No terceiro dia da viagem a Vale Sereno, Gabriel recebeu uma ligação de Alex, um de seus homens de confiança. Ele informou que Susana havia sido encontrada.
Por coincidência, Helena também já estava cansada de passear e queria voltar para casa e descansar por alguns dias. Assim, os dois arrumaram as malas e retornaram para Cidade J.
Susana, que havia fingido estar grávida e, após ser liberada do centro de detenção, foi sequestrada pelos capangas de Beatriz, tinha sido levada clandestinamente para o País C.
Beatriz havia prometido a Susana que a ajudaria a fugir, fornecendo moradia e emprego no exterior. Porém, essas promessas não foram cumpridas. Em vez disso, Beatriz ordenou que seus homens a vendessem para um esquema de fraudes telefônicas no País C. Lá, Susana sofreu abusos diários, vivendo uma vida pior do que a de um animal.
Os homens de Gabriel a localizaram. O chefe do esquema de fraudes conhecia Gabriel e sabia do poder da família Costa. Com medo de represálias, entregou Susana sem resistência.
…
No porão escuro e úmido, Susana estava amarrada a uma cadeira de madeira. Seu cabelo estava desgrenhado, seu corpo coberto de feridas e hematomas, e seu estado era completamente deplorável.
As marcas em seu corpo, porém, não tinham sido causadas pelos homens de Gabriel. Tudo aquilo era resultado das torturas que ela havia sofrido enquanto estava no esquema de fraudes.
Gabriel entrou pelo corredor do porão. Ele usava um terno preto bem ajustado, que destacava sua figura imponente. Sua presença era fria e opressiva, e o rosto, de uma beleza austera, estava coberto por uma sombra de crueldade.
Ele caminhou até o sofá que estava a três ou quatro metros de Susana e se sentou com calma. Seus olhos, cheios de uma fúria contida, cravaram-se nela.
— Fale. Quem mandou você fazer isso?
Assim que Susana viu Gabriel, seu emocional desmoronou.
— Gabriel, por favor... Não me olhe assim! — A voz dela estava rouca e carregada de desespero. — Não olhe para mim... Eu estou horrível desse jeito.
Gabriel franziu o cenho, claramente irritado. Para ele, Susana não passava de uma criminosa imperdoável. Ele não se importava com sua aparência, muito menos com seu estado.
Sem obter respostas úteis, Gabriel perdeu a paciência. Sua voz ficou ainda mais fria e ameaçadora:
— Você não entende o que eu disse?
Susana balançou a cabeça, chorando.
— Eu... Eu não posso te contar. Eu fui forçada! Gabriel, por favor, me deixe ir. Pense em todos esses anos em que eu te amei...
Os olhos de Gabriel permaneceram gelados, sem qualquer traço de compaixão.
— Se você falar, eu deixo você ir.
— Gabriel, o que você vai fazer comigo?
Seu rosto estava pálido, ainda molhado pelas lágrimas.
Gabriel não respondeu. Com os olhos frios e distantes, ele se virou de costas e começou a caminhar para fora do porão.
— Gabriel, não vá! — Susana gritou em desespero. — Fique comigo por mais um tempo, por favor!
A voz dela era carregada de uma tristeza quase insuportável, cheia de súplica.
— Durante o mês que passei naquele lugar, Gabriel, eu fui tratada como um animal. Eu... Eu...
Ela começou a soluçar, incapaz de conter as lágrimas.
— Eu fui estuprada por aqueles monstros! Eles são piores do que animais! Todos os dias eu apanhava. A comida que me davam era pão mofado e sopa que era só água. Nem folhas de verduras eu via. Aquela comida era pior do que lavagem para porcos. Gabriel, eu quase não sobrevivi!
Susana chorava incontrolavelmente.
— Durante todo esse tempo, você foi minha única esperança. Só de pensar em você, eu conseguia forças para continuar vivendo...

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