que tão idiota? E eu aqui com meu clássico blusão e shorts. Lembrando disso, tenho que ligar para ela, nem avisei sobre o que tinha acontecido. Ela vai me matar.
- BUM DIA PAPAI! EU TAVA COM MUTA XODADI DE VUXÊ TAMEM – ela diz descendo do meu colo e abraçando as pernas dele, tudo isso para mudar o assunto.
- Sua espertinha, pensa que eu não conheço a sua estratégia Hannah Monteiro? – a pega no colo – Manuella já vai se trocar e vem te ver, não precisa de toda essa ansiedade – diz a levando para o quarto.
Aproveito que o Sr. David tinha levado Hannah, para tomar um banho rápido e colocar um vestidinho básico. Penteei o cabelo, lavei o rosto, escovei os dentes e fiz mais algumas coisinhas para não sair desse quarto com uma cara amassada de travesseiro. Assim que termino, vou para o quarto de Hannah e ela está me esperando como ontem só que, desta vez, sem bagunçar a gaveta.
Dou um banho nela, visto um conjunto de blusa e shorts, penteio os seus cabelos e resolvo prender em um rabo de cavalo com um laço e pronto.
- Manu, cadê a tia Luh? – ela diz quando a pego no colo e começo a descer as escadas - To com xodadi dela tamém.
- Eu vou ver ela amanhã – a coloco na cadeirinha.
- E eu poxu ir com vuxê?
- Nada disso filha, amanhã é o dia de folga da Manuella e no domingo ela estará aqui novamente - David diz chegando logo depois.
- Ah não! Vuxê vai me deixar de novo? – faz biquinho.
- Não coisa linda, eu vou, mas eu volto. Vai passar rapidinho e você nem vai perceber.
- Que xato ixu.
- Filha, a Manu precisa ter um dia de descanso – fico surpresa pela maneira a qual ele se referiu a mim, ele nunca usa o meu apelido.
O restante do dia foi tranquilo, a levei na escola, brincamos de boneca e de muitas outras coisas que ela tinha direito. Arrumei a bagunça que fizemos e ainda fizemos mais salada de fruta para o dia seguinte. Quando ela estava na escola, aproveitei para arrumar as minhas coisas para quando fosse para casa após Hannah dormir.
- Manu, num vai pu favô – ela diz fazendo aquela famosa cara de gato de botas quando a colocava deitada na cama.
- Meu amor, eu preciso ver a Luh, eu to aqui morrendo de saudades dela também. E ela deve estar com saudades minhas, como você acha que suas amiguinhas ficariam se não pudessem mais te ver?
- Mas aí vuxê vai me dexa cum xodadi tamém.
- Mas essa saudade você mata depois de amanhã princesa – Sr. David diz entrando no quarto.
- Papai, dexa eu i com a Manu, dexa, pu favô – ela se ajoelha na cama juntando as mãozinhas.
- Não meu amor, depois de amanhã vocês se veem.
Depois de um longo sacrifício, de prometer que eu não ia embora pra sempre e de algumas poucas lágrimas ela dorme. Me levanto em direção ao meu quarto para pegar as minhas coisas.
- Manuella, antes de sair eu posso falar com você? – Sr. David fala da porta do meu quarto.
- Aconteceu alguma coisa? Fiz algo de errado? – digo pegando a minha mala que estava do lado de fora do quarto de Hannah.
- Queria falar sobre a recompensa daquele acontecido com Hannah.
- O acontecido em que você me chamou de interesseira – digo cruzando os braços lembrando-me do incidente.
- Isso... – ele diz abaixando a cabeça – Eu gostaria que você aceitasse o dinheiro.
- Am... Sr. David, achei que tinha deixado bem claro que não queria o seu dinheiro. Acho que você pode utilizá-lo comprando presentes para a Emilly, ela iria adorar – digo levemente irônica.
- Você, com certeza, deve estar precisando dele, não quero que passe por dificuldades.
- Pode ter certeza que se eu precisar da sua ajuda, eu te falo. Mas eu sinceramente espero que não precise, afinal, uma vez interesseira sempre interesseira não é mesmo? – digo e saio ignorando o fato dele ter me chamado novamente.
Estava tarde, mas eu não estava com mínima vontade de ir com o motorista, não queria utilizar nada que pertencesse ao David Monteiro no atual momento. Ele tem tudo para ser um homem maravilhoso, já que é bonito, maravilhoso, um pedaço de mal caminho, rico, tudo de bom e etc e tal, mas eu não suporto o fato dessas pessoas ricas acharem que o dinheiro é o que mais importa nesse mundo. Não suporto o fato dele já ter me "ofendido" algumas vezes com as palavras e achar que o dinheiro é capaz de me fazer esquecer tudo o que disse.
Ele pensa que eu sou o quê?
Saí pelas ruas andando e descontando toda a minha raiva em meus passos e nas pedras que me apareciam no caminho. Estava tão distraída com meus pensamentos que nem notei o carro se aproximando.
David Monteiro
Nem quando eu tento acertar as merdas que eu faço eu consigo. Parabéns para o jumento aqui que conseguiu piorar toda a situação que já estava ruim!
Depois de ver Manuella passar por mim bufando de raiva volto para meu quarto, pego meu notebook e continuo a ver uns documentos do trabalho.
- Sr David , com licença – Dona Maria diz entrando no quarto após bater na porta – O Taylor pediu para perguntar que horas a Manuella irá sair, ele está esperando para levá-la.
- Dona Maria, ela já saiu tem menos de 10 minutos, como assim ela não foi com ele? - ela saiu daqui como? Andando?
- Ele disse que estava esperando a um tempo e nada dela aparecer.
- Dona Maria ela deve ter saído andando e ido para um ponto de ônibus.
- Meu menino, o ponto mais próximo fica muito distante daqui e a essa hora pode ser muito perigoso. Se alguma coisa acontecer?
Percebo a merda que eu poderia ter feito e corro para o carro. Vou andando devagar em direção a rua principal, quando vejo uma Manuella andando completamente irritada e chutando várias pedras pelo caminho. Rio da sua atitude lembrando que a Hannah costumava ter uma bem parecida quando fica brava. É uma das coisas que eu acho mais fofas em minha filha e ver essa atitude em Manuella me fez achá-la ainda mais bonita.
Aproximo o carro do seu lado abaixando os vidros.
- Manuella, entra no carro! – digo olhando para ela.
- NEM PENSAR! NÃO PRECISO DE NADA QUE VENHA DE VOCÊ! – reviro os olhos.
- Entra logo nesse carro e deixa de birra.
- BIRRA UMA OVA! EU NÃO QUERO MAIS NADA QUE SEJA SEU – começa a andar mais rápido.
- Eu to tentando te proteger sua besta. Você é louca de ir andando a essa hora?
- Eu não pedi sua ajuda.
- Você quem sabe – acelero o carro escutando seus gritos.
Rio comigo mesmo e paro o carro na esquina. Saio do carro e corro até Manuella, mas chego por trás e a jogo nos ombros.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá