Resumo do capítulo Capítulo vinte e um do livro Bela Flor - Romance gay de Evy Maze
Descubra os acontecimentos mais importantes de Capítulo vinte e um, um capítulo repleto de surpresas no consagrado romance Bela Flor - Romance gay. Com a escrita envolvente de Evy Maze, esta obra-prima do gênero Erótico continua a emocionar e surpreender a cada página.
Dormir dentro dos braços de Hyun-Suk é com certeza um dos melhores lugares que há.
Eu me senti protegido depois de, infelizmente, não controlar meu coração e minhas emoções, explodindo como uma gigantesca bola de problemas acumulados e que somente no choro, encontra um pouco de alívio.
Mas acordar com o som de alguns pássaros na varanda foi a parte favorita após a noite quieta.
Sorri ao ver que Mingu estava atento aos pássaros também, mas por causa da cortina densa que cobria a janela, ele não conseguia saber o que realmente fazia aquele som. Então, sorrateiro, eu me aproximei dela e a abri, mantendo a janela fechada por segurança, mas vendo-o atento quando cerca de cinco pássaros voaram e outros três pousaram.
Sorri ao vê-lo ficar somente sobre as patinhas traseiras, quando as da frente se apoiaram no vidro. Dava para ver nos olhinhos quase totalmente tomados pelas pupilas dilatadas que ele queria muito ir até lá.
ㅡ Eu não sou nem doido de abrir aqui, se você cair é capaz do seu papai me xingar em três línguas diferentes.
ㅡ Quatro. ㅡ ouvi a voz rouquinha de Hyun-Suk e me virei para vê-lo com os cabelos arrepiados.
ㅡ Te acordei?
ㅡ A luz... sou sensível quando é pela manhã.
ㅡ Ah, me desculpe então, eu não sabia.
ㅡ Não se desculpe, está tudo bem. ㅡ ele bocejou e sorriu, batendo contra o colchão. ㅡ agora vem aqui, uh? Fica mais um pouco comigo na cama.
Caminhei até si e o vi me observar até que estivesse sentado bem ao seu lado. Deitei-me e o abracei quando ele parou ao meu lado, me observando bem de perto.
ㅡ Eu não escovei os dentes, estou com bafo.
Hyun-Suk riu, ainda tinha o rosto bem amassadinho e inchado, mas negou.
ㅡ Não está não. ㅡ sussurrou, me dando um breve selar, antes de suspirar e deitar a cabeça em meu ombro.
Fiz carinhos pequenos em seus cabelos enquanto encarava o teto. As lembranças da noite passada me viam com força, mas eu me sentia ainda mais envergonhado.
ㅡ Sobre ontem, me desculpe.
ㅡ Já disse, você não precisa se desculpa, Jaejun. Está tudo bem.
ㅡ Eu te assustei.
ㅡ É claro que assustou, mas porque eu me preocupo com você. Pensei ter feito algo de errado com você.
ㅡ Não foi por causa de você, você me ajudou.
ㅡ Então foi pelo quê?
Dei de ombros.
ㅡ Eu sempre fui bagunçado assim, desde que fiquei sozinho, eu... venho tendo as crises com um pouco mais de frequência.
ㅡ Mas porque elas ocorrem? Você já buscou ajuda para isso?
ㅡ Eu nunca tive condições. Mas agora eu tenho e eu vou, eu sei que preciso de ajuda para isso. Mas acredito que eu só esteja exausto, quando a minha mente se enche de coisas que me fazem ter lembranças e sentimentos fortes demais, eu não consigo manter dentro de mim.
ㅡ Mas ontem estava tudo bem, não foi? Nós fomos até a boate, você gozou, estava relaxado, não estava?
Sorri sem jeito, Hyun-Suk parecia tão à vontade falando daquele modo enquanto brincava com os poucos pelos que haviam embaixo do meu umbigo. Ele descia e subia os dedos, me causando uma sensação de cócegas bastante gostosa.
ㅡ Eu gozei, mas... sabe... ontem nós falamos sobre nossas mães, e eu lembro sempre da minha, ela é um dos motivos em que eu sempre me descontrolo.
ㅡ Mas por quê? ㅡ dessa vez ele ergueu os olhos e eu tive que suspirar.
