Lis respirou fundo antes de abrir a porta do quarto, surpreendendo-se ao ver um dos empregados do palácio com um envelope em mãos.
― Para a senhora – Disse calmo ao lhe estender o pacote. Lis segurou e no momento que leu o remetente, gargalhou. Abriu o envelope encontrando inúmeros documentos de todos da família real e qualquer pessoa próxima. Klaus havia enviado, como prometido e mais rápido do que ela esperava. Cada barulho vindo do banheiro a fazia hesitar antes de ler, e se viu andando em direção ao banheiro. – Vou andar no jardim um pouco. – Gritou para que Michael escutasse, e não esperou por uma resposta antes de correr para a porta. Ela estava ansiosa demais.
Seu coração palpitava violentamente, suas mãos suavam e sua respiração estava ofegante quando desceu as escadas, enquanto abraçava o envelope contra o seu corpo. Olhou para os lados, inquieta, com receio de que alguém pudesse encontra-la e tirar aquela pasta de sua mão. Ao avistar uma das empregadas foi em sua direção.
― Oi, desculpa interromper, mas conhece algum lugar em que eu possa ver algo sem ser interrompida? – A forma educada e simples de Lis fez a mulher sorrir antes de pedir para segui-la. Lis nada disse ao seguir a empregada por um extenso corredor antes dela abrir uma porta.
― Esse cômodo costumava ser um escritório do segundo príncipe, mas não é mais usado. Ninguém virá perturbá-la, senhorita e futura viscondessa. – Falou ao fazer uma leve reverencia antes de sair correndo. Lis não teve tempo de agradecer e ao olhar em volta, surpreendeu com o quão limpo tudo se encontrava. A mesa estava vazia assim como as estantes. Ela deu de ombros ao fechar a porta, trancando-a em seguida. Precisava de tempo para analisar tudo o que Klaus tinha lhe enviado.
Sentou na cadeira atrás da mesa e quando tirou os papeis da pasta, engoliu em seco. O primeiro documento era um relatório sobre a família real Stone detalhando a vida politica do rei e de Glória.
― Rainha Glória. Manipuladora, cruel e calculista. Não se importa em usar seus filhos para ganhos políticos. – Leu baixo assimilando tudo – Usou Augusto Stone para casar com Regina em busca de apoio. Estava prestes a usar Michael para se casar com uma mulher quando ele se comprometeu com Susana, uma mulher sem status ou dinheiro. – Piscou consciente do que estava em sua frente. – Se isso tudo estiver correto, a decisão dele ter sido enviado para o exercito foi dela e não do rei. – Murmurou pensativa ao continuar a leitura, a qual falava apenas sobre algumas técnicas usadas por Glória no passado para manipular as pessoas. Passou para o próximo relatório com lentidão – Rei Leopold Stone ama o seu povo, mas é facilmente manipulado por Glória. Foi forçado a se casar com ela quando tinha vinte anos. É alérgico a nozes. Como ele sabe até a alergia? – Se viu perguntando antes de retomar a leitura. As informações referentes ao rei eram todas relacionadas à Glória e não conseguiu ver nada que pudesse ser útil até o momento em que viu o nome de Michael. – Enviou o filho para a guerra. Parecia disposto a ceder o trono para o príncipe Michael antes dele ficar noivo de Susana. – Lis olhou todos os relatórios até encontrar o de Michael. – Segundo príncipe, personalidade rebelde e agressiva. Foi enviado para a guerra depois de seu noivado com Susana ser descoberto. Susana Telford, antiga namorada do primeiro príncipe, Augusto. – Lis parou de ler, confusa. – Isso é mentira, certo? Será que Michael sabe sobre isso? Ele não deve saber e não irei contar. Ela é o primeiro amor dele ou algo assim. – Decidiu ao continuar sua leitura, contudo ao ler sobre Philipe se viu surpresa. – O filho preferido da rainha Glória. Não parece ter ambição de tomar o trono, mas gosta de sadomasoquismo.
Lis abaixou os relatórios ligeiramente cansada. Em cada página, parecia ter algum segredo nas entrelinhas, algo que não conseguia desvendar por mais que continuasse a ler. Encostou a sua cabeça na mesa, respirando fundo.
