Amor Sombrio romance Capítulo 46

Lis manteve um sorriso na face ao olhar para Michael, o qual permanecia sentado ao seu lado na mesa de jantar mantendo um irônico sorriso na face. O rei mantinha uma expressão cansada na face, enquanto a rainha permanecia impassível.

― Minha nação está rodeada por rebeliões e você está rindo? – O rei gritou raivoso ao olhar para Michael. – Que tipo de monstro faz algo assim? – O seu questionamento trouxe expressões de desgosto na face de todos os príncipes. Todos se calaram desejando gritar que a culpa de Michael ter se tornado daquela forma havia sido apenas dele. – Se a imprensa mundial não estivesse olhando para o nosso país, estaria sendo morto agora.

Michael ergueu o olhar, encarando o seu pai com frieza.

― Realmente acredita que eu ficaria parado? – Michael falou calmo ao manter seu olhar no rei. – Não sou mais o príncipe idiota e ingênuo que enviou para a morte, papai. Sei matar uma pessoa agora, e devo lhe agradecer por isso.

― Isso é uma ameaça? – Glória indagou ao olhar para Michael, suspirando em seguida. – Estou cansada de minha família lutar entre si. Nosso país precisa que fiquemos unidos, então parem com essas bobagens.

― E o que espera que a gente faça? – Michael perguntou sem curiosidade ao olhar para Lis, piscando atrevido. Ele tentava se controlar ao ver o desespero na face das duas pessoas que destruíra a sua vida. E se pudesse, ele falaria que o responsável por incitar as rebeliões e organizar o ataque havia sido ele. – Espero que não esteja propondo aparecer na televisão. – E ao ver a sua mãe desviou o rosto, gargalhou. – Essa tática não funcionará, apenas vai deixar os rebeldes com mais raiva. – Se levantou da mesa afastando a cadeira com força, estendendo a mão para Lis em seguida. – Por mais que eu esteja adorando ver o rosto de desespero de vocês, vou embora.

― O que quer dizer? – Augusto perguntou, confuso. O primeiro príncipe sabia que Michael havia esperado toda a sua vida para destruir sua família, e não conseguia compreender o motivo dele dar as costas.

― Significa que vou embora com Lis. Ela tem aula e eu preciso voltar para beber o restante de vodka que tenho no apartamento.

Michael sorriu ao ver o rosto de Lis e se viu aliviado quando ela apertou sua mão com força ao segurá-la. Ele sabia que por mais que não estivesse ali, a rebelião iria continuar e tudo o que precisava fazer era liberar os documentos que mantinha escondido para a mídia, e logo a monarquia deixaria de existir.

Quando tudo isso ruir, eu ainda quero ter a Lis ao meu lado, sorrindo.

Pensou ao puxá-la na direção oposta aos gritos do seu pai. Caminharam pelo palácio de mãos dados ignorando os olhares dos empregados seguindo em direção a porta que dava acesso ao portão. Ele estava fugindo de todos.

― Não deveríamos pegar nossas coisas antes? – Lis perguntou ao olhar para Michael com carinho.

― Prefiro não dar chances ao meu pai. Vamos para o aeroporto. Já deixei algumas pessoas encarregadas de fazerem as malas e enviarem tudo.

― Ainda preciso do passaporte – Murmurou até ele retirar do bolso de sua calça dois passaportes e balançar. – Já pretendia fazer aquele show. – Percebeu sem ao menos se sentir surpresa. Viver com Michael estava a transformando em uma pessoa diferente. Michael havia a deixado mais fria e menos suscetível a surpresas, ela vivia como se esperasse tudo o que ele fazia. E por algum motivo, se viu hesitando ao imaginar a sua vida ao lado de alguém daquela forma.

Lis não queria se tornar outra pessoa, e muito menos viver como se esperasse o pior da pessoa ao seu lado.

Parou soltando a mão dele fazendo com que Michael a olhasse com o olhar repleto de confusão.

― Você é pior do que um incêndio, sabia? – Falou ao passar a mão pelos seus cabelos. – Quanto mais me aproximo, mais me sinto queimada. Cada vez que fico ao seu lado saio com alguma cicatriz. Algo que faz com que eu mude a forma de pensar e sentir as coisas a minha volta.