ㅡ Quando a minha mãe morreu, ela sabia que nós morreríamos. Eu... eu me lembro dela falando palavras reconfortantes para mim, mesmo quando eu não queria dormir como ela e o papai dormiram pela última vez. Mas ela disse que eu precisava, então eu chorei. Falar dela, lembrá-la como a mulher doce que ela era e o fim que ela teve, isso... isso faz meu coração acelerar. ㅡ busquei sua mão e a coloquei sobre meu peito. Ele pôde senti-lo desesperado, então seus olhos outra vez vieram para os meus, mas estavam preocupados. ㅡ eu consigo me controlar agora, eu só preciso não focar nele ou a sensação de que tudo vai explodir dentro de mim volta. Talvez... talvez ver a sua ex tenha me feito sentir desconforto, mas só porque eu já estava sentindo um mar de coisas em mim e ela apareceu quando eu queria sumir.
ㅡ Me desculpe por ter de sentir isso. ㅡ Hyun-Suk se arrastou um pouco e parou com o rosto perto do meu. Sua boca deixou um selar sobre minha testa. ㅡ me desculpe, Sunhee não é uma má pessoa, mas eu deveria ter te contado sobre ela, que ela ainda mora comigo.
ㅡ Você deveria... mas está tudo bem agora.
ㅡ Está mesmo?
Sorri ao assentir e sentir seus lábios em minha testa outra vez.
ㅡ Eu quero fazer tudo certo com você, Jaejun. Então me fale sempre que algo te incomodar, tudo bem?
ㅡ Não garanto que falarei, mas vou tentar.
Hyun-Suk cerrou os olhos de forma engraçada, mas só me deu outro beijo ㅡ desta vez nos lábios ㅡ antes de se erguer.
ㅡ O dia está lindo ㅡ falou, indo para o banheiro. ㅡ o que me diz de usarmos a piscina?
ㅡ Você não tem cara de quem gosta de passar o dia numa piscina.
ㅡ Não tenho mesmo. ㅡ ele respondeu já com a escova na boca. ㅡ mas quero te ver nadando.
ㅡ E quem te disse que eu sei nadar?
ㅡ Você não sabe?
Ergui-me, indo até ele e neguei.
ㅡ Eu sei não afundar, e sei bater as mãos e os pés no mesmo ritmo, Taeshin me ensinou, mas eu não sei fazer mais que isso, quase não saio do lugar quando tento nadar e ir para o meio da piscina é com certeza não! Eu tenho medo de morrer.
Hyun-Suk riu, cuspindo a espuma da escova quando eu comecei a escovar meus dentes também.
ㅡ Então eu vou te ensinar a nadar, o que acha?
ㅡ Não vai me deixar morrer?
ㅡ Eu nunca te deixaria morrer, sabe disso.
O olhei através do espelho e sorri ao vê-lo chamar por Mingu, recebendo o gatinho nos braços.
ㅡ Vou colocá-lo de volta no quarto e vou limpar a caixinha de areia, esse cheiro está me deixando louco.
ㅡ Ora, ora... então quer dizer que o CEO Park Hyun-Suk, herdeiro de um legado imperial, limpa a caixinha do próprio gato?
Hyun-Suk não respondeu, mas revirou os olhos e riu.
ㅡ Eu volto já, te empresto um dos meus shorts de banho.
ㅡ Estou ansioso para isso. ㅡ Mentira, eu queria mais era vê-lo num daqueles shorts também.
Céus, eu estou me tornando um safado!
Terminei de escovar meus dentes e voltei para o quarto. Não sabia como era a ordem na casa de Hyun-Suk, mas me senti um pouco desconfortável em deixar a cama para que outra pessoa arrumasse, então tratei de eu mesmo arrumar.
E foi só quando terminei de deixar os lençóis alinhados que olhei para a janela. Haviam ainda mais pássaros na sacada, e como Mingu não estava mais no quarto, me atrevi a abrir as portas e me assustei levemente quando todos saíram voando, indo para as diversas árvores que haviam no vasto jardim frontal e lateral.
Dali, apoiado na sacada de pedra, eu me surpreendi ainda mais com a visão de todo o terreno. A noite eu não pude ver, mas agora consigo visualizar o campo de tênis que há mais ao fundo do terreno. É uma área cercada e vazia. Imagino que Hyun-Suk goste de praticar tal esporte, e sorrio ao imaginá-lo de camisa polo, shortinho e faixa na cabeça.
Ouço o som da porta do quarto voltar a se abrir e olho-o sobre o ombro. Hyun-Suk caminha até seu closet, e eu decido ficar mais um pouco para sentir a paz que esse lugar tem.
