Lis manteve um sorriso na face ao olhar para Michael, o qual permanecia sentado ao seu lado na mesa de jantar mantendo um irônico sorriso na face. O rei mantinha uma expressão cansada na face, enquanto a rainha permanecia impassível.
― Minha nação está rodeada por rebeliões e você está rindo? – O rei gritou raivoso ao olhar para Michael. – Que tipo de monstro faz algo assim? – O seu questionamento trouxe expressões de desgosto na face de todos os príncipes. Todos se calaram desejando gritar que a culpa de Michael ter se tornado daquela forma havia sido apenas dele. – Se a imprensa mundial não estivesse olhando para o nosso país, estaria sendo morto agora.
Michael ergueu o olhar, encarando o seu pai com frieza.
― Realmente acredita que eu ficaria parado? – Michael falou calmo ao manter seu olhar no rei. – Não sou mais o príncipe idiota e ingênuo que enviou para a morte, papai. Sei matar uma pessoa agora, e devo lhe agradecer por isso.
― Isso é uma ameaça? – Glória indagou ao olhar para Michael, suspirando em seguida. – Estou cansada de minha família lutar entre si. Nosso país precisa que fiquemos unidos, então parem com essas bobagens.
― E o que espera que a gente faça? – Michael perguntou sem curiosidade ao olhar para Lis, piscando atrevido. Ele tentava se controlar ao ver o desespero na face das duas pessoas que destruíra a sua vida. E se pudesse, ele falaria que o responsável por incitar as rebeliões e organizar o ataque havia sido ele. – Espero que não esteja propondo aparecer na televisão. – E ao ver a sua mãe desviou o rosto, gargalhou. – Essa tática não funcionará, apenas vai deixar os rebeldes com mais raiva. – Se levantou da mesa afastando a cadeira com força, estendendo a mão para Lis em seguida. – Por mais que eu esteja adorando ver o rosto de desespero de vocês, vou embora.
― O que quer dizer? – Augusto perguntou, confuso. O primeiro príncipe sabia que Michael havia esperado toda a sua vida para destruir sua família, e não conseguia compreender o motivo dele dar as costas.
― Significa que vou embora com Lis. Ela tem aula e eu preciso voltar para beber o restante de vodka que tenho no apartamento.
Michael sorriu ao ver o rosto de Lis e se viu aliviado quando ela apertou sua mão com força ao segurá-la. Ele sabia que por mais que não estivesse ali, a rebelião iria continuar e tudo o que precisava fazer era liberar os documentos que mantinha escondido para a mídia, e logo a monarquia deixaria de existir.
Quando tudo isso ruir, eu ainda quero ter a Lis ao meu lado, sorrindo.
Pensou ao puxá-la na direção oposta aos gritos do seu pai. Caminharam pelo palácio de mãos dados ignorando os olhares dos empregados seguindo em direção a porta que dava acesso ao portão. Ele estava fugindo de todos.
― Não deveríamos pegar nossas coisas antes? – Lis perguntou ao olhar para Michael com carinho.
― Prefiro não dar chances ao meu pai. Vamos para o aeroporto. Já deixei algumas pessoas encarregadas de fazerem as malas e enviarem tudo.
― Ainda preciso do passaporte – Murmurou até ele retirar do bolso de sua calça dois passaportes e balançar. – Já pretendia fazer aquele show. – Percebeu sem ao menos se sentir surpresa. Viver com Michael estava a transformando em uma pessoa diferente. Michael havia a deixado mais fria e menos suscetível a surpresas, ela vivia como se esperasse tudo o que ele fazia. E por algum motivo, se viu hesitando ao imaginar a sua vida ao lado de alguém daquela forma.
Lis não queria se tornar outra pessoa, e muito menos viver como se esperasse o pior da pessoa ao seu lado.
Parou soltando a mão dele fazendo com que Michael a olhasse com o olhar repleto de confusão.
― Você é pior do que um incêndio, sabia? – Falou ao passar a mão pelos seus cabelos. – Quanto mais me aproximo, mais me sinto queimada. Cada vez que fico ao seu lado saio com alguma cicatriz. Algo que faz com que eu mude a forma de pensar e sentir as coisas a minha volta.
― Isso não é bom? – Indagou com a voz neutra ao olhar para os lados. Eles estavam parados no meio do jardim, próximos ao portão. – Deveria parar de pensar tanto.
― Você deve estar certo. Eu sempre pensei demais. – Concordou – Pensei muito antes de aceitar esse casamento, pensei muito antes de aceitar meus sentimentos por você, e continuo pensando no quanto estou mudando. Mas e você? O que minha influencia tem feito em sua vida? – Ela não precisava escutar a resposta para saber que nada do que fizera tinha significado para ele. Suspirou ao ver o modo como ele olhou para baixo, demonstrando desconforto. – Michael, eu entendo, de verdade, mas não posso ficar com alguém assim.
― Lis, está pedindo muito de uma única vez.
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