No dia seguinte.
Sebastião estava consciente e Luíza estava ao seu lado, Amélia voltou para casa para descansar e finalmente o médico da cidade foi mandado para cuidar dele.
– As lesões internas parecem ter sido graves, mas com cuidados e os medicamentos certos ele irá se recuperar. – O médico diz depois de realizar os exames.
Luíza esperou que a mãe chegasse, não queria deixar ele sozinho.
– Onde você vai filha? – Margareth perguntou e Luíza respondeu antes de sair.
– Prometo não demorar.
Ela montou no cavalo e foi até a delegacia.
– Sebastião foi agredido por Leandro, e você viu isso acontecer? – O delegado perguntou a ela.
– Não delegado, mas só ele faria algo assim e o senhor sabe o motivo.
– Mas não há provas mocinha!
– Eu disse a todos que aqui a mão da justiça, só alcança os humildes.
– Quando tiver alguma prova venha e eu terei prazer em investigar.
Luíza saiu pior do que chegou, não tinha a quem recorrer para fazer a justiça acontecer.
Na casa de Atílio a nova empregada Matilde, já estava ajudando nos afazeres e Amélia foi descansar.
– Agora que tudo está mais tranquilo e tenho certeza que Sebastião vai se recuperar, eu quero comunicar que vou me separar de Gabriel. – Jamile diz e Gabriel fica indignado.
– Vai o que?
– Você entendeu Gabriel, não é necessário que eu repita.
– Não tem noção do que está dizendo Jamile, não imagina como é a vida de uma mulher separada do marido.
– Matilde, nos deixe a sós. – Atílio pede para que a nova empregada deixa a família a sós para resolver aquele conflito.
– Com licença senhor. – Matilde sai.
– Não tente coagir minha filha com suas chantagens emocionais, todos nós nessa mesa sabemos o real motivo de você ter se casado com ela.
– Por favor Atílio, não seja tão duro com as palavras. – Guadalupe pediu a ele.
– Prefere então, ter uma filha abandonada? – Gabriel pergunta para ele com um grito de revolta e Atílio responde tranquilamente.
– Ela está te deixando!
Gabriel empurrou a cadeira e saiu irritado, Jamile começou a chorar desconsolada.
– Ele não está errado em tudo o que disse, sei que não vai ser nada fácil seguir em frente. – Jamile diz, sentindo a dor que seria viver longe dele.
– Seja firme em sua decisão, ele vai reconsiderar. – Guadalupe a tranquiliza, mas Atílio logo discorda.
– Reconsiderar? O melhor que ele faz é sair do caminho dela.
Gabriel
Jamile é uma estúpida, como pode preferir ser uma mulher separada do que seguir ao meu lado? Todos dirão que eu falhei como homem e por isso não tivemos filhos, maldição!
Me sentei na cama tentando pensar em alguma saída, Jamile abriu a porta e meu coração se encheu de esperança.
- Eu só vim te devolver isso. – Jamile o surpreende.
Ela me entregou a aliança, antes que saísse por aquela porta eu a fechei.
– Não faça isso com a sua vida.
– Deixe de hipocrisia Gabriel, nós dois sabemos o que realmente te preocupa. Ficar longe de Guadalupe ou ficar com má reputação perante os homens da vila, mas eu não me importo e de agora em diante vou cuidar da minha vida.
– Cuidar da sua vida? Acha que ainda vai ter uma?
– Sim eu terei, por que não sou como você que passará a vida inteira rastejando por quem não te ama! –Jamile gritou.
Agarrei ela com força e acabamos caindo na cama, ofegante, irritado e excitado.
– Pegue toda a sua arrogância e despeito e desapareça de uma vez da minha vida.
– Não é o que você quer de verdade Jamile, me ama e não pode negar.
Invadi seus lábios doces com os meus, adentrei sua boca com minha língua. Jamais imaginei sentir o que senti junto ao seu corpo, Jamile não era uma menina tola como sempre pensei, é uma mulher com sede de se sentir amada.
Jamile
Nosso primeiro beijo, quanto tempo esperei e sonhei com esse momento, por mais que tivesse me preparado para ele, havia sido muito mais belo que qualquer ideal de perfeição que eu pudesse ter. Mas Amélia e Guadalupe me pediram para ser firme em minha decisão e eu serei até o final.
– Termine de arrumar suas coisas! – Avise e o empurrei de cima do meu corpo, Gabriel ficou tocando os próprios lábios e eu saí sorrindo sem que ele se desse conta disso.
Fechei a porta e desci as escadas.
Na casa de Raul Fontes
Leandro não desceu para tomar café da manhã e sua mãe entrou no quarto levando uma bandeja de pães e leite.
– Não precisava se incomodar, não estou com fome. – Leandro se senta na cama para falar com a mãe.
– Me preocupo com sua tristeza filho, você era um rapaz alegre e o sorriso abandonou de vez seu rosto.
– Nunca imaginei que o amor pudesse doer tanto assim.
– Se a ama, lute por essa moça. Achei que pudesse ser mais uma de suas conquistas, mas eu estava errada. Não gostaria de te ver casado com uma camponesa, mas pelo visto seu coração a escolheu!
– Eu a perdi, antes mesmo de ter. Fiz algo que ela jamais irá perdoar.
– Foi mesmo você quem mandou espancar o noivo dela?
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