NARRADORA
— Espere, Alfa! Por favor, antes de continuar, tem algo que eu quero dizer — Ronan se levantou do assento.
— Entendo que estão me acusando de traição de forma indireta, porque essa carga tá sob minha responsabilidade e, se tiver substância proibida, a culpa é minha. É isso?
— É isso mesmo — o Alfa respondeu sem nem piscar.
— E se o senhor estiver errado? Se abrir essas caixas e não tiver nada que possa me acusar? Como pretende se desculpar pela humilhação que está me fazendo passar na frente das pessoas mais importantes da matilha? Eu, que tanto contribuí pro nosso povo.
— O que você quer como desculpa? Não vai me pedir o cargo de Alfa, né? — Cedrick o encarou com frieza, e o clima congelado deixou todo mundo tenso e suando frio.
— Quero um castigo público pro Alfa. Porque o dever dele é proteger os pilares da matilha. Foi a primeira coisa que ensinei quando ajudei ele a conseguir esse cargo — jogou na cara com toda a pompa.
— Beleza. Se eu estiver errado, aceito levar 10 chibatadas com o chicote dos traidores — Cedrick disse, porque se tivesse se enganado, ia ter que assumir. Era inevitável. E melhor ele do que a sua Luna.
— Cedrick… — Raven sussurrou preocupada do lado dele, segurando o antebraço dele com a mãozinha.
Se aquele chicote fosse como o da antiga matilha dela, era um castigo cruel.
Ela tinha certeza do que tinha descoberto, mas agora, olhando pra cara cínica daquele homem, um alarme começou a soar dentro do coração dela.
— Calma, Luna — ele sussurra, e depois ordena: — Abram logo essas caixas! Vamos ver de uma vez por todas o que tem aí dentro!
*****
RAVEN
Quando aquelas caixas foram abertas e o conteúdo foi tirado de dentro, quase desmaiei na hora.
— Não, não é possível… Deve estar mais embaixo… — murmurei, já tentando levantar, pálida e com o coração querendo pular pra fora do peito.
“Fica calma, Raven. Não faz nada que te coloque em risco. Eu vou verificar, relaxa. Aconteça o que acontecer, não se levanta.” Ele sussurra na minha mente e eu me sento de novo.
Vejo ele descendo os dois degraus que nos deixam um pouco acima dos outros, e indo até aquelas malditas caixas.
Tenho uma pontinha de esperança de que ele vai encontrar alguma coisa, sei lá… num compartimento escondido debaixo da mercadoria comum… qualquer coisa. Mas de repente, olho pra cara daquele velho desgraçado.
Nossos olhares se cruzam à distância, e vejo claramente o deboche nos olhos dele.

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