NARRADORA
— Não, não, não, vamos, funciona, funciona!
Hakon rosnava, desesperado, cortando os pulsos como um louco que já não quer mais viver.
Não importava quantas vezes a parede se regenerasse, o gelo derretia cada vez mais rápido.
A última barreira de defesa estava cada vez mais fina.
“Ana, eles têm que parar, eu não vou conseguir conter!”
Gritou para sua companheira pela mente, que imediatamente parou de alimentar o fogo Centúria.
— Pare, Dalila! A outra barreira está sendo afetada, Hakon não consegue segurar! — gritou em pânico, mas era impossível parar tudo.
Pelo menos Dalila parou, mas ao seu lado, Aidan continuava em seu estado de magia induzida.
A magia de fogo foi cessando, o cabelo de Dalila abaixou, sua boca parou de recitar encantamentos e seus olhos avermelhados voltaram ao tom normal.
Ela olhou para Aidan, achando que ele também havia parado, mas não era o caso.
— Aidan, já chega! Não continue, filhote! Vamos tentar de outro jeito! Aidan!
Ele não parecia ouvi-la.
— Aidan, filho, por favor!
— Cedrick! O que está acontecendo com ele?! Faça alguma coisa! — Raven gritava angustiada.
A tempestade de neve ao redor de Aidan aumentava.
A caverna inteira foi invadida por gelo e escarcha, com estalactites afiadas crescendo das paredes e do teto de pedra.
Aidan continuava flutuando, conjurando sua magia de inverno contra a barreira agora fina e translúcida. Pinheiros e neve já podiam ser vistos do outro lado.
Anastasia ouvia os rugidos mentais pedindo que ela fugisse, que não havia mais saída, e se preparava para correr até seu companheiro. Não o deixaria sozinho diante do perigo.
Dalila estava pronta para o pior. Não conseguia tirar o filhote do transe mágico. Será que teriam que fugir por aquele mesmo caminho?
Não, ela não podia deixar suas Centúrias sozinhas naquele reino com aquelas criaturas.
Raven, Cedrick e Vincent se entreolhavam nervosos, e Cedrick já dava ordens para contramedidas e planos de emergência.
Iriam pegar Aidan à força e correr.
Mas de repente, no meio do desespero, o corpo do príncipe começou a brilhar intensamente, em um azul profundo, e de seu pequeno peito, um lobinho de inverno, carregado de magia ancestral, saiu correndo e se lançou caverna adentro.
— Theo!! — todos gritaram, e Anastasia não perdeu um segundo em correr atrás dele.
Ele brilhava na escuridão como um farol de esperança.
*****
— Vai embora agora, Beta! Leve nosso povo, fujam nos barcos! Não fiquem para lutar e morrer!
Hakon gritava para seu braço direito, com fraqueza no corpo inteiro.
CRAC, CRAC
Soou atrás dele quando as enormes rachaduras começaram a se espalhar como uma imensa teia.
Bastava um empurrãozinho e aquela parede de gelo viria abaixo.
Hakon parou de alimentar a magia invernal com seu sangue. Era inútil.
— Vamos comigo, Alfa! Não pode ficar aqui pra morrer!
— EU MANDEI VOCÊ IR EMBORA, PORRA! — ele gritou com toda sua força de Alfa.
Ele não podia ir embora. Quem enfrentaria aquelas coisas? Sua companheira estava perto. Não a colocaria em risco. Precisava ganhar tempo para ela.

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