É até mesmo incrível por não ter casas vizinhas tão próximas.
Isso deveria ser chamado de paraíso!
ㅡ Meu bem? ㅡ Ouço-o me chamar.
Hyun-Suk tem dois shorts sobre as mãos e eu rio porque são idênticas.
ㅡ Qual você prefere?
ㅡ Há diferença?
ㅡ Só a marca. Essa é Balenciaga, a outra é Calvin Klein.
Eram idênticos!
ㅡ Essa daqui. ㅡ busquei a Calvin Klein. ㅡ vai vestir a outra?
Hyun-Suk só assentiu, começando a retirar a roupa bem a minha frente.
ㅡ Vai ficar nu aqui?
ㅡ Onde quer que eu fique?
ㅡ Hyunie...
ㅡ O quê? Não consegue mais resistir a mim?
ㅡ Aish!
Ouvi sua risada alta, mas nos assustamos quando batidas sutis foram dadas na porta e a voz feminina no lado de fora perguntou:
ㅡ Estão pelados?
Arregalei meus olhos. Hyun-Suk, entretanto, só riu.
Ele estava sem camisa, mas seu short do pijama ainda continuava no melhor lugar possível.
ㅡ É Sunhee. ㅡ ele disse rindo. ㅡ não, estamos devidamente vestidos. ㅡ e a respondeu, me deixando ainda mais envergonhado quando ela abriu a porta e encaixou o rosto na fresta aberta.
ㅡ Bom dia. Vim chamar vocês para o café da manhã, a unnie não gosta de esperar.
ㅡ Já estamos indo. ㅡ Hyun-Suk respondeu.
Os olhos da mulher vieram até mim, então fui rápido em fazer uma pequena reverência e responder seu bom dia.
ㅡ Vão aproveitar o dia de sol na piscina? ㅡ Hyun-Suk assentiu. ㅡ posso ir junto?
Eu não gostava de me sentir algo que fizesse as pessoas pensarem antes de agir, mas Hyun-Suk claramente já teria a respondido caso eu não tivesse aqui. Mas, diferente disso, ele me olhou e buscou em meus olhos uma resposta para a pergunta dela.
Eu assenti devagar, não querendo que ela talvez me odiasse por achar que eu estaria retirando-o de si por causa de ciúmes.
E, estranhamente, eu não sentia ciúmes dela, é só um incômodo comum quando desconhecidos adentram a nossa área de conforto.
Sunhee pareceu animada ao ver Hyun-Suk assentir e pediu para não atrasarmos para o café da manhã.
Quando a porta voltou a fechar-se, o silêncio que tomou o quarto era estranho. Hyun-Suk parecia pensativo, mas quando voltou a me encarar e largou a short de banho sobre a cama, ele perguntou de forma preocupada:
ㅡ Isso te deixa desconfortável, não é?
ㅡ Não exatamente, só estou um pouco... deslocado ainda.
ㅡ Você quer ir à piscina? Se quiser, nós vamos outro dia, não há problema.
ㅡ Não, está tudo bem. Mas eu pensei em algo. Eu posso chamar meus amigos? A gente sempre tem tarde de piscina na casa da Minah e do Jack.
ㅡ Claro, chame todos. Eu peço para prepararem alguns petiscos e bebidas. Não se preocupe.
ㅡ Obrigado. ㅡ deixei um beijinho sobre seus lábios e deixei o short de banho ao lado do dele.
Precisei tomar banho antes de vesti-lo, não me sentiria à vontade em somente colocá-lo e descer. Mas foi isso que Hyun-Suk fez. Ele vestiu o seu, enrolou-se no robe de seda e me entregou outro.
ㅡ Vamos tomar café da manhã assim? ㅡ perguntei curioso.
ㅡ É, não precisa se preocupar, seu corpo está completamente coberto.
ㅡ Meus tornozelos não.
Eu ri para quando ele olhou, mas estalei a língua, fazendo o laço no robe.
ㅡ Vamos? ㅡ ofereci-lhe o braço. Hyun-Suk riu, mas aceitou.
Descemos juntos, mas, no segundo em que chegamos no andar debaixo, minha timidez me fez querer afundar no chão e me fundir a ele.
Haviam trabalhadores pela casa inteira, moças e rapazes com uniformes e todos eles me olharam.
Um a um reverenciou-nos e desejou bom dia.
