Apenas Clara romance Capítulo 95

Clara Rocha acompanhou João Cavalcanti de volta à Villa Azul Verde. Sabia que, uma vez que ele tomava uma decisão, não adiantava insistir.

João Cavalcanti digitou a senha para destravar a porta. Ele entrou primeiro, Clara logo atrás.

Assim que a luz da entrada se acendeu, ele tirou o casaco com calma, depois o relógio de pulso. Naquele ambiente apertado, cada gesto dele parecia carregado de uma certa agressividade, algo que, involuntariamente, a fazia se sentir em perigo.

— Vou dormir no quarto de hóspedes.

Ela deixou claro sua posição e passou por ele em direção ao quarto.

João Cavalcanti a acompanhou com o olhar, mas não disse nada.

Clara Rocha entrou no quarto e, instintivamente, trancou a porta.

Ela estava com medo.

Medo de perder o controle, e não queria perder o controle.

Tinha ainda mais medo de se deixar abalar por isso.

...

No dia seguinte, Clara Rocha chegou cedo ao hospital. Do lado de fora da UTI, dois seguranças diferentes estavam de plantão, provavelmente trocando turno.

Clara entrou no quarto. O pai dela já estava lá, trazendo café da manhã para a mãe.

A mãe de Clara olhou para ela, com um ar cansado, talvez por não ter dormido bem à noite.

— Clara, aqueles homens do lado de fora... são do João, não são?

Antes que Clara respondesse, o pai interveio:

— Fora os homens dele, seriam de quem mais?

No início, o pai de Clara valorizava João Cavalcanti principalmente pela sua poderosa família.

A família Cavalcanti era uma das mais influentes do círculo social, alvo de aspiração de todas as famílias tradicionais, algo que a família Rocha talvez não conseguisse alcançar nem em cem anos de esforço.

Aproximar-se deles significava não só ascensão social para os Rocha, mas também um futuro facilitado para o filho.

Mas agora, com o filho naquela situação por causa de uma mulher que João mantinha fora do casamento, o pai de Clara sentia-se dividido ao falar do genro. De um lado, o filho; do outro, o poder.

O Dr. Luan e seu assistente chegaram ao quarto para examinar o paciente. Depois, Clara saiu com o médico.

Depois que o Dr. Luan saiu, Clara voltou para o quarto, mas não teve coragem de contar aos pais a real situação de Hector Rocha.

Quanto aos custos...

Clara parecia ter tomado uma decisão. Ao sair do hospital, marcou um encontro com uma advogada especializada em divórcios, em um restaurante.

Já tinha todos os documentos preparados. Dessa vez, porém, acrescentou uma cláusula: abriria mão de tudo, aceitando apenas um milhão e um apartamento.

A advogada, ao ver a proposta, ficou surpresa:

— Sra. Cavalcanti, a senhora tem certeza de que não quer reivindicar mais nada?

Afinal, seu marido era João Cavalcanti!

Na situação dela, poderia receber muito mais do que um milhão.

Clara sorriu tristemente:

— Não precisa. Um milhão e um apartamento já são o suficiente.