Amor Sombrio romance Capítulo 44

No momento em que Michael entrou no palácio segurando a mão de Lis, ela percebeu que o local estava um caos. Inúmeras pessoas andavam apressadas de um lado para o outro, sem se importar de agirem elegantemente. A expressão em suas faces era de puro terror, e nesse momento, ela se viu olhando para Michael.

O segundo príncipe mantinha uma expressão impassível ao observar tudo o que acontecia a sua volta até o momento em que avistou o seu pai, correndo em direção ao escritório. Michael sorriu.

O seu sorriso remeteu a uma vitória, e Lis suspirou ao menear a cabeça.

― Um dia vai acabar se arrependendo – Ela falou ao se afastar ligeiramente dele e olhar para o lado, deparando-se com Sebastian, os encarando. Antes que pudesse se afastar, Michael segurou em sua mão, forçando-a a encará-lo. – Eu não estou fugindo, só acho que tudo isso é exagero. – Sua voz demonstrava o desconforto e seu olhar a inquietação. Ela não conseguia olhar em seus olhos sem desviar por alguns segundos.

― Não precisa me olhar como se eu fosse um monstro – A soltou colocando a mão no bolso de sua calça. – Se quiser, pode ir embora – Deu as costas a Lis e foi em direção as escadas. Ele não olhou para trás.

Lis suspirou, arrependida, pelo seu comportamento. Ela sabia de todo o sofrimento que Michael havia passado, mas ainda assim não achava que aquele comportamento e atitude seria o ideal para a situação.

Ele vai acabar fazendo mais vitimas. Mais pessoas como ele. Mais pessoas machucadas.

Pensou ao dar de ombros ao pensar em uma forma de explicar isso a ele, sem que ele retrucasse ou fosse contra.

― Algo aconteceu? – Sebastian perguntou ao se aproximar de Lis, a qual negou diante de sua pergunta. – Então por qual motivo está com uma expressão tão ruim? – Sorriu levemente ao tocar na área entre os seus olhos. – Não faça careta. Isso vai te deixar parecendo mais velha do que é – Pigarreou – Vamos beber?

Lis sorriu, aliviada ao concordar.

― Cerveja?

― Não. Eu realmente quero algo diferente – Lis falou ao suspirar.

***

Augusto bateu a porta de Michael com força atrás de si ao encarar o seu irmão. Desde que as rebeliões começaram no norte do país, Augusto teve a certeza de que Michael estava por trás de tudo. O seu irmão rebelde havia declarado o seu ódio pela família há muito tempo quando voltou do exercito.

― Eu sei que foi você – Augusto falou ao fechar suas mãos, pressionando suas unhas contra a palma de sua mão. – Pare de ser egoísta.

O sorriso demoníaco surgiu no rosto do segundo príncipe ao andar até onde Augusto estava, e o empurrar contra a parede antes de puxar a gola de sua camisa.

― Está tentando ser hipócrita ou maníaco? – Perguntou com uma expressão séria.

A mão de Michael pressionava ainda mais o corpo de Augusto contra a parede. Ele conseguia sentir a respiração de seu amor em seu rosto.

― Estou sendo pratico. Todos devem saber que isso é culpa sua. – Augusto suspirou ao tentar empurrar Michael, sem sucesso. – Seu doente. Pare de ser idiota – Gritou frustrado. – Se desejar destruir o nosso pai ao menos seja mais inteligente.

― Não tem provas sobre minha participação nessas rebeliões.

― Ninguém é burro – Grunhiu – Eles começaram a surgir seis meses depois que retornou do exercito. Michael, sabe que eu não te odeio e entendo o que está passando. – A voz de Augusto foi gentil da mesma forma como eram crianças, o que fez o segundo príncipe, libertá-lo. – Poderia ter pedido a minha ajuda, mas preferiu agir como um lunático. – Meneou a cabeça.

― Eu não tenho nada com isso que está acontecendo – Respondeu frio ao se afastar de seu irmão, sentando-se na cama. – Não vai sair?

A forma displicente com que Michael encarava o seu irmão, fez Augusto gritar em completa frustração.

― Michael, estou te dando um conselho, como seu irmão mais velho. – Respirou fundo – Tome cuidado. Nossa mãe parece querer nos destruir para favorecer Philipe.

― Sabe o motivo? – Ele negou. – Não se preocupe, acredito que tudo vai acabar antes mesmo dela tentar alguma coisa.

O primeiro príncipe simplesmente desistiu de tentar convencer Michael de qualquer coisa. Ajeitou a sua camisa ao ir em direção a porta e o deixou sozinho no quarto.

― Talvez eu precise acelerar tudo mais um pouco – Murmurou ao olhar para a janela.

***

O quarto de Sebastian era diferente do que Lis imaginou. O quarto possuía paredes brancas, um tapete cinza, abajur ao lado da cama, cama de casal e um guarda roupa. Simples e aconchegante, foi o que se passou pela mente dela. Quando aceitou beber com Sebastian, o chefe da guarda real não hesitou ao ir até a cozinha e pegar três garradas de cervejas e uma de vodka além de copos.

Ele a levou até o seu quarto localizado na ala dos empregados, sem se preocupar com os olhares dos empregados.