Minhas bochechas com certeza estavam vermelhas, mas eu os respondi e segui com Hyun-Suk até a grande mesa que já estava lotada de comida.
Numa das cadeiras perto da ponta estava Sunhee e ela sorriu. Hyun-Suk puxou a cadeira que ficava em frente com a dela para eu sentar e sentou-se na ponta.
ㅡ Vocês dois parecem aqueles casais do império da ostentação.
Hyun-Suk franziu o nariz e eu ri baixinho. Já havia assistido reality e era tão ruim que chegava a ser bom. Mas analisando que os robes que nós dois usávamos era aparentemente muito caro, estávamos mesmo parecendo um daqueles casais.
ㅡ Sohui-noona. ㅡ Hyun-Suk cumprimentou a mulher que adentrou a sala e sorriu.
A mulher o cumprimentou com uma reverência e me olhou.
ㅡ Esse é Jaejun, ele é meu... ㅡ outra vez Hyun-Suk me olhou com sua confusão. ㅡ ele é o meu par.
Sunhee riu, mas a mulher fez uma reverência a mim também.
ㅡ Pedi para que preparassem salada de frutas, sei como você gosta de comer bem quando tem uma noite longa.
Minhas bochechas voltaram a queimar. Com noite longa a mulher queria dizer o que exatamente?
Seria porque Hyun-Suk e eu chegamos tarde ou...
Minha nossa senhora da purpurina eu vou me desfazer em vergonha!
ㅡ Sim, ontem chegamos realmente tarde. ㅡ Hyun-Suk respondeu, acalmando-me um pouco mais.
ㅡ Você gosta de salada de frutas? ㅡ a mulher perguntou diretamente para mim. ㅡ Eu fiz com algumas uvas rubis romanas, são as melhores e mais doces que há.
ㅡ Ah... sim, obrigada.
A mulher sorriu para mim. Um dos homens que estavam ali me serviu a tal salada de frutas e um outro encheu meu copo.
Eu não estava sequer acostumado com alguém fazendo a minha própria comida ㅡ a não ser quando era a Rini ou o Yejun que se intrometiam na minha cozinha pequenina e acabavam com o meu estoque de ramen ㅡ mas ali, com até mesmo pessoas me servindo, eu tentando não ficar ainda mais deslocado.
O mundo de Hyun-Suk era completamente diferente e distante do meu.
ㅡ Vocês estão juntos há quanto tempo?
Hyun-Suk mastigava uma uva quando a pergunta foi feita, mas me olhou em busca de uma resposta. Eu, entretanto, agradeci aos céus por não ter uva nenhuma na boca porque com certeza engasgaria naquele mesmo segundo.
ㅡ Hm... dois meses? ㅡ ele perguntou incerto.
ㅡ Mais ou menos isso.
ㅡ Vocês não sabem a data? ㅡ Sunhee perguntou surpresa. Nós negamos. ㅡ Homens... ok, ontem foi um dia importante para vocês? ㅡ ela estreitou os olhos para nós dois e outra vez Hyun-Suk me olhou em busca de uma resposta.
ㅡ Sim. ㅡ ditei, porque conhecer um pouco do meu Park foi essencial, além de tê-lo tão paciente em uma das piores versões de mim mesmo.
ㅡ Certo, então anotem como a data de vocês. É importante que um casal tenha uma data. Além do mais... ㅡ ela se inclinou sobre a mesa e sussurrou para mim, mesmo que Hyun-Suk pudesse ouvi-la tranquilamente ㅡ ele adora dar presentes. Invente datas e será mimado até o céu.
Sorri assentindo e o olhei. Hyun-Suk apenas deu de ombros, não desmentindo o dito.
ㅡ E como vocês se conheceram?
ㅡ Numa boate. Era aniversário de Jaejun.
ㅡ Mesmo? E quantos anos você tem?
ㅡ Agora tenho dezenove e dois meses. ㅡ ri e a vi abrir os olhos surpresa.
ㅡ Tão novinho. Eu tenho vinte e oito, mas não se preocupe, não precisa me chamar de noona, vamos fingir ter a mesma idade, ok? Faz bem para a minha alma.
ㅡ A quem você quer enganar? Já passou de ter a cara de uma mulher de dezenove há tempos.
ㅡ Está me chamando de velha? Fique sabendo que até agora eu nunca coloquei botox, já você...
