São Paulo
Amélia Bastos
Mais que aberração é essa?! - um homem gritou.
Ela se levantou, virando a cabeça para se desculpar pelo ocorrido. A visão periférica era limitada dentro da cabeça de camaleão.
- De que buraco essa GORDA do inferno saiu?!!!! - o homem olhava para ela com raiva.
Cuspindo ofensas, o cara continuava indignado apontando ou gesticulando para ela. As pessoas começaram a se aglomerar, querendo saber o que aconteceu.
Amélia ficou parada, como se seus pés criassem raízes ali. Seus olhos se marejaram pelas lágrimas.
-Ela fez de propósito! Quem fica parado na porta de uma loja com uma roupa bizarra dessa? Tá ocupando toda a saída, sua coisa gorda!
- Talvez ela não tenha percebido que era grande demais para ficar aqui…
- Não, acho que ela sabia o que estava fazendo…
- Nossa tudo isso para vender?... que ridículo….
As pessoas opinavam e julgavam com aquele olhar.
Amélia sentia o peito apertado, como se o ar faltasse, enquanto as palavras cruéis ainda ecoavam na sua cabeça, gravadas como cicatrizes invisíveis.
A humilhação queimava sua pele, o calor subindo ao rosto em uma mistura de raiva e vergonha, mas seu corpo permanecia imóvel, paralisado pelo peso esmagador da dor.
Cada insulto, carregado de desprezo e preconceito, feria mais do que qualquer golpe físico, arrancando pedaços de sua autoestima e expondo feridas que ela tentava ignorar a muito tempo.
Quantas vezes aquelas palavras feriram seus sentimentos?
Era impossível contar.
Seus olhos ardiam, mas as lágrimas se recusaram a cair, presas na garganta junto com o grito sufocado de frustração. Ela queria reagir, gritar, enfrentar todas essas pessoas, mas o medo foi cultivado profundamente dentro dela.
“Acha que pode responder a uma pessoa que só está dizendo a verdade?! Você é GORDA, essa é a realidade, querida.”
A imagem de sua mãe surgiu à sua frente.
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