Atílio, Guadalupe e Jamile voltaram para a mansão já quase no fim da tarde e viram o médico chegar junto com o advogado e Amélia os recebeu na porta.
– O que está acontecendo? – Atílio perguntou e logo Amélia respondeu.
– Graças a Deus que todos chegaram, venha doutor. Leandro está sentindo muita dor e precisa de cuidados urgentes.
– Não nos deixe aflitos Amélia, diga de uma vez! – Guadalupe suplicou aflita.
– Um dos peões de Atílio agrediu Leandro e parece grave. – Josué respondeu o que todos ansiavam saber.
– Sebastião!
– Como sabe que foi ele Atílio? – Jamile pergunta para o pai.
– Depois falaremos todos sobre isso, agora o importante é cuidar de Leandro. – Atílio responde.
O médico subiu as escadas com sua maleta, Atílio e os demais acharam melhor esperar o atendimento para saber o que poderia ser feito.
– Claro que foi por causa de Luíza, Sebastião a ama e Leandro a estava cortejando a dias. – Atílio revelou enquanto dava alguns passos.
– Se Sebastião bateu nele, deve ter sido alguma coisa grave. Não quero pensar que Leandro foi capaz de fazer alguma coisa a minha amiga. – Guadalupe diz.
– Vamos esperar que os dois tenham algo a dizer ao meu pai. – Jamile diz ao pedir paciência para descobrirem o que de fato havia acontecido.
Atílio ficou honrado em ser chamado de pai pela primeira vez, era uma sensação diferente, mas que aqueceu seu coração. Enquanto isso o médico entrou no quarto, Celina estava ao lado dele e preocupada.
– Doutor o senhor tem que fazer alguma coisa, está sangrando muito e já tentamos de tudo para estancar. – Celina chorava e suplicava para o doutor Douglas e ele se compadeceu ao responder.
– Farei o que eu puder, agora é preciso que a senhorita saia e nos deixe a sós.
– Sim senhor, com licença. – Celina saiu e fechou a porta, o médico se aproximou e precisou tocar o nariz lesionado para saber a extensão do problema que iria enfrentar. Ele mal tocou e Leandro começou a gritar desesperadamente de dor e todos na sala ouviram e ficaram ainda mais preocupados, Celina e Amélia se amparavam.
– Por Deus doutor Douglas, se me tocar de novo vou morrer!
– Seu problema é grave Leandro, está com uma dupla fratura nasal. Aqui não podemos cuidar disso e você precisará ir para a cidade com urgência, caso a lesão calcifique você ficará com uma deformação permanente.
– Peão desgraçado, minha vontade era de acabar com a raça desse maldito. – Leandro resmungava enquanto sentia muitas dores.
– Depois de se cuidar, agora é preciso organizar tudo para que você vá se tratar.
Leandro
Se eu for me tratar na cidade, quando eu voltar Luíza pode estar casada com esse maldito. Não posso permitir que isso aconteça, não posso!
– Admitindo que eu não possa ir com tanta rapidez para a cidade, quanto tempo eu tenho até que meu ferimento possa ser tratado doutor?
– Não brinque com isso rapaz, você tem posses e pode ir agora mesmo se quiser. O que te prende aqui?
– A sede de justiça, quero prestar queixa e só vou sair daqui quando Sebastião estiver preso.
– E se isso levar dias, Leandro?
Alguém bate na porta, era Amélia levando uma bandeja com água para o médico pois era uma noite quente.
– Por favor senhora, peça para que um dos parentes do rapaz suba até aqui. – O doutor Douglas pediu e Amélia foi chamar os dois.
– Eu já volto.
Algum tempo depois Celina e Atílio entraram no quarto, ele levou um grande susto ao ver o primo quase desfigurado.
– Diabos, não sei o que fez, mas por pouco Sebastião não te mata! – Atílio tinha que reconhecer que por ódio Sebastião poderia ter acabado com a vida de Leandro se realmente quisesse.
– Seu nome é Atílio, não é?
– Sim doutor, me perdoe por não ter me apresentado antes, mas a situação era preocupante demais para esperar por isso.
Os dois se cumprimentaram com um aperto de mão e Celina se sentou na cama ao lado do irmão.
– E aí doutor, o rosto do meu irmão vai ter jeito? – Ela perguntou com medo da resposta.
– Por isso mandei chamá-los, seu irmão precisará de uma operação e aqui não será possível. Terá que ir para a capital e rápido antes que o ferimento cicatrize de maneira errada.
– Sim, sim ele vai agora mesmo comigo para lá. – Celina logo se prontifica a acompanhá-lo.
– Ele não quer ir. – O médico a deixa incrédula com aquela recusa.
– Ficou maluco, seu inconsequente?
– Me escutem todos, só aceito fazer essa viagem se Sebastião for preso! – Leandro deixa todos ainda mais irritados ao brincar com algo tão sério quanto sua saúde.
– Diabos Leandro, sequer me disseram por que tudo isso aconteceu.
– Vai ficar do lado dele, Atílio? Ai, maldição! - Leandro gritou e forçou o rosto, causando ainda mais dor a si mesmo.
– Não se altere ou vai piorar ainda mais. – O médico avisa a ele.
– Por que ele te bateu? – Atílio pergunta, chegando mais perto da cama.
– Ciúmes de Luíza!
– Só por isso, primo?
– Ele é um selvagem, xucro e não sabe dialogar. – Leandro disse, mas sabia que a surra havia sido mais do que justa.
– Mande chamar o delegado para averiguar a situação. – O médico aconselha.
– Atílio pode expulsar ele da fazenda, sem a necessidade de mandar pobre para a prisão.
– Vai defender ele na minha frente, Celina? Que maravilha de irmã eu tenho! – Leandro ironizou.
– Só estou tentando ser justa.
Atílio
O que vou fazer, tenho em minhas mãos uma decisão dura a tomar. Se eu mando prender Sebastião, Guadalupe irá repreender pela atitude e se eu não fizer isso e Leandro for pessoalmente prestar queixa, pode até me acusar de acobertar um capanga.
– O que vai ser Atílio, vai chamar o delegado ou mesmo terei que ir nesse estado em que me encontro?
– Eu lhe darei uma medicação para dor e parar o sangramento. No mais tardar amanhã, Leandro precisa estar dentro de um trem para a capital. – O médico foi abrindo sua mala de medicamentos.
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