A primeira coisa que Lis viu assim que abriu seus olhos foram os olhos de Michael a encarando fixamente, enquanto ele permanecia sentado em uma cadeira próximo a porta. Ela hesitou por alguns segundos antes de exibir um estranho sorriso.
— Aquele remédio é milagroso – Se viu falando tentando não se importar em como sua voz havia soado. Sonolenta, preguiçosa e ligeiramente rouca. – Ficou a noite toda aqui? – Ela queria acreditar que ele não havia feito tal sacrifício. Ela queria continuar enumerando razões para odiá-lo, contudo assim que o viu assentir em silêncio, suspirou. – Não precisava fazer isso, mas agradeço.
— Prometi que estaria por perto se precisasse conversar quando acordasse.
— Eu lembro – Murmurou desconfortável temendo que aqueles pequenos gestos o tornasse humano aos seus olhos. Ela não queria acreditar que ele pudesse ser gentil mesmo quando tentara lhe matar tantas vezes. – Mas já estou melhor – Mentiu ao exibir o melhor sorriso que conseguiu – Não precisa ficar aqui preso.
E então, Michael se levantou cruzando o quarto rapidamente. Seus passos não fizeram barulho e os olhos de Lis se viram presos no modo elegante e confiante como Michael caminhava em sua direção. Ela se viu engolindo em seco assim que ele parou ao seu lado.
— Pelo que eu saiba até essa história de noivado acabar, sou o seu noivo e responsável pela sua segurança.
— Não sou sua obrigação. – Por algum motivo, sentiu um gosto amargo em sua boca. – Sebastian... Ele pode cuidar de mim e sempre posso cuidar de mim mesma.
— Lis Muller, apenas aceite o que estou lhe oferecendo.
— E o que é? Migalhas – Respondeu brava ao tentar levantar da cama, mas foi impedida por ele. Michael segurou em seu braço delicadamente – Apenas pare. – Pediu ao desviar o olhar – Pare de fingir que se importa ou que deseja o meu bem. – Puxou o seu braço, libertando-se, mas assim que seus pés tocaram o chão frio, praguejou ao perceber estar tonta. – Não deveria ter feito isso – Disse ao sentir os braços de Michael rodearem a sua cintura, lhe segurando. Ela sabia que se não fosse por ele, teria caído.
— Por qual motivo está me tratando dessa forma? – Michael se viu perguntando com curiosidade – Estou tentado lhe ajudar.
— Eu sei, e é isso que está me deixando louca. – O encarou suspirando – Assim que parar de se preocupar, voltará a ser o mesmo lunático de antes. Se continuar sendo gentil, não vou conseguir lidar com o seu outro eu. - O príncipe a soltou, afastando-se em seguida. E sem nada falar, foi para a porta a deixando sozinha. – Eu fiz a coisa certa – Sussurrou para si mesma ao se apoiar contra a cama tentando não se recordar do olhar repleto de decepção do príncipe.
***
Regina Stone. Regina Stone. Regina Stone.
O nome não saia da mente de Pedro Alenzo durante todo o percurso que fizera, e assim que retornou ao hospital procurou por Michael, o encontrando encostado na parede do lado de fora do quarto de Lis.
— Espero que nada tenha acontecido – Disse gentil tentando não prestar atenção ao semblante ligeiramente entristecido de seu amigo. Ele sabia o quanto Michael odiava demonstrar fraqueza. – Consegui o nome. Na verdade, o Wolf conseguiu, mas não sei se vai gostar.
— Diga, preciso de uma boa noticia.
— A conta está em nome de Regina, sua cunhada. – Disse esperando alguma surpresa, contudo enxergou um sorriso de crueldade na face de Michael – Já sabia. – Percebeu estupefato.
— Desconfiava que alguém da minha família fosse responsável, afinal somos assim. A família real destrói tudo, Pedro. E vou destruí-los para sobreviver.
—Isso é loucura – Murmurou perplexo – Não pode destruir a sua família.
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