RAVEN
— Raven, não tenho cem por cento de certeza, mas existe uma grande possibilidade de que Vincent seja o companheiro da sua filhote. E tem outro detalhe... digamos, preocupante...
Ela dispara tudo de uma vez, me explicando suas descobertas.
— Algo pior do que saber que minha filha ainda não nascida já tem alguém a reivindicando? Você tem ideia de como Cedrick vai reagir? — pergunto franzindo o cenho.
Dalila me encara com olhos complicados e sinto que o que vem a seguir é, de fato, pior.
— Aquela bruxa o enfeitiçou com uma maldiçã0 de amor que vai afetar sua fêmea destinada. Uma flor devoradora de chamas que só deseja as de Amber.
Ela diz assim, sem rodeios. Ainda bem que me sentei — do contrário, teria caído de bunda no chão.
O pai dela já até escolheu o nome da nossa filhote. Isso vai ser um desastre.
— Você disse que não tem certeza. Existe alguma chance de estar errada?
— Vamos saber com certeza quando a princesa nascer... mas me diga, Raven, quantas vezes você me viu errar?
Os olhos antigos dela me encaram, sentada à minha frente, e eu fico em silêncio.
Essa velha Centuria dificilmente erra uma previsão.
— Não diga nada a ninguém, Dalila. Muito menos a Cedrick. E também não a Vincent. Precisamos ter certeza antes de soltar essa bomba — suspiro, esgotada.
Todas as minhas gravidezes sempre vêm com alguma maldita complicação.
— Tudo bem. Farei como você pedir. E Aidan? Conseguiu dormir melhor com o preparado que fiz?
— Dormiu conosco de novo ontem à noite — e isso é outro assunto que não me dá paz.
Aidan começou a ter sonhos estranhos desde aquele pesadelo monstruoso.
Todos diferentes, mas com o mesmo destino: uma caverna misteriosa que, a cada dia, temos mais certeza de que fica no pântano.
— Desta vez, disse que estava diante de um espelho de gelo — descrevo o que meu filhote me contou.
— Do outro lado, ele via um senhor mais velho, com barba branca e olhos azuis que o observavam.
— Não acordou tão assustado, só perguntou pelo vovô. Dalila... até quando isso vai continuar?
— Será que temos que levá-lo ao pântano? Você acha que devo falar com a Ana?
Ela fica pensativa, as rugas da testa bem marcadas.
— Tenho um pressentimento. Algo me diz que a própria Anastasia virá buscá-lo. E quando esse momento chegar... deixe que ele vá, Raven.
— Seu filho tem um propósito a cumprir. Precisa encontrar os da sua espécie. E as respostas estão lá.
*****
Saio do Santuário de Dalila mais esgotada do que entrei.
Minha cabeça é um turbilhão de preocupações, e Cedrick está ocupado reorganizando o reino e unificando as matilhas.
Não quero colocar mais um peso nos ombros do meu Alfa.
Viro a esquina, distraída, e esbarro em alguém de frente, cambaleando um pouco.
— Majestade, cuidado! — é a voz do Beta, e sinto suas mãos firmes me segurando pelos ombros.
Um arrepio salta no meu ventre, mas não é dor — é algo diferente, como se fagulhas de chamas felizes dançassem dentro de mim.
— Obrigada, Vincent — levanto o olhar e encaro seus olhos escuros e intensos.
Na verdade, não me incomoda que este homem confiável possa ser o par da minha Amber.
Vincent atrai muitas lobas, mas é frio e intimidador. Poucas conseguem romper sua barreira.

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