ㅡ Você tem botox, Hyunie? ㅡ perguntei curioso, analisando o rostinho de bebê dele.
ㅡ Não, eu não gosto de esconder minha idade. Gosto que saibam que tenho trinta, assim ganho mais respeito.
ㅡ Mas você nem parece ter tudo isso. ㅡ falo e vejo-o me olhar.
ㅡ Tudo isso?
Hyun-Suk rir, então eu não acho que tenha falado algo realmente ruim.
ㅡ É, você parece ter uns...
ㅡ Vinte e nove? ㅡ Sunhee fala, o analisando junto comigo.
ㅡ Vinte e seis.
ㅡ Mas e sem roupa? ㅡ ele pergunta.
Automaticamente eu arregalo meus olhos e sinto minha pele arder como brasa. Ouço o riso de Sunhee, mas não desvio dos olhos dele.
ㅡ Me desculpe. ㅡ ele pede, buscando minha mão para acariciar o dorso.
Somente assinto, tímido demais para voltar ao assunto.
Lembro dos meus amigos, então busco o celular e envio o endereço de Hyun-Suk no grupo. Não vejo quem confirma vir porque logo o café da manhã é encerrado e eu nem terminei minha salada de frutas.
Mas não me sinto à vontade para pedir que me deixem terminar, apenas faço como os outros dois que já parecem ter um tempo próprio e terminam de comer quase que no mesmo instante.
Ergui-me não completamente com meu estômago satisfeito e aceitei de bom grado quando Hyun-Suk me estendeu sua mão e assim seguimos para fora com a sua amiga-barra-ex-noiva.
A parte de trás da casa era distante, andamos por cerca de três minutos até chegar lá, mas a caminhada não foi ruim, visto que todo ao redor da casa era arborizado e existiam cantos de diferentes pássaros se misturando.
Quando chegamos na piscina, constatei que de fato era maior do que a de Minah e Jackson, mas não era algo como uma piscina olímpica que fosse me deixar assustado ao lembrar do que Hyun-Suk havia dito fazer comigo ali.
Ele retirou o robe que usava, jogando-o ao lado do roupão que já estava dobrado sobre a cadeira e não se importou em mostrar seu corpo tão bonito.
ㅡ Vamos? ㅡ estendeu a mão para mim.
Me encolhi um pouco. Ao lado, Sunhee retirou o vestido brando e longo que usava, apenas puxando pela fita. A peça se abriu com completa e voou sutilmente com o vento. Seu corpo magro e alto estava coberto por um maiô bonito e também branco. Haviam alguns detalhes na lateral e o busto era cruzado.
Ela soltou os cabelos e retirou o vestido, nos olhando com um sorriso terno.
ㅡ Vão entrar agora?
Hyun-Suk só ergueu a mão. Ela assentiu e pulou na piscina, nadando graciosamente sem parecer um pato afogado.
Eu pareço um pato afogado!
ㅡ Qual o problema, meu bem?
O corpo de Hyun-Suk se achegou ao meu. Eu o senti abraçar minha cintura com uma mão e levar o outro até meu rosto.
ㅡ Eu acho que... que é melhor eu ficar aqui, Hyunie.
ㅡ Está com medo? Eu vou te ensinar a nadar, lembra?
ㅡ Mas e se eu não aprender? Hyunie, eu pareço um pato afogado nadando...
Hyun-Suk riu, mas me beijou.
ㅡ Tenho certeza que deve ser o pato afogado mais gracioso que existirá.
ㅡ Bobo! Falo sério...
ㅡ Vem comigo, eu te seguro, ok?
ㅡ Mas... ㅡ mordi meu lábio inferior e Hyun-Suk olhou nos meus olhos outra vez. ㅡ e se a água ficar toda vermelha?
ㅡ E porque ela ficaria?
ㅡ Meu cabelo. Eu pintei recentemente e a tintura sempre sai um pouco quando molho.
ㅡ Acho que está tudo bem. Ontem você ficou comigo na banheira e a água não pareceu que alguém tinha morrido dentro.
Eu ri, deixando um tapinha sobre o ombro dele, mas cessei quando senti suas mãos deslizando até o laço que fechava o robe.
ㅡ Vem comigo, uh?
Suspirei, vendo Sunhee emergir na água, jogando seus longos e escuros cabelos para trás.
ㅡ Ela é tão bonita. ㅡ falei, ainda a olhando.
Hyun-Suk seguiu com os olhos e sorriu.
