Um mês depois, Guadalupe estava com dois meses de uma gestação tranquila e sem muitos enjoos. A cada dia amava mais a possibilidade de ter um fruto do amor dela e Atílio em seus braços.
Ele cuidava dela com ainda mais devoção do que antes, as custas de muito trabalho de todos, até de Gabriel eles conseguiram recuperar o prejuízo que veio com o incêndio. A casa que Atílio daria para Jamile e Gabriel já estava quase pronta e apesar de gostar de viver ao lado do pai e da madrasta, ela acreditava que sozinhos ela conseguiria conquistar o amor dele mais facilmente.
– Não sei se por eu querer tanto estar com ele em meus braços, acho que às vezes sinto o bebê se mexer dentro de mim. – Guadalupe diz e Amélia responde.
– Ainda é muito cedo para isso, depois do terceiro mês.
– Você já teve algum filho Amélia? Nunca me disse nada a respeito. – Atílio perguntou e a deixou em apuros.
– Claro, claro que não tive. Mas me lembro de ouvir minha mãe dizer sempre para mim e minhas irmãs. – Amélia disse quase gaguejando de nervosismo.
– Entendi, mas nada em Guadalupe é como nas outras pessoas, ela é diferente de nós. Tem uma aura evoluída! – Atílio abraça a esposa.
– Papai, papai! Chegou um telegrama. – Jamile diz correndo com o papel em mãos.
Ela o entregou e Atílio que prontamente leu.
– Algo importante? – Guadalupe perguntou chegando mais perto de Atílio e ele responde.
– Celina e Leandro estarão de volta em poucos dias, dizem que as cirurgias dele felizmente deram certo. Isso é bom, meu tio Raul precisa de ajuda para administrar as terras dele e sua esposa irá chegar também daqui a pouco tempo.
– Felizmente, parece que tudo por fim irá se acertar. Mas sei que algo te aflige, vai me dizer ou todas nós teremos que adivinhar? – Amélia pergunta.
– A volta deles me preocupa e muito. – Atílio diz abraçando a esposa pela cintura.
– Por que? – Jamile pergunta para o pai.
– Por que Sebastião sai hoje mesmo da cadeia.
– Sebastião precisa ter cuidado com ele, precisam conversar e quem sabe acabar de uma vez com essa briga! – Guadalupe deixa todos em alerta com sua frase.
Luíza estava colocando o seu melhor vestido para ir até a cadeia buscar Sebastião, nunca o havia abandonado e a cada dia os dois descobriam mais afinidades e sonhavam juntos.
– Não é conveniente que vá buscar seu noivo sozinha, já estão a falar de você o tempo todo indo para lá visita-lo. – Saulo diz e ela responde.
– Eu quero estar lá quando ele sair papai, por favor não me tire o direito de ver ele.
– Por isso mesmo, iremos nós dois.
Ela sorriu e o abraçou em agradecimento, cada um montou em seu cavalo. Sabiam que ele teria que percorrer um longo caminho até que pudesse voltar para casa.
Não muito longe dali...
– Está livre peão. E vê se não me apronte mais nenhuma contenda ou te enfio em uma cela e jogo a chave fora. – O delegado pede que o carcereiro abra a cela.
Sebastião respirou aliviado, mal podia acreditar que teria em fim sua liberdade de volta. Pegou as poucas coisas que tinha e saiu disposto a conquistar de vez o coração de Luíza, caminhou pela estrada de terra sabia que estava a léguas de sua cabana. Quando viu ao longe dois cavalos se aproximando e a poeira da estrada se levantar, seu coração vibrou ao ver seu grande amor em um deles.
– Luíza! – Sebastião fala vendo-os se aproximar.
– Eu vim com meu pai, para levarmos você até sua casa.
– Luíza venha comigo no cavalo e entregue o seu para ele. – Saulo pede, não queria que a filha e ele se tocassem antes de firmarem qualquer compromisso.
– Nem sei como agradecer! – Sebastião mal podia acreditar que estava recebendo uma chance com a mulher que sempre amou.
– Agradeça cuidando bem da minha princesa, afinal nos últimos dias ela só fala em você.
Sebastião sorriu, até deixou escapar um suspiro ao olhar para Luíza enquanto ela descia e lhe entregava as rédeas.
Atílio estava entrando no carro justamente para buscar o amigo e funcionário e saiu acelerando, sem saber que ele já estava livre e a caminho de casa.
Em casa, Jamile pegava maços de alecrim para usarem como tempero e cantava uma música de ninar que sua avó sempre repetia todas as noites para lhe fazer adormecer.
– Precisa de ajuda senhora Jamile?
– Não Paulo te agradeço, mas posso fazer isso sozinha.
– É que a senhorita pode sujar as mãos...
– Volte para o seu trabalho, não te quero de conversa com as patroas! – Gabriel diz irritado e antes que o peão saísse da frente dele o agarrou pelo braço e os dois se olharam. – Jamile é uma senhora, não se esqueça disso.
– Sim senhor, patrão! – Paulo respondeu com ironia e saiu.
Paulo
Esse tipo se sente dono de tudo e todas, Atílio deveria mandar ele embora com bons chutes no traseiro.
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