AMBER
Desde sempre eu tive a sensação de pertencer a alguém.
Sabia que, fosse um Elfo, uma criatura especial ou o que fosse, essa pessoa estava me esperando, a outra metade da minha alma.
Quando completei 16 anos, meu pai me chamou para conversar e esclareceu todas as minhas dúvidas, incluindo quem era aquele homem misterioso, o Beta que sempre viajava para fora do palácio e sobre quem ninguém nunca me falava, mesmo depois de eu perguntar inúmeras vezes.
Minhas primeiras fantasias sexuais foram com aquele homem desconhecido, com aquele nome nos meus lábios e, mesmo sem vê-lo claramente, eu sabia que o toque do meu companheiro faria meu sangue ferver de prazer, no entanto, meus pensamentos ficaram muito aquém da realidade.
Ter esse homem poderoso e enorme de cabelos pretos sobre o meu corpo, me beijando, me abraçando e me tocando daquele jeito tão bruto, tão intenso, colocava à prova o meu autocontrole repetidas vezes.
Eu temia machucá-lo com minhas chamas que imploravam para sair por causa da excitação no meu corpo e do desafio constante da maldição.
Quem pensa que eu domino o Vincent por ser uma Alfa, por estar acima dele na hierarquia da matilha, está enganado. Esse Beta tem controle total do meu corpo e da minha vontade.
Minha mente explodiu num caos com o meu orgasmo, derretida por aquela língua lasciva que me invadia, eu não consegui resistir a perder o controle.
Como me manter de pé com o homem da minha vida me devorando daquele jeito?
Eu sabia que precisava me controlar, mas algo me chamava de dentro do corpo de Vincent, meu poder escapou do meu domínio e, embora Valentine gritasse para eu resistir, para eu segurar minha loba de fogo, eu só queria agradá-lo.
Ele queria me consumir e eu queria me fundir com ele.
Nos beijamos como loucos enquanto as chamas devoravam o quarto e minhas chamas azuis eram drenadas até o ponto de fazer o sangue escorrer pelos meus lábios, doía tanto, mas já não havia mais volta.
Falhei, não fui forte o suficiente de mente e, se eu sobreviver a isso, Vincent vai tentar me afastar com ainda mais força.
*****
Não sei quanto tempo fiquei inconsciente.
Quando abri os olhos, o cheiro de queimado invadiu meu nariz e o teto da oficina estava sobre mim.
Meu corpo doía horrores, o vazio de poder era evidente e logo procurei pela minha Alfa de fogo.
Suspirei ao senti-la, mas ela estava muito fraca. Ia demorar para se regenerar.
“Valentine”
“Amber, isso foi perigoso demais”, ela disse com a voz exausta.
Estava encolhida dentro do meu mar de consciência, sem sua energia habitual, e eu sabia muito bem que ela tinha me ajudado a sobreviver.
“Desculpa, lobinha… O Vincent… ele?...” perguntei com medo.
“Não vou mentir, as coisas não saíram como planejamos. Achei... achei que você fosse queimá-lo por completo ou que morreríamos nós duas... Aquela maldit4 flor é mesmo nossa maior inimiga.”
Ela disse isso e entrei em pânico, com medo de ter machucado o Vincent.
Me levantei da mesma mesa onde eu tinha me deitado na forma de loba e uma tontura quase me fez cair.
Não parei para me olhar com atenção, mas nos meus braços havia marcas ensanguentadas, avermelhadas, profundamente marcadas na minha pele branca, como se raízes ou cipós tivessem me prendido com força.
Meus sentidos estavam focados em encontrá-lo.
Caminhei descalça, tropeçando, até os quartos.
“Deusa Lua...” levei a mão à boca ao ver o desastre.
A cozinha tinha resistido, mas todas as paredes estavam pretas, manchadas de fumaça e fogo.
Ouvi ruídos e meus pés se feriram com as farpas de madeira e terra, mas cheguei ao que antes era o quarto.
Agora só restavam quatro paredes, quase sem teto ou janelas, tudo queimado, a cama consumida em brasas e fuligem por todos os lados.
— Vincent! — gritei quase chorando ao vê-lo no meio do quarto.
Tentei correr até ele, mas ele recuou de imediato.
Minha alma afundou ao ver seus olhos profundos.

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