ㅡ É sim. ㅡ mas então seus olhos voltaram para os meus e suas mãos desfizeram o laço no tecido. ㅡ mas você também é.
Senti o tecido fino deslizar por meus ombros e, atrevido, Hyun-Suk me beijou de modo lento enquanto o fazia cair por completo.
Precisei suspirar, o toque de sua língua sobre a minha era um delírio. Deixei que minhas mãos repousassem em sua cintura desnuda e não me controlei quando minhas curtas unhas arranharam-no devagar, arrancando um suspiro pesado de seus lábios.
Nossos rostos se separaram e nossos olhos voltaram a se encontrar. Eu conseguia sentir a aura que pesava entre nossos corpos, eu só queria senti-lo mais, beijá-lo e fazer o que vinha aprendendo a fazer com ele.
Queria muito.
ㅡ Vamos para a piscina. ㅡ mas ele precisou separar nossos corpos ou eu tinha clara consciência de que logo estaríamos os dois com ereções necessitadas entre as pernas.
Hyun-Suk era uma loucura de homem, ele me fazia sentir excitação no mesmo nível que me fazia sentir o coração palpitar e derreter. Eu o amava de todas as formas e queria mais do que tudo que ele soubesse disso.
Mas eu sabia que para que minha boca ditasse isso com tranquilidade ainda demoraria, por tanto, apenas chutei o robe já caído sobre meus pés e segui com ele para a piscina.
Sunhee nos observava e sorria de um modo que eu conhecia bem. Era como Jack sempre sorria para mim, e ela parecia ter um tipo de amizade assim com Hyun-Suk.
Ele mergulhou primeiro, mas eu fui até as escadas. Senti a temperatura agradável da água morna com a ponta dos pés e sentei-me no batente. Hyun-Suk emergiu jogando seus cabelos loiros e veio até mim. Suas mãos me deram apoio para que eu simplesmente não me afogasse e me ajudaram a descer os degraus de metal.
A primeiro momento eu consegui sentir o chão, mas as mãos dele voltando para minha cintura me fez ter confiança suficiente para relaxar o corpo e senti-lo numa leveza que só Hyun-Suk me fazia ficar dentro de algo que podia facilmente me matar.
ㅡ Você fica lindo em todos os jeitos. ㅡ ele sussurrou ao me girar vagarosamente.
Sorri, mergulhando devagar, mas sem ser solto por si.
Meus cabelos podiam mesmo liberar um pouco da coloração, a tinta que eu usava não era tão confiável assim, por isso quando emergi, olhei ao redor e o fiz rir com minha análise.
ㅡ Sou lindo até mesmo desesperado assim? ㅡ o olhei, arqueando a sobrancelha.
ㅡ Claro que é. ㅡ respondeu, me puxando outra vez para me beijar.
ㅡ Acho que tô de vela. ㅡ Sunhee apareceu ao nosso lado, nos fazendo quebrar o beijo e rir.
ㅡ Desculpe. ㅡ pedi.
ㅡ Nah, Hyun-ssi já ficou muito de vela comigo também, é normal conosco.
ㅡ Hyun-ssi? ㅡ sorri olhando para Hyun-Suk. ㅡ É fofo.
ㅡ Viu só? Eu te disse! ㅡ Sunhee ditou fazendo-o revirar os olhos outra vez. ㅡ ele não aceita apelidos assim, é um chato!
ㅡ Que pena. ㅡ falei o olhando.
ㅡ Ok, mas eu ainda não entendi a parte em que você acha que está grávido.
ㅡ Semana passada fez um mês que eu tive esse escape. Eu fiquei atento, não ocorreu outra vez, porém eu e... Jackson, nós nos descuidamos duas vezes.
ㅡ Eu não acredito!
ㅡ Não me julga, caramba! Só aconteceu. E hoje pela manhã eu vomitei. Tipo, eu comi tteokbokki com queijo extra ontem a noite e não sei se vomitei por causa do queijo que foi um pouco demais ou porque agora tenho um mini Jackson dentro de mim. Eu estou surtando!
Eu ri de desespero.
Imaginar Jackson e Yejun pais de um bebê é algo que eu nunca pensei, quem dirá juntos!
ㅡ Me ajuda. ㅡ ele abriu a bolsa e começou a procurar. ㅡ eu quero fazer teste de gravidez, mas não sei como faz isso.
ㅡ É daqueles de fazer xixi e esperar? Não tem segredo. Você trouxe um?
