Lucila
Os olhos castanhos esverdeados de Amélia Bastos paralisaram, toda a cor desapareceu de seu rosto. As mãos dela começaram a tremer sem parar, até as pernas grossas e longas daquela moça pareciam prestes a desmontar.
Lucila ponderou se deveria ou não comunicar Ícaro sobre isso. Temia que ela desmaiasse a qualquer segundo. Por que ela reagiu assim?
Só havia um motivo para isso. Ela tinha algum segredo relacionado ao nome que Lucila mencionou. Agora devia acalmá-la e fingir que não notou o que isso significava.
Segurando as mãos de Amélia, Lucila expressou a sua compreensão e simpatia. Ela entendia bem de segredos, e não queria assustar e afastar Amélia. Rezou para conseguir transmitir calma para ela, sem precisar se comunicar.
Amélia afundou na cadeira em que Lucila estava sentada, e levantou os olhos aflitos marejados de lágrimas para ela. Como um prisioneiro esperando sua sentença de morte.
Lucila se sentiu culpada.
Nunca tinha visto um olhar tão triste e cheio de sentimentos como aquele. Ela estava mortificada, como se a vivacidade tivesse abandonado seu espírito.
Levou as mãos ao rosto dela, emoldurando o formato delicado e feminino.
“Deveríamos almoçar juntas. O que você acha?” perguntou através de sinais.
- Si.... sim – concordou Amélia, ainda com a mesma expressão.
Certamente ela estava pensando que não tinha escolha a não ser acompanhar Lucila. Na pretensão de expor o seu valioso segredo. Mas a verdade é que queria distrair sua nova amiga desse martírio, não pretendia tocar mais naquele assunto.
A menos que ela quisesse conversar e desabafar.
Saíram no carro dela, e enquanto cortavam o trânsito pesado do horário do almoço. Lucila sabia que Amélia não diria uma palavra durante o percurso até o destino escolhido. Mas não esperava que ela rompesse em prantos desconsoladamente.
“O que eu faço?” pensou, aflita.
Estava dirigindo, não podia abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem, e que não pretendia explorar o segredo dela.
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