Amor Sombrio romance Capítulo 45

A primeira coisa que Lis fez ao bater na porta com um sorriso travesso no rosto foi levar o dedo indicador aos lábios indicando a Sebastian para ficar em silêncio. O guarda real assentiu, incerto sobre o que estava fazendo quando o segundo príncipe abriu a porta. A expressão na face de Michael suavizou quando Lis passou os braços pelo seu pescoço, atacando-o.

― Ela pediu para beber – Sebastian disse ao erguer as mãos em sinal de rendimento diante do olhar de Michael em sua direção. – Vou indo – Sorriu levemente antes de dar as costas ao casal e seguir pelo corredor silencioso.

Os braços de Michael rodearam a cintura dela, trazendo-a mais perto. Ele conseguiu sentir o cheiro de vodka, o que o fez sorrir.

― Sempre um poodle alcoólatra – Sussurrou em seu ouvido.

― Eu quero te abraçar e ficar do seu lado – Confessou antes de beijar em seu pescoço. – Vou ser sua aliada e acabar com todos esses idiotas.

Michael gargalhou ao dar dois passos para trás levando-a consigo e em seguida, fechou a porta com o seu pé. Ele não conseguia achar um motivo para manter a mulher em seus braços afastada de sua vida e se viu, querendo proteger alguém, mais uma vez em sua vida.

― Eu espero conseguir proteger – Murmurou em meio ao suspiro. – Você será feliz, Lis Muller.

― Vou ser feliz se você ficar ao meu lado e segurando uma garrafa de vodka – Gargalhou ao apoiar a sua cabeça no corpo dele. Seus olhos começaram a fechar contra a sua vontade. – Eu não quero dormir. Eu quero ficar com você.

― Feche os olhos. Amanhã vou estar com você. – Prometeu. Lis concordou antes de se aconchegar ainda mais contra ele, sorrindo ao sentir o cheiro dele.

― Eu gosto do seu cheiro. – Sussurrou antes de fechar os olhos.

― Claro que gosta, é um poodle fofo no final de tudo. – Sorriu ao carrega-la em seu colo, caminhando sem dificuldade até a cama e a depositando em cima da mesma. Olhou para ela com um sorriso na face ao tocar em seu cabelo, retirando uma mecha de seu rosto. Por mais que tentasse, ele não conseguia parar de olhar para ela. – Eu preciso fazer tudo isso para destruir minha família, mas não quero a levar junto comigo. O que eu deveria fazer?

Suspirou ao se deitar ao lado dele e a olhar até fechar os olhos. Ele estava cansado demais para pensar em uma solução.

***

Lis abriu os olhos fazendo uma careta assim que se recordou da conversa com Sebastian e da forma como havia abraçado Michael. Levou a mão até o seu rosto, sorrindo sem graça, até olhar para o lado e se deparar com Michael adormecido ao seu lado. Sua respiração calma, seus olhos fechados, seus lábios entreabertos e a forma como seu rosto parecia pacifico. Tudo a fez ter vontade de tocar em seu rosto, e cuidadosamente, tocou em sua testa descendo até seu nariz e em seguida para seus lábios, contornando-os.

― E agora? – Michael murmurou, a assustando. Lis se viu paralisada antes de sorrir e tocar em seus cabelos. – Vai continuar me atacando? Isso é assédio sexual, sabia?

― É errado atacar o meu noivo? – A pergunta travessa o fez sorrir ao abrir os olhos. – Tudo o que eu disse ontem era verdade. – Ele assentiu ao estender seus braços, e ela o abraçar em seguida. – Então, não me afaste.

― Seria difícil afastar um poodle. Eles podem ser irritantes, sabia? – Respondeu sorrindo ao acariciar o cabelo dela. – Só, me escute quando eu falar algo.

― Quer que eu te obedeça, não é? – Ele assentiu. – Não gosto disso.

― Claro que não gosta. Mas precisa fazer isso. – Lis se aconchegou ainda mais contra seu corpo, aproveitando-se do calor dele. – E acho que será melhor voltarmos para a Inglaterra.

Lis havia pensado sobre isso, mas não via como Michael iria destruir a sua família estando tão longe. Ergueu a cabeça, encarando-o friamente. Ela percebeu que ele pretendia afastá-la dele.

― Não vou sem você. – Declarou firme.

― Está ficando muito esperta. – Suspirou – As coisas podem ficar perigosas ainda mais se meu pai descobrir tudo.

