O que eu deveria fazer?
Foi o primeiro pensamento de Lis assim que abriu os olhos, levantando-se da cama o mais silenciosa que conseguiu para não acordar Michael, que adormecia ao seu lado. Após ele contar tudo sobre Susana e o seu tempo no exercito, ela se viu tentada a desistir de ir embora e permanecer ao seu lado. O pensamento foi o suficiente para a fazer beijá-lo e acabarem dormindo juntos, novamente.
Suspirou assim que colocou os pés para fora da cama, sem se importar com a sua nudez. Ela não tinha tempo para pensar sobre isso quando sua mente trabalhava incansavelmente para encontrar uma forma de ajuda-lo e ao mesmo tempo não a tornar uma suicida por permanecer ao seu lado.
Ele provavelmente me atacou antes por achar que eu estava com o seu pai, o observando e tentando o controlar, e também devido ao seu transtorno pós traumático. Eu entendo agora o motivo dele não conseguir dormir com outras pessoas ao seu lado, por ter uma faca sempre perto de si e por estar tremendo quando atirou contra o homem que feriu Sebastian, mas se ele está tão quebrado, por que não tenta se curar primeiro antes de lutar contra o seu próprio pai?
Talvez o amor dele por Susana seja tão forte a esse ponto.
― O que diabos estou pensando? – Recriminou-se assim que parou no meio do quarto ao olhar para o príncipe adormecido. – Ele dormir dessa forma ao meu lado significa que confia em mim? – Murmurou querendo acreditar nisso antes de menear a cabeça e ir para o banheiro. Trancou a porta, desejando privacidade antes de se olhar no espelho. Seu rosto estava vermelho, e uma pequena marca de mordida poderia ser visível em seu ombro esquerdo. – Eu estou gostando dele, não estou? – Questionou-se ao abaixar a cabeça. Ela não queria gostar de alguém que ainda amava outra pessoa. Uma pessoa que havia se matado por amá-lo. – Ele nunca vai poder retribuir esse sentimento então o melhor é ir embora. Sem olhar para trás. – Decidiu ao erguer a cabeça, ignorando as lágrimas que começavam a descer pelo seu rosto. Abriu o chuveiro e deixou que suas lágrimas se misturassem a água, e quando finalmente saiu, envolveu o seu corpo com o roupão felpudo. Assim que abriu a porta, gritou sentindo o seu corpo ser puxado com força. – O que está fazendo? – Perguntou ao olhar para Michael. O príncipe sorriu levemente antes de mordiscar a sua orelha.
― Acordei e não estava do meu lado. Fiquei um pouco solitário, eu acho – Sorriu travesso ao cheirá-la – Deveria ter me chamado para tomar banho com você.
Lis respirou fundo ao tentar afastá-lo, sem sucesso.
― Se continuar me afastando sempre que transamos, vou começar a achar que sou algum brinquedo sexual – Gracejou.
― Isso provavelmente foi um erro – Se viu falando ao encará-lo. – Não posso continuar fazendo isso.
―Sobre o que está falando?
― Vou embora em pouco tempo. É melhor sermos um tipo de... aliados. E aliados não dormem juntos – Desviou o olhar ficando aliviada quando ele a soltou. – Bom, vou me arrumar e andar pelo jardim.
Como um bom soldado, Michael percebeu o modo como o corpo dela falava. A forma como seus olhos desviavam constantemente dos seus, seu corpo tenso, seus braços rígidos e sua respiração ligeiramente ofegante além dos olhos avermelhados.
― Falei sobre o meu passado e isso não parece ser o suficiente para você.
― A culpa não é sua – Lis se viu falando de costas para ele ao vestir um vestido por cima de uma lingerie simples. – A culpa é completa e totalmente minha.
― Sim, é sua. – Concordou ao cruzar os braços em frente ao seu corpo. – E o que pretende fazer agora?
― Ficar longe de Augusto, como pediu e ir embora em poucos meses. Desculpa. – Ela já estava indo para a porta quando Michael segurou o seu braço, forçando-a a encará-lo. – O que? – Perguntou tentando soar fria. Ela sabia que não poderia continuar ao lado do príncipe, já que finalmente aceitou seus sentimentos por ele. Ela estava apaixonada por ele. Apaixonada por alguém destruído e magoado. Alguém que provavelmente não poderia a amar.
― Confia em mim? – Ela assentiu – Se confia em mim, isso deveria ser o suficiente para ficar ao meu lado e parar de tentar fugir como um poodle medroso.
― Esse é o problema do poodle, Michael. Mesmo sentindo medo, eles latem o mais forte que conseguem, mas ainda assim fogem quando percebem estar em perigo.
― É isso que está fazendo?
― De certa forma – Sorriu sem graça. – Não tenho como brigar com um pitbull sempre – Suspirou – Pode me largar?
Ele se negou ao puxá-la de encontro ao seu corpo. Lis segurou-se para não abraça-lo, desistindo de seu plano de fuga ao sentir o seu cheiro.
― Por qual motivo realmente está fugindo?
Por alguns instantes, Lis se viu tentada a falar a verdade a ele, mas temeu a sua reação. O príncipe a sua frente estava destruído demais para acreditar em suas palavras. Acreditar que gostava dele mesmo que ele a maltratasse tanto.
Mas mesmo parecendo ser um monstro, me protegeu e ficou ao meu lado quando mais precisei.
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