― Isso não é bom? – Indagou com a voz neutra ao olhar para os lados. Eles estavam parados no meio do jardim, próximos ao portão. – Deveria parar de pensar tanto.

― Você deve estar certo. Eu sempre pensei demais. – Concordou – Pensei muito antes de aceitar esse casamento, pensei muito antes de aceitar meus sentimentos por você, e continuo pensando no quanto estou mudando. Mas e você? O que minha influencia tem feito em sua vida? – Ela não precisava escutar a resposta para saber que nada do que fizera tinha significado para ele. Suspirou ao ver o modo como ele olhou para baixo, demonstrando desconforto. – Michael, eu entendo, de verdade, mas não posso ficar com alguém assim.

― Lis, está pedindo muito de uma única vez.

― Eu sei. Eu estou sendo egoísta e, provavelmente estou sendo má com você. Não acha isso? – Michael concordou ao balançar a cabeça, a fazendo sorrir levemente. – Se eu for com você, o que acha que vai acontecer?

― Vamos continuar noivos, é claro.

― Sim, e eu também te conquistar, não é? – Ele assentiu ao fazer uma careta. Por mais que desejasse ignorar, Michael sabia o motivo de suas perguntas. Ele percebeu que ela pretendia fugir dele. – Você está certo – Respondeu por fim ao andar em sua direção, passando por ele. – Precisamos pegar um voo, não é? – O seu sorriso, a forma como os olhos dela o encaram com carinho e sua expressão fez com que o príncipe tivesse certeza. Lis Muller iria abandoná-lo.

***

Glória sentou na beirada de sua cama ao manter o seu olhar em Leopold. Desde o momento em que Michael sentou-se na mesa do jantar, ela soube que ele pretendia fazer alguma coisa ou acusa-los, mas não tinha planejado que ele fosse desejar sair do país daquela forma. A rainha tinha certeza de que Michael iria ficar até o final, por ansiar ver o fim deles.

― Ele está diferente – Glória falou ao suspirar mantendo sua atenção em seu marido. – Deveríamos fazer algo em relação a isso.

― O que espera que eu faça? Michael pretende sair do país. Ele não se importa com nada que acontece aqui.

― Por isso deveria manda-lo para controlar os rebeldes – Sorriu. – Se ele morrer, não fará muito diferença no final de tudo, já que temos Augusto e Philipe.

― Sabe muito bem que Augusto precisa ser afastado por causa de Regina. O parlamento tem preocupações em relação a ele. A sua fidelidade ao país. – Glória sorriu, como se esperasse por aquele comentário. – E não me diga para colocar Philipe como herdeiro do trono. Aquele menino vive fazendo jogos doentios com as empregadas. É isso que espera de um rei?

― Pretende colocar o louco do Michael? Ele é tão desequilibrado que pode mandar matar qualquer um que for contra a sua palavra.

― Michael não faria algo assim.

― Ele tem tentando matar a sua noiva, constantemente. O que acha que ele pode fazer com outras pessoas? – Revirou os olhos, raivosa. – A nossa única chance é Philipe. – Decretou ao se levantar da cama. – Se for tolo para pensar em colocar Michael como o herdeiro do trono, terá que arcar com as consequências sozinho.

― Fala como se em algum momento arcasse com as consequências de suas decisões. Por sua causa, enviei o meu filho para a guerra. Você disse que ele ficaria protegido e que tudo seria apenas uma forma de controlar a sua insensatez, mas o que aconteceu? Ele foi sequestrado, e retornou como um monstro.

― Retornou como um monstro porque se recusou a pagar aos seus sequestrados, não me culpe – O advertiu, séria. – Faça o que quiser, mas saiba que Philipe é a esperança para este país.

Leopold meneou a cabeça ao olhar para a janela, repudiando suas decisões do passado.

***

Assim que avião pousou em Londres, Lis ligou o seu celular digitando uma mensagem rapidamente sem que Michael visse. Ela tinha pouco tempo com ele antes que conseguisse escapar.

Antes que pudesse fugir do homem que amava.

Meu amor não é suficiente para curá-lo de sua dor, e não quero ser a única apaixonada a vida toda. Eu preciso seguir em frente assim como ele também. Michael precisa procurar um medico, um psiquiatra, e eu preciso parar de amá-lo.

Decidiu ao fechar os olhos por alguns segundos.

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