Lis sentou no tapete e olhou para Sebastian segurando a garrafa de vodka, com ansiedade. Ela não queria pensar em Michael e nem em seu plano em destruir tudo. Em seu intimo, desejava que ele fosse apenas Michael, e não alguém que pensava em vingança.

Esperou Sebastian lhe entregar o copo para pegar a garrafa de sua mão, a abrir e a servir. Bebeu sentindo o gosto amargo fazendo uma careta em seguida.

― Parece que algo deu errado – Sebastian disse ao abrir a cerveja, bebendo no gargalo. – Quer falar sobre isso?

Lis não queria, mas percebeu o olhar ansioso em Sebastian.

― Talvez eu esteja muito parecia com Michael – Sussurrou antes de sorrir e beber mais um gole. – Você sabe o motivo pelo qual o rei me escolheu, não é? – Sebastian desviou o olhar, incomodado. – Não precisa fazer jogo comigo. É por eu ser prima de Klaus, eu já sei. – Sorriu ao dar de ombros – Mas sei que não é a única coisa. Eu quero saber a verdade, e além disso prometeu que seriamos um time.

― Se contar vai acabar sendo levada pela insanidade dessa família – Revelou ao colocar a garrafa de cerveja no chão e sentar ao lado de Lis. – Essa família é tóxica. Eles sempre conseguem trazer o que há de ruim da pessoa para fora, e eu quero continuar te vendo como alguém pura. Pura dessa maldade.

Lis sorriu sem graça.

― Sua imagem é realmente grande. Não sou uma garota pura e tenho maldades em minha mente. Muitas – O assegurou ao virar o rosto e o olhar antes de sorrir. Levou o copo até os lábios bebendo mais um gole. – Mas eu realmente queria ajudar uma pessoa. Essa pessoa sofreu ao ser abandonada por todo mundo, sabe? Chorou no meio do nada, foi machucada, foi abandonada e ainda não sabe o que é amar. Isso não é triste? Eu queria poder abraçar essa pessoa e ajuda-la a esquecer toda a dor. É um pensamento egoísta?

A pergunta fez Sebastian negar antes de abaixar a cabeça.

― Talvez essa pessoa não queira ser ajudada. – Pegou a garrafa, bebendo.

― Eu também acho. – Concordou ao beber mais um gole – Só que eu realmente quero ajudar. Como posso fazer isso? – Olhou para Sebastian encontrando-o com o olhar vazio.

― Já tentou abraçar? – Ela gargalhou ao concordar. – Então fique agarrado a ele e não o solte mais. Michael já sofreu demais, ele merece um pouco de felicidade.

Lis abriu arregalou os olhos ao bater no braço de Sebastian.

― Uau! Você é realmente esperto. Sabia de quem eu estava falando. – Disse gargalhando. – Eu deveria te contratar como meu amigo particular, estrategista e o que mais? Ah, segurança.

― Eu já sou seu segurança – A relembrou.

― Mas se o rei demônio falar para me matar, você vai acabar fazendo isso. – Abaixou o tom de voz. – O que é triste, porque você é um amigo para mim.

― Eu sou?

― É claro – Garantiu ao encher o copo novamente. – Eu deveria chamar ele para beber? Ele não parece gostar de beber comigo.

Sebastian sorriu ao olhar para Lis com carinho admitindo para si mesmo o quanto apreciava a companhia da jovem ao seu lado.

― O rei deseja colocar o terceiro príncipe como o herdeiro do trono. A única forma de manchar a reputação de Michael, um herói de guerra. A pressão dos políticos está aumentando devido a insensatez de Augusto. Ele é o tipo de pessoa que gosta de brincar com outras pessoas. Brincar e sorrir da dor delas. Não é uma boa qualidade para o príncipe, e por isso alguns estão falando que o melhor seria colocar Michael como o herdeiro.

― E por eu ser a prima de Klaus dificultaria isso.

― Anularia qualquer chance dele.

― A família dele é bem perversa – Percebeu. – Destruir a vida dele não foi suficiente. – Bebeu mais um gole. – Alguém precisa protege-lo, não é? – Sebastian assentiu diante da logica dele. – E alguém precisa me proteger também. Quer ser meu protetor? – O sorriso bobo na face de Lis, seu rosto avermelhado e seus olhos ligeiramente fechados, o fez assentir ao sorrir. De forma automática, Sebastian acariciou o cabelo dela, colocando atrás de sua orelha. – Isso é uma promessa entre amigos.

― Sim, é sim, Lis.

Ela sorriu ao encará-lo antes de apoiar a sua cabeça em seu ombro.

― Eu quero ver ele, Sebas – Murmurou. – Quero abraçar Michael e dizer que estou aqui para ele e que não importa o que ele fizer, ainda vou ficar ao seu lado.

― Então deveria falar isso a ele. – Suspirou ao sentir o perfume dela.

Lis se remexeu fazendo com que ele a olhasse. Ela parecia estar com o rosto ainda mais vermelho.

―Pode me levar ate ele?

― É claro. Esse é o meu trabalho. – Suspirou ao se levantar e ajuda-la a ficar de pé. Sebastian colocou o braço dela atrás de seu pescoço, enquanto segurava a sua cintura. E foi daquela forma que seguiram em direção ao quarto do segundo príncipe.

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