NARRADORA
— É muito longe? Eu não posso ir tão longe do palácio pra brincar… — Aidan, apesar de sua inocência, era uma criança muito inteligente.
Eles já tinham caminhado um bom trecho, quase correndo, pela floresta que cercava o palácio, e ainda estavam dentro das muralhas.
A criada se dirigia à passagem fechada das montanhas, atrás do castelo, onde havia uma trilha secreta e passava um riacho.
Lá, uma pequena embarcação previamente preparada a aguardava, e ela pretendia fugir levando consigo aquele valioso refém.
Tinham prometido muito ouro por essa missão — e ela não hesitou em aceitar.
— Já estamos chegando, moleque… anda logo! — apertou a mão do filhote com força, machucando-o, e o arrastou aos trancos e barrancos até o riacho, que já podia ser ouvido ao longe.
— Me solta, minha mão tá doendo! — Aidan começou a se debater de repente.
— Não quero mais ir! Não quero doce nenhum! Me solta!
— Já falei que estamos chegando! Para de ser mimado e malcriado! — ela o puxou com raiva.
Odiava aquele filhote, nascido com uma colher de ouro na boca.
Tudo o que queria, ganhava. Filho daquela assassina Centúria… como todas as outras.
— Me solta, garota má!
— Aaahh, maldit0 moleque! — Hortensa sentiu de repente sua mão congelando, e ao afrouxar o aperto, Aidan a mordeu com força, se libertando.
— Vou contar pra minha mãe que você é uma loba mentirosa! — gritou e saiu correndo de volta pro castelo, se enfiando entre os arbustos e a vegetação densa da floresta.
Já estava prestes a se transformar em lobinho do inverno, quando uma voz soou em sua mente.
“Aidan, não se transforme. Continue correndo em linha reta, não desvie. Vem até mim.”
Era a voz de Anastasia, guiando-o pela mente.
E o pequeno príncipe correu com suas perninhas curtas, desviando de galhos, pulando raízes e fugindo da jovem criada que o perseguia.
Hortensa nem ousou gritar para não chamar atenção, mas tinha certeza de uma coisa: se aquele menino voltasse pro palácio, ela estaria perdida.
Ia se transformar em loba para caçá-lo, quando saiu por debaixo da folhagem e o viu, arfando no meio de uma clareira.

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