ㅡ Trouxe sete. ㅡ ele ergueu a sacola da farmácia.
Precisei rir outra vez, mas assenti.
ㅡ Certo. ㅡ busquei o primeiro teste, já que todos eram iguais e o li. ㅡ noventa e nove vírgula nove por cento de precisão. Tá com o diabo que vai dar errado.
Yejun riu e abaixou o short, ficando só de cueca.
ㅡ Beleza, eu preciso fazer xixi onde?
ㅡ Nessa pontinha aqui. ㅡ o mostrei.
ㅡ Mas eu não vou ter xixi para isso tudo!
ㅡ Faz todos de uma vez só, ué. Senta aí que eu organizo e te dou.
Yejun retirou a cueca e sentou-se no vaso. A cena era péssima, mas é para isso que os amigos servem e eu precisava ajudar Yejun nisso.
Organizei os testes em uma fileira e deixei as pontinhas uma pertinho da outra.
ㅡ Faz xixi em todos, anda.
ㅡ Meu coração tá pra parar. ㅡ ele falou, buscando-o e organizando entre as pernas.
Eu ri quando Yejun fez xixi em tudo aquilo e suspirou ao balançar um por um e deixar sobre as embalagens.
ㅡ Está mandando aguardar cinco minutos. ㅡ ele falou, lendo a tela e as instruções numa das caixas.
Assenti. Dei descarga no vaso e encostei na parede.
O silêncio tomou conta do cômodo, mas foram batidas na porta que nos fizeram assustar.
ㅡ Jaejun? ㅡ era a voz de Hyun-Suk.
ㅡ Hm? ㅡ respondi sem abrir a porta.
ㅡ Está tudo bem aí dentro?
ㅡ Está sim.
Olhei para Yejun e ele estava pálido encarando os testes.
ㅡ Docinho? ㅡ a voz de Jackson o fez arregalar os olhos. ㅡ o que estão aprontando aí, hein?
ㅡ Deixa de ser curioso! ㅡ Yejun gritou, coçando a nuca.
ㅡ Já? ㅡ sussurrei para ele que negou.
ㅡ Jaejun se você estiver vivo cante I Will Survive, ou vamos invadir!
Revirei os olhos ao ouvir a voz de Rini, mas preferi não arriscar.
ㅡ For as long as I know how to love, I know I'll stay alive, I've got all my life to live; I've got all my love to give, And I'll survive, I will survive, Hey, Hey!
Ouvi a risada de todos do lado de fora e revirei os olhos.
Yejun buscou os testes no segundo em que, um a um, mostrou os resultados e tive que correr quando seu corpo caiu sentado no vaso sanitário outra vez.
ㅡ E então?
ㅡ Negativos!
ㅡ Todos? ㅡ Ele olhou um por um e assentiu, aliviado. ㅡ Ai, graças a santa Beyoncé, eu não quero ser tio ainda.
ㅡ E nem eu quero ser pai! Estou aliviado agora.
ㅡ Por favor, não compre mais Tteokbokki onde você comprou ontem.
ㅡ Nunca mais!
Yejun juntou todos os testes de gravidez e suas embalagens e lotou o lixeiro de Hyun-Suk.
Quando saímos do banheiro, eles já não estavam mais na porta, mas Jackson correu e puxou Yejun para o cantinho, preocupado provavelmente devido a sua condição de saúde de mais cedo.
Hyun-Suk também se aproximou e sorriu para mim, me abraçando e me entregando uma latinha gelada de cerveja.
ㅡ Obrigado. ㅡ a abri e bebi um gole.
ㅡ Houve algum problema?
ㅡ Eu só quase fui tio agora. Não se assuste se encontrar um monte de teste de gravidez no seu lixeiro, ok?
ㅡ Teste de gravidez? Mas... como assim?
Olhei para Hyun-Suk e só então lembrei que ele estava conhecendo oficialmente o meu grupo de amizade naquele momento.
ㅡ Yejun é um homem transexual.
Hyun-Suk arqueou as sobrancelhas e olhou em direção ele.
Eu também olhei e sorri ao ver como Jackson segurava seu rosto entre as mãos, falando algo enquanto olhava dentro dos olhos de Yejun.
ㅡ Eu não fazia ideia.
ㅡ Não é algo que seja preciso falar junto ao nome. ㅡ sorri. ㅡ mas estou te contando porque agora somos um grande grupo de amigos, e momentos como os de agora sempre ocorrerão.