― Melhor dois em perigo do que um, não acha? – A sua pergunta fez com que ele suspirasse ao se negar. Michael preferia que Lis estivesse longe quando finalmente tudo desmoronasse. Ele iria levar a publico todos os crimes de seu pai, e não pretendia mante-la ao seu lado. Ele não queria a ver machucada. – Estou falando sério, não vou sem você.

― E se fosse com Philipe?

― O problema não é a companhia. Eu só tenho mais um mês ao seu lado, talvez dois, e ainda assim está pedindo que eu vá embora?

― Imaginei que já tivesse desistido dessa ideia – Michael falou ao afastá-la, se levantar, sentando-se na cama. Não demonstrou vergonha ao ver o modo como ela encarava as cicatrizes em suas costas. Ela o olhava com compaixão. – Lis, não use esse argumento como desculpa. Nós dois decidimos que iria ficar ao meu lado para me conquistar, mas não quero a ver machucada, e por isso estou pedindo para que vá embora.

Ela sorriu, incrédula ao se levantar da cama e fazer uma careta. Ela odiava a forma racional com que Michael pensava.

― Se continuar assim vai acabar sozinho. Como posso fazer você se apaixonar por mim, se nem ao menos está querendo que eu fique ao seu lado? – Gritou frustrada ao ir para o banheiro, trancando a porta. Se encostou na porta e olhou para o espelho em sua frente. Ela não tinha ideia do que estava fazendo com a sua vida e seus sentimentos. – Não é como se eu quisesse deixar ele no comando. Não vou deixar que ele faça o que quiser com meus sentimentos. – Declarou determinada ao erguer a cabeça e abrir a porta do banheiro, contudo antes que pudesse falar alguma coisa, seus olhos encararam Philipe com horror e em seguida gritou antes de dar um passo para trás e fechar a porta. Philipe estava conversando com Michael. – Merda. – Murmurou ao levar a mão ate seu rosto.

Michael piscou ao ver a porta do banheiro ser fechada e em seguida encarou o seu irmão, o qual mantinha um sorriso bobo no rosto. Sem pensar, Michael bateu na cabeça de Philipe com força, fazendo-o o olhar com raiva.

― Não deveria olhar para a mulher do seu irmão – Grunhiu antes de cruzar o braço em frente ao seu corpo, sem se importar em estar sem roupas na frente de seu irmão. – E o que veio fazer aqui?

― Precisamos conversar – Levou a mão até sua cabeça e olhou ao fazer uma careta para Michael. – Não precisava me bater.

― A sua cara me deu raiva. Diga logo o que é.

― Seria melhor falarmos em outro lugar.

― Diga de uma vez. – Revirou os olhos. – Estou impaciente.

Philipe suspirou ao se aproximar de Michael, e sussurrar em seu ouvido.

― A rainha veio até mim e falou sobre eu ser o sucessor do trono. O que está acontecendo? – Afastou-se em seguida, enxergando Michael sem esboçar qualquer emoção. – Sei que você ou Augusto devem saber de algo.

― Se eu souber, o que irá fazer? – Philipe não soube responder. –Exatamente. Você não sabe como lidar com nossa família. Passou tanto tempo nesses seus jogos de sadomasoquismo que nem ao menos sabe como manipular nossos pais. Se eu contra, isso não vai mudar em nada. Você não vai saber o que fazer e provavelmente, vai atrapalhar qualquer plano que eu ou Augusto tenha.

― Está me tratando como um idiota.

― Para isso, você é, irmãozinho. O que mais quer falar?

A raiva era nítida na face do terceiro príncipe e ainda assim, Michael deu de ombros ao olhar para a porta. Ele não pretendia perder tempo com o seu irmão quando ainda precisava decidir sobre como faria Lis se afastar daquele palácio antes que a segunda fase do seu plano começasse.

― Eu imaginei que em algum momento teria parado de ser imbecil, mas me enganei – Philipe falou ao sorrir friamente. – Eu realmente espero que você e Augusto acabem com tudo isso e percebam a realidade cruel longe desse palácio. Sem isso, vocês não são nada. Você nem ao menos tem um trabalho, enquanto Augusto é um mulherengo. Vocês agem como se fossem importantes, mas no fundo são tão patéticos quanto nossa mãe é, ao pensar que vou seguir com os planos dela.

Deu as costas a Michael e saiu do quarto batendo a porta com força.

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