CALIENTE (morro) romance Capítulo 2

Eu entro no carro do meu pai destroçada , o coração apertado no peito sentindo a dor de ser traído pela pessoa por quem ele mais batia nessa vida e a mente me torturando com a confissão .

" Foi só uma vez, eu juro " - a frase se repete diversas vezes me fazendo sentir meus olhos e nariz arderem por causa do choro que insiste em sair mas como das outras vezes eu respiro fundo e tento não derramar uma lágrima se quer .

Eles não merecem nem isso vindo de mim.

Jão - Te tirar do morro . Pelo menos por hoje - a voz me trás de volta pro agora e eu olho pro acento ao meu lado vendo ele dirigindo fumando um baseado .

Tá parecendo uma chaminé ambulante , a verdadeira maria fumaça.

-- Não precisa - falo baixinho e no segundo seguinte ouço ele estralar a língua no céu da boca como sempre faz quando não tá satisfeito com algo.

Jão - Tú não cansa de ser teimosa , né ? - aponta puto pra mim com a mão do baseado - E se ele vier atrás de tú pedindo perdão e os carai a quatro ? - pergunta - Vai fazer o quê ? Perdoar o vacilo dele ?

-- Ele não vai vim , pai - falo cansada , tentando me convencer que ele vai respeitar o meu espaço mesmo sabendo da dependência emocional e da pequena obsessão que ele tem por mim - E mesmo se vier , eu já me decidi e pra ele eu não vou voltar .

Jão - Tú que pensa. - pausa - Não vou te falar nada hoje porque eu tô ligado que o teu psicológico já tá todo fodido, mas amanhã nós dois vai sentar e vai ter um papo maneiro sobre ... eles - vejo sua dificuldade em terminar a frase mas não falo nada.

Eu sei que embora ele tente não demonstrar também está tão ferido quanto eu e isso me faz sentir mais raiva ainda da minha mãe porque ela não só fodeu com o meu psicológico mas também com o dele que era alguém que sempre fez de tudo por ela .

- Vamo ... - nós dois falamos juntos e sorrimos com isso , bom presságio .

Jão - Pode falar minha deusa - seu tom é calmo e eu fico aliviada por ter ele de volta .

-- Eu quero beber , pai - jogo meus cachos pra trás me ajeitando no banco - Tudo que meu corpo aguentar eu quero

Jão - Então somos dois - admite , e girando o volante pega outro rumo dentro do morro - Te levar pra um lugar que eu sei que ninguém vai encher nosso saco .

Poucos minutos depois ele estaciona o carro encima de uma calçada e então me olha com atenção enquanto eu encaro o letreiro em led neon no alto escrito : CALIENTE .

É uma boate mas também um prostibulo , depende da intenção de quem visita.

Eu mesma só vim pra dançar e acho que meu pai pra buscar os lucros já que ele é um dos donos .

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