― O que eu não consigo enxergar? – Se questionou sem perceber a porta sendo aberta.
― Que tem um homem lindo em sua frente. – Michael falou ao fechar a porta atrás de si, atraindo a sua atenção. – A empregada me disse que estava aqui quando perguntei por você. Destranquei com a minha chave. E então, o que é tudo isso? – Apontou para os papeis em cima da mesa com o olhar concentrado. Sua expressão séria a fez o encarar, engolindo em seco.
― São documentos que Klaus me enviou. Ele disse que iria me ajudar. – Michael assentiu ao andar em sua direção.
― Posso ver ou são secretos? – A sua pergunta à fez se recordar de Susana. Ela não queria que ele soubesse e ficasse triste.
― Apenas um que não pode ver – Decidiu com firmeza. Michael sorriu levemente ao assentir ao sentar na beirada da mesa.
― Entregue os que eu posso ler – Pediu com a voz ligeiramente beirando a uma ordem, o que a fez sorrir. Lis tinha a sensação que não importasse o que Michael falasse, ainda soaria como uma ordem. O segundo príncipe leu todos rapidamente – Seu primo é realmente assustador. Tem informações aqui que ninguém fora do palácio deveria saber.
― Ele sempre foi determinado. – Michael concordou – Mas não importa o quanto eu leia, sinto que estou deixando escapar algo importante.
― O que está escrito aqui não são informações banais. Tem em mãos informações que pode usar para separar todos aqui. Tem informação sobre o que minha mãe gosta e não gosta, ou seja, pode manipulá-la a vontade assim como o meu pai. O fato de falar as preferencias dos meus irmãos é a mesma coisa. E tem algo ainda mais importante – Sorriu esboçando uma triste expressão. – Minha mãe foi a culpada pela minha ida a guerra para deixar o trono para Philipe.
― Como chegou a essa conclusão?
― Ele é o seu filho favorito, Regina está presa por traição influenciando na confiança em Augusto e eu sou a ovelha negra. O único que sobra é ele. Ela foi realmente esperta.
― Não pode estar falando sério. Não tem como uma mãe fazer isso com seus filhos.
― Parece que não percebeu quem é minha mãe – Meneou a cabeça. – É melhor destruir esses documentos ou guarda-los muito bem – Devolveu para ela. – Como trouxe informações vou realizar seu desejo. – Diante da expressão confusa dela, sorriu – Foi a única dizendo que queria um encontro normal, estou errado?
Lis negou ao sentir seu rosto avermelhado.
― Consegue se arrumar em trinta minutos?
― Preciso de apenas vinte – Garantiu ao se levantar fazendo ele sorrir. Por um segundo, quase esqueceu o documento de Michael em cima da mesa. Pegou todos os relatórios, guardando dentro da pasta. – Vou subir. Onde te encontro?
― Não se preocupe com isso, apenas se vista para me conquistar – Piscou travesso antes de vê-la lhe dar as costas e seguir em direção à porta.
― Michael – O chamou sem se virar. – Se precisar voltar a ser o mesmo monstro de antes, não precisa se preocupar, eu sei quem você é agora. – Disse antes de sair do cômodo, o deixando surpreso.
― Se continuar falando coisas assim, posso acabar sendo conquistado cada vez mais rápido – Sussurrou ao sorrir antes de pensar sobre tudo o que havia lido. – Acho que eu devo continuar os meus planos, um pouco mais rápido. Quero destruir todos antes de ter uma vida normal. Isso seria justo. – Pegou o celular em seu bolso, enviando uma mensagem. – Agora vamos começar de verdade a destruição. – Sorriu perverso.
***
Lis sorriu assim que sentiu a mão de Michael em suas costas. Ele estava a guiando pela cidade, enquanto comentava sobre a história tanto local quanto de sua infância. Ela não conseguia conter a felicidade que sentia ao ter Michael ao seu lado daquela forma. O príncipe mantinha uma atenção redobrada ao caminhar com Lis pela rua mesmo que estivessem sendo seguidos por seguranças.
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