VINCENT
— Já não temos nada aqui. Um dos nossos correu até a matilha enquanto você estava inconsciente… e todos os outros… foram assassinados, como você disse.
Ela baixou o olhar e falou com a voz embargada.
O restante também estava com os olhos vermelhos e cabisbaixos.
— Recolham os sobreviventes, as provisões deixadas pelos guerreiros. Vamos ao castelo pela passagem das montanhas! — exclamei diante de todos.
— Ao palácio? Agora é um ninho de Centúrias. Você acha mesmo que vão acolher refugiados como nós?
— Aquelas mulheres são assassinas…
— Ó deusa, pra onde vamos agora? Só temos velhos, crianças e algumas mulheres… assim não podemos formar uma nova matilha…
Soluços e lamentos. Palavras de desconfiança.
Eu também não confio nas Centúrias, mas confio em Cedrick e em Raven. Ela é uma boa mulher… e é uma Centúria.
— A própria Rainha Centúria os convida ao palácio. Nada lhes acontecerá. Dou minha palavra.
— Têm meia hora. Se até lá não decidirem, irei sozinho — e com isso, saí para o ar frio da noite, para clarear os pensamentos e deixá-los tomar suas decisões.
*****
Meia hora depois, eu estava de pé, calculando a rota mais rápida até o palácio.
— Guerreiro…
— Meu nome é Vincent — me virei e respondi.
— Vin… Vincent, decidimos ir com você. Também… não é como se tivéssemos muitas opções. Estamos fracos, talvez atrasemos sua jornada…
— Não importa. Se confiarem em mim, eu os levarei em segurança — respondi com convicção, torcendo para conseguir cumprir com minha palavra até o fim.
— Certo, então… estamos prontos. Vou reunir todos aqui — ela garantiu, e eu assenti.
— Espera… — a detive antes que se afastasse — O que aconteceu antes de eu desmaiar?
Perguntei aquilo que ainda rondava minha mente, um vazio que não conseguia preencher.
— Não lembra? Aquele Alfa… — e então ela me contou tudo o que havia acontecido.
— Obrigado. Reúna os demais — deixei que fosse, ficando ali, pensativo.
Enquanto ela voltava, fui examinar o local onde o corpo de Theodor havia sido despedaçado.
Nada parecia estranho, mas o cheiro… um odor rançoso de putrefação e necrose impregnava o ar.
Se supõe que ele não morreu há tanto tempo… então por que seu interior já parecia tão… apodrecido?
“Artemis, sente algo estranho?”
“Tá tudo estranho, Vincent. Mas não consigo identificar o quê…” ele respondeu, e ambos ficamos preocupados.
Suspirei, deixando as dúvidas para o destino. Contaria tudo a Cedrick assim que o visse, para que a bruxa das Centúrias me examinasse.
Finalmente partimos — cerca de vinte lobos foi tudo o que restou de uma matilha com mais de cem.
Sob a lua e as estrelas, pelos caminhos sinuosos e perigosos das montanhas, avançamos passo a passo em direção à parte de trás do castelo da Rainha Alfa Centúria.
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NARRADORA

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