ㅡ Entendi. Mas eu não sou só seu amigo.
Sorri ladino ao vê-lo se aproximar sorrateiro e me beijar.
Deixei que Hyun-Suk me levasse com seu toque tão bom e que sempre me deixava molinho. Eu adorava o beijar e isso se tornava mais natural a cada nova vez.
Fui até a espreguiçadeira quando Hyun-Suk voltou para a piscina e deitei-me ao lado da de Minah.
ㅡ Vocês ficam tão fofinhos juntos.
A olhei e agradeci o elogio, mas busquei meu celular, vendo as notificações de mensagem na tela.
Mãe Su-ji:
|Porque o depósito desse mês ainda não entrou?
|Você por acaso se esqueceu das suas obrigações?
Abri o aplicativo com pressa e li as mensagens mais uma vez antes de respondê-la.
Jaejun:
|Desculpa, mãe. Eu saí do meu antigo emprego, estou em outro ainda melhor agora. O pagamento ainda não caiu, mas eu vou tentar conseguir emprestado, não se preocupe.
Mãe Su-ji:
|Eu já disse que não sou sua mãe, nunca vai parar com isso?
|E acho bom que consiga, a conta do hospital da sua avó já chegou, quer que eles parem o tratamento só por causa de você?
Jaejun:
|Claro que não, eu vou conseguir.
Mãe Su-ji:
|Consiga ainda hoje, você não vai querer que a sua avó morra também. Você já tem duas mortes nas costas, mais uma pesará ainda mais.
Ler aquilo foi como receber uma apunhalada nas costas. Senti meu coração acelerar como sempre acontecia, mas tentei respirar fundo, entrando no contato dela e fazendo o que Jackson sempre me pediu para fazer. Editei seu contato e respondi outra vez.
Jaejun:
|Isso não vai acontecer, tia.
Su-ji:
|Estou esperando o pagamento. Até mais.
Meus olhos estavam repletos de lágrimas, era claro, eu sempre sendo um fraco, principalmente com ela.
ㅡ Noona? ㅡ chamei por Minah, a fazendo se atentar em meus olhos e notoriamente ficando preocupada instantaneamente. ㅡ estou bem, mas preciso de um favor.
ㅡ Jae, o que foi?
Neguei e tentei forçar um sorriso.
ㅡ Não foi nada grave, noona. Mas como eu troquei de trabalho, a data de pagamento mudou e o hospital da vovó já está cobrando, você teria como me emprestar setecentos mil won?
ㅡ Vai mandar para a sua tia? ㅡ assenti. Ela apenas sorriu e buscou o celular. ㅡ vou te enviar, não tenha pressa em devolver.
ㅡ Assim que eu receber meu salário eu te devolvo, noona, não se preocupe.
Minah sorriu outra vez. Recebi a notificação do banco com a transferência dela e sequer fiz questão de ficar com uma parte do valor. Enviei tudo para Su-ji e voltei até o aplicativo de mensagens.
Jaejun:
|Te enviei setecentos mil, dobrei o valor porque agora estou recebendo bem, estou em um bom emprego.
Eu não queria, mas esperava que ela ao menos se interessasse um pouco por mim, que perguntasse qual era o trabalho, a empresa e como eu estava me sentindo com ele. Mas tudo o que ela respondeu foi:
Su-ji:
|Não atrase no próximo mês.
Bloqueei o aplicativo de mensagens sentindo meu coração estilhaçado. Ela era tudo o que eu ainda tinha de família comigo, mas me desprezava como se eu fosse um objeto imundo e descartável.
Tentei não expressar como me sentia no momento em que todos se divertiam e até fingi ainda estar interessado nas aulas que Hyun-Suk me prometeu, somente porque ele estava empolgado com aquilo.
Sunhee disse que Hyun-Suk havia criado uma máscara, e somente então eu o entendo o porquê de fazer tal coisa.
Às vezes usar uma máscara é mais fácil. Nos polpa de explicações, choros e de preocupar quem está ao redor.
E foi com a minha máscara pintada com um sorriso, enquanto por dentro eu estava aos cacos, que passei a melhor tarde de todas ao lado das melhores pessoas do mundo.
O choro ficaria apenas para a noite quando ninguém estivesse mais olhando.
Seria só eu e o desgosto de existir com a culpa de ter matado os meus próprios pais.
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