Raven
— Eu fiz isso… pela minha mãe — confessa depois de ficar alguns segundos em silêncio, e percebo a luta interna que ela está enfrentando.
Eu entendo, porque há segredos muito perigosos e ela deve estar com medo.
— Minha mãe está muito doente, vive internada no hospital. Ela também é uma escrava como eu, e eu precisava dos remédios pra salvar a vida dela.
— Remédios? Mas pelo que sei, o Alfa abastece muito bem o hospital das escravas. Inclusive, já ouvi ele ordenar à logística que mantenha tudo o que for necessário — digo, sem entender.
— Raven, eu… na verdade, tem muita coisa que não é como o Alfa pensa.
— Não duvido que as intenções dele sejam boas, mas a ala das escravas é como se fosse um mundo separado do resto da matilha. E esse espaço de terror não é controlado pelo Alfa Walker.
— Você tem medo, não é? Medo de me contar tudo e acabar sendo prejudicada — sei que ela ainda está cheia de cautela.
— Me diz o que você quer em troca de me ajudar. Agora sou a Luna da matilha e, como vê, tenho certos privilégios.
Que na verdade nem são muitos, mas ela não precisa saber disso. E além disso, eu realmente pretendo ajudá-la.
— Você pode mesmo me ajudar?
— Tudo depende do que você me pedir — ela me conta o que deseja, e seu pedido não me parece tão complicado.
Ela quer deixar de ser escrava, tanto ela quanto sua mãe. Poder viver na área da matilha como membro oficial e em melhores condições.
De qualquer forma, não é algo que eu possa prometer com leveza. Preciso conversar com Cedrick, pelo menos sobre a mãe dela.
— Por enquanto, posso garantir seu posto. Já sendo minha assistente pessoal, você deixa de ser escrava.
— Quanto à sua mãe, preciso conversar com o Alfa, mas você entende que também vou precisar de algo em troca, não é?
— Acho que você já percebeu uma coisa. As escravas comem pouco e recebem poucos suprimentos. Na verdade, isso também se aplica aos remédios essenciais.
Eu sei que é assim, e também vinha me perguntando por que recebíamos tão pouca coisa.
— Tudo é controlado pela chefe das escravas. Cada vez apertam mais e mais, dão menos coisas, e muitas escravas acabam sendo obrigadas a buscar outros meios pra conseguir os suprimentos. No meu caso, os remédios.
— Você estava com aqueles homens pelos suprimentos? Eles te davam os medicamentos? — ela assente com a cabeça.
— Mas quando você leva os remédios pro hospital, ninguém pergunta de onde vieram?
Ela me diz que não. Que, na verdade, os medicamentos não são entregues na mão dela, mas ficam disponíveis pra mãe no hospital depois que ela termina de “servi-los”.

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