Lorenzo saiu do quarto de hóspedes e parou no corrimão da escada do segundo andar. Seu rosto mostrava uma expressão não muito agradável, com as sobrancelhas franzidas. Ele provavelmente estava irritado por ter sido acordado, emanando um mal humor matinal. No entanto, era compreensível. Se tivesse sido acordado às quatro da manhã, Tatiana também não teria um semblante amigável.
- Desculpe, eu não consegui encontrar o interruptor, acabei fazendo barulho demais e te acordei...
Tatiana mal conseguia se lembrar da sua bebedeira da noite anterior, e menos ainda do porque estava na Mansão Riacho Belo. De qualquer forma, ela estava hospedada na casa de outra pessoa e precisava ser cortês.
Do alto, Lorenzo a fitava friamente e, após ouvir suas palavras, soltou um som desdenhoso.
Se não estivesse enganado, essa casa ainda estava no nome dela. E ela nem sabia onde ficava um interruptor.
Ele olhou para baixo, para a mulher de braços cruzados, e falou com um tom de voz carregado de ironia:
- Então, Sra. Borges, você acorda no meio da madrugada já planejando fugir da minha casa?
Ele sabia que Tatiana já estava sóbria, não era mais a mulher frágil em seus braços. Mas Lorenzo ficou furioso só de pensar que ela já queria ir embora.
Tatiana, ainda confusa, não entendia a raiva dele. Ela só sabia que estava com frio e fome, e tentou explicar:
- Eu não estava planejando ir embora, nem teria como ir agora. Eu estava só...
- Então, se tivesse um carro ou alguém viesse te buscar, você iria embora agora? - Interrompeu Lorenzo com a voz gelada.
Tatiana ficou irritada com a irracionalidade dele.
- E se eu fosse? Eu nem perguntei por que estou morando aqui!
Por que ele tinha que ser tão hostil? Mesmo que ela quisesse ir embora, não era da conta dele.
Lorenzo estava prestes a replicar, quando foi interrompido por um alto ronco vindo do estômago de Tatiana. O som prolongado parecia protestar contra a discussão dos dois, ecoando pela mansão vazia.
Lorenzo ficou atônito. Tatiana também. Em seguida, suas orelhas começaram a esquentar, e suas bochechas ficaram rubras. Em poucos segundos, ela sentiu como se tivesse passado um século, uma eternidade tão longa que fez Tatiana querer se enterrar ali mesmo. Com um ar de desespero, ela fechou os olhos.
Lorenzo, no andar de cima, ficou atônito por um momento antes de perceber o que estava acontecendo e soltar uma risada suave.
Ele se lembrou que ela não tinha comido nada.
- Acordou com fome? - Perguntou Lorenzo, ainda sorrindo, com a raiva já dissipada, se apoiando preguiçosamente no corrimão.
Mas Tatiana não queria dar atenção a ele.
Ela só queria entender por que sempre passava por situações embaraçosas na frente dele.
Da última vez foi a menstruação, e agora...
Que vergonha!
Tatiana estava furiosa.
Ela nem queria mais ir à cozinha procurar algo para comer. Com olhos cheios de ressentimento, ela olhou para Lorenzo.
- Cadê o meu celular?
Ela não queria ficar ali nem mais um minuto!
Lorenzo não respondeu à pergunta dela e começou a descer as escadas calmamente. Ao chegar perto dela, observou o pijama que ela usava e franziu levemente a testa.
- Tem comida na geladeira, e também bife congelado. Também deve ter macarrão guardado, pode pegar o que quiser. - Ele pegou uma almofada dobrável do sofá, que se transformava em uma manta pequena, e cobriu Tatiana com ela. - Não mexi no seu celular. As suas roupas e a sua bolsa estão no quarto principal. Primeiro, diga o que quer comer. Depois resolvemos o resto.
- Quem trocou a minha roupa?
Tatiana se agarrou ao ponto crucial de sua fala, se esquecendo do celular, e perguntou com os olhos arregalados.
Lorenzo relaxou as mãos e, interrompendo seus passos que se dirigiam à cozinha, olhou com um sorriso leve para a mulher à sua frente.
- O que a Sra. Borges acha?
Ele baixou intencionalmente a voz, especialmente ao dizer aquele título.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após divórcio, ex-marido implora por reconciliação todo dia
Por favor, continuem esse livro!...