Atílio e Guadalupe entram em casa.
– Luíza está aqui na sala conversando com Jamile. – Atílio avisou para a esposa.
– Luíza, que bom que está aqui.
Luíza foi até ela e as duas deram um forte abraço, Amélia viu que a jovem estava de visita e assim poderia entregar a carta de Leandro para ela mais facilmente.
– Será que depois podemos conversar um momento a sós Luíza?
– Sim senhora, vou caminhar um pouco com Lupe e antes de ir para casa virei aqui para conversarmos. – Luíza fala para Amélia e sai com Guadalupe.
– Venha comigo um instante até o escritório Jamile. – Atílio chama a filha e ela se despede de Luíza.
– Sim senhor, foi um prazer conhece-la Luíza.
– Igualmente, quero que vá nos visitar lá na fazenda com Gabriel.
– Iremos sim.
Guadalupe e Luíza decidiram dar uma volta pelos currais e ouviram os peões comentarem sobre Sebastião.
– O pobre do Sebastião se entregou ao delegado! – Paulo diz puxando um cavalo e caminhando com Jacinto para o estábulo.
– Sebastião se entregou? – Luíza pergunta e as duas passam por eles depois de ouvir o comentário.
– Ontem à noite Atílio e eu fomos até a cabana dele, parecia triste e ao mesmo tempo ainda furioso com Leandro.
– E o que ele disse a vocês, Guadalupe?
– Apenas que o primo o desafiou e por ciúme o agrediu, isso é verdade Luíza? Ou por te amar ele está escondendo alguma coisa?
Luíza não conseguiu segurar a dor e começou a chorar, se sentou em um troco e ajudou Lupe a fazer o mesmo.
– Ele me enganou, não queria e nem quer nada sério comigo.
– Eu senti que de alguma forma, ele não servia para você Luíza.
– Leandro me prometeu noivado, se eu lhe desse uma prova de amor e marcou para nos encontrarmos perto do rio.
– Sozinhos?
– Sim Guadalupe, meu sentimento não deixou que eu visse a maldade que havia nesse convite. Eu fui e...
– Diga!
– Ele abusou de mim, sem qualquer piedade.
– Atílio tem que saber disso. – Guadalupe se levantou assustada com o que ouviu de Luíza.
– Não, não por favor. Por Deus não diga nada, todos saberiam que sou desonrada e minha família ficaria desmoralizada em toda a vila, minha mãe não suportaria.
– Mas isso não pode ficar impune, Sebastião fez o que devia ter feito e agora não sinto piedade de Leandro.
– Leandro me disse coisas horríveis e acho que essa situação acabou salvando você das mãos dele.
– Eu?
– Ele te deseja Guadalupe, desde que chegou aqui e talvez se toda essa desgraça não tivesse me acontecido, ele teria abusado de você.
– Sinto muito, sinto muito e dói em mim o que te aconteceu. – Luíza repousou a cabeça sobre as pernas da amiga e chorou deixando sair parte da dor, enquanto recebia um carinho em seus cabelos claros.
– Me diga uma coisa Luíza, você não sente nada por Sebastião? Nem mesmo um carinho que seja?
– Gosto dele, é um bom rapaz e muito bonito, mas não sinto amor por ele.
– Ele arriscou sua própria liberdade e integridade física por você, temo que possa ter ficado grávida e se isso acontecer, não terá como esconder o que aconteceu.
– Não, não Deus não faria isso comigo. Não posso ter ficado grávida de Leandro!
– Independente da sua decisão de dar uma chance a Sebastião ou não, precisa fazer uma visita para ele na prisão e mostrar seu agradecimento.
– Você tem razão Guadalupe, preciso agradecer pelo que fez por mim.
– Façamos assim, fique para almoçar e depois pedirei a Atílio que nos leve para vê-lo. Jacinto vai até sua casa e avisa que você está comigo.
– Você é um anjo Lupe!
Atílio e Jamile entraram no escritório e ele fechou a porta para falarem com privacidade.
– Você sabe que não aprovo esse casamento e acho redundante que eu diga os motivos.
– Sinto muito por isso. –Jamile responde para o pai.
– Quero te fazer uma proposta filha!
– Faça.
– Vou te mandar para a Suíça Jamile, lá poderá estudar na melhor escola e se tornar uma dama.
– Não pode fazer isso, sou uma mulher casada e quanto a Gabriel?
– Por que não submete esse amor a um teste, diga a ele que te acompanhe.
Jamile se sentiu acuada, se o pai soubesse que ela tinha conhecimento do amor de Gabriel por Guadalupe, isso seria humilhante para ela e pior do que admitir a pior das derrotas.
– Não faz isso por mim, faz por você. Quer se livrar de mim por que não me aceita como eu sou, tem vergonha de mim!
– Claro que não filha, te levei comigo para a cidade. Todos sabem da sua existência e tudo o que é meu é seu, não seja injusta.
– Eu não quero ir para a Suíça, mas acho que podemos resolver isso de outra maneira.
– Qual Jamile?
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