A Dama Cisne Partida romance Capítulo 524

Era um pequeno diário de viagem.

Mas a caligrafia, evidentemente, não era de Kevin.

Ela conhecia bem demais a letra dele.

Além disso, era claramente uma fotocópia. Então, seria o diário de viagem de Patrício Guerra? Será que Kevin, ao chegar ao local, fotocopiou o diário de alguém e o colou no verso de um cartão-postal para lhe enviar?

Ela nunca havia sido muito próxima de Patrício. Dizem que a letra reflete a pessoa, assim como a escrita. A julgar por aquilo, a caligrafia de Patrício era firme e forte, e seu estilo de escrita, conciso, com frases curtas. Era bastante direto, mas também transmitia uma força singular.

Ela guardou o cartão-postal na gaveta.

A segunda carta chegou uma semana depois.

Desta vez, não era um cartão-postal, mas um esboço, ou mais precisamente, um esboço desenhado à mão e impresso em uma folha A4.

O desenho retratava algumas pessoas, e Giselle não conseguiu identificar o significado de imediato. E desta vez, junto com o desenho... bem, Kevin realmente enviou uma carta.

"Giselle, olá."

"Não pude resistir a te escrever para contar que, depois de deixar a região dos lagos, encontrei por acaso a pousada onde Patrício ficou hospedado."

"Fica na estrada, logo depois da região dos lagos. É uma casa centenária, um típico cottage da zona rural inglesa, adorável. Queria muito poder te mandar fotos, você iria adorar."

"O interior é decorado com muitos objetos antigos, que você também apreciaria."

"Especialmente as paredes, que estão repletas de quadros, alguns da coleção da família da proprietária, passados de geração em geração, e outros presenteados por hóspedes."

"Este que você está vendo foi deixado por Patrício. Você se lembra do que ele desenhou? Se não se lembrar, olhe no verso do desenho."

Giselle virou o desenho ansiosamente.

Agora, ela reconhecia a caligrafia: firme, forte, com cada traço bem definido.

Era Patrício quem escrevera: "Trouxe meus amigos para o cottage que eles tanto gostam. Quem será que gosta tanto dessas casinhas baixas e robustas?"

Os amigos dele.

Ela virou o desenho novamente para olhar a obra de Patrício.

Patrício desenhava bem. Com a expectativa já formada, ela conseguiu reconhecer vários colegas.

Por exemplo, o próprio Patrício, Kevin, Vilmar e alguns outros rapazes de rosto familiar, cujos nomes ela já não se lembrava. Havia duas garotas: uma era ela, a outra, Estela Neves.

Ela sentiu uma relutância em largar o desenho.

Deixou-o de lado por um momento e continuou a ler a carta de Kevin.

"Você sabia? A dona da pousada ainda se lembra dele. Disse que, na época, ele ficou hospedado por quase meio mês, sempre saindo para desenhar com sua prancheta."

"Ela também disse que se lembrava dele de forma tão vívida porque ele era brasileiro e muito bonito! Disse que o carro dele era estiloso, a jaqueta, as botas, o cavalete... mas o mais bonito de tudo eram os olhos dele."

"Eu perguntei a ela: "Mais bonito que eu?"

"Ela respondeu, sem hesitar, que sim."

"Disse que Patrício irradiava uma vitalidade contagiante, muito mais atraente do que este cavalheiro sem vida que sou eu."

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