CALIENTE (morro) romance Capítulo 61

- RUSSO -

Fecho a porta do carro olhando ela dar a volta e vim pro meu lado.

Tá toda desconfiada depois de ter surtado mais uma vez , falar pra tú , nem em dez anos comandando o Vidigal eu passei tanto estresse como tenho passado nessa última semana que ela começou a surtar por nada.

Tô ficando de cabelo branco já.

Culpa dessa maluca .

Afrodite - Quem é que você veio ver aqui ? - ela sobe a calçada colocando a alça da bolsinha no ombro e passa a mão no topo da cabeça puxando um cachinho do coque deixando ele cair no seu rosto antes de trazer a mão pra minha .

-- Tu vai já saber - passo a mão sem a sua na minha camiseta fazendo ela cobrir a glock banhada a prata no meu quadril e caminho com ela pra dentro da boutique a nossa frente .

É pequena como todos os outros estabelecimentos da vila que fica a uns vinte km da nossa fazenda mas é a que se destaca entre as demais pelo nome que tem na faixada dourada .

Afrodite - Mikhailov's ... Que nome diferente - comenta ao entrar chamando atenção da pessoa sentada atrás do balcão que olha diretamente pra mim franzindo o cenho e só então desvia pra minha mulher que sorrir mesmo sem conhecer ele - Oi , boa tarde !

Teco - Boa ! - ele levanta deixando a farda de pm evidente enquanto olha ela que aperta a minha mão com a sua que começa a tremer.

Afrodite - Amor ... - diz em tom preocupado .

-- Tá tudo bem , fica calma - encaro o homem preto com alguns cabelos brancos na cabeça parar na nossa frente e estender a mão que eu olho mas não pego .

Teco - Qual é ? Vai fazer desfeita mesmo ?

-- Vou seu pela saco, cadê ela ?

- Paixão , tú me segura porque se não eu vou sair daqui e ir lá dar na cara daquela suga monga da tua ex mulher - ouço a voz feminina vim dos fundos da loja - Hoje eu acordei com a raiva de um Mikhailov, tô doida pra socar a cara de um e se não for a sua vai ser ... - a loira de olhos azuis para na porta e me encara estreitando os olhos e os meus vão logo pra sua mão encima da barriga inchada - E agora mais essa . Fica calmo , tio .

Calmo... Tá uma coisa que é impossível eu ficar no dia de hoje , ainda mais com as pessoas fazendo o possível pra me deixar estressado.

-- Engravidou minha sobrinha ? - solto a mão da Afrodite e caminho na direção dele que vai parar do lado da loira com a barriga prestes a explodir de tão grande que está - Jeferson ... - respiro fundo sem acreditar nesse caralho.

Teco - Qual é , Bóris . Aconteceu - nego sorrindo irônico - Aconteceu sim caralho , me apaixonei mesmo . Sem caô e maldade . Acredita em mim .

Afrodite - Ele acredita... - sinto ela parar do meu lado mas não desvio do olhar do fodido que é filho da mulher que eu confiei a vida da minha única parente viva quando fui preso por tráfico e ela era só uma bebê que tinha perdido a mãe com um mês de nascida - Acredita porque ele sabe que isso acontece e a gente não pode controlar o que sente pelo outro . Independente da idade ou tempo convivido .

Yara - Oi mulher sensata , eu já te amo , sabia ? - desvio pra ela que sorrir pra Afrodite e depois me olha - Quase três anos sem vim me ver e quando vem quer matar meu marido ?

-- Que mané teu marido , Yara . Se manca . O cara tem quase 30 anos a mais que tú - falo bolado e a mandada começa a rir se jogando nos meus braços.

Yara - Senti sua falta , ranzinza . Sabe , tava olhando as fotos dela e me bateu uma bad , falta do que eu não tive que foi o carinho e tempo com minha mãe biológica - funga se afundando no meu peitoral molhando minha camisa com suas lágrimas - Por isso eu te liguei, me perdoa - ela solta um berro e do meu lado ouço Afrodite soluçar , chorando também.

Yuri - Agora sim fudeu tudo , em - ele rir se afastando - Vou buscar uma água com açúcar pras duas...

--

Afrodite - Quando você ia me falar que tinha uma sobrinha ? - pergunta sentando no meu colo com cuidado pra não derrubar seu copo de suco de maracujá.

-- Se você não tivesse surtado , provavelmente nunca - sou sincero - Yara não mora nesse fim de mundo atoa . Aqui ninguém sabe de quem ela é sobrinha e muito menos filha.

Teco - Eu me encarrego dessa última parte muito bem por sinal - ele entra na sala da casa deles trazendo uma pasta nas mãos - Taí a informação que você me pediu , ia te mandar por e-mail mas como você já está aqui - joga a pasta encima da mesinha de centro a minha frente - É menos risco de ser pego trocando mensagem com um traficante.

-- Falou o policial honesto que engravidou uma garota vinte sete anos mais nova que ele .

Yara - O sujo falando do mal lavado , como pode - a mandada resmunga me olhando do outro sofá , os olhos azuis claros me lembrando os da minha irmã .

Trinco meu maxilar contendo o misto de sentimentos dentro de mim , sinto falta pra caralho da bocuda da mãe dela , principamente num dia como hoje .

Borya era minha gêmea pô , quando mataram ela foi como se tivessem me matando também .

A dor de cada um dos 50 tiros que deram nela a mando do ex dono do Vidigal e pai da Yara doeu em mim no dia que me tiraram ela e nossa mãe , assim como dói a cada ano completado .

Teco - Eu sou quem nessa história mesmo ? Só pra mim saber - volto ao ouvir a voz desse arrombado.

Yara - Você é o que vai ficar com meu tio porque eu e a minha tia sensata vamos ir comprar um bolo de chocolate ali na padaria da esquina porque eu tô com desejo de comer um .

Afrodite - Ai , eu quero ... - fala levantando do meu colo com o copo vazio - Eu já volto amor - a mandada me dá um selinho deixando o copo nas minhas mãos e sai com a loira .

Observo estreitando meus olhos , as duas tão agindo como se , se conhececem da vida toda .

E eu não sei se gosto disso .

Afrodite já é sem limites , ficar amiga da Yara eu tô fodido de vez porque a loira anã até pegar de soco esse bosta que ela chama de marido ela já pegou.

Deus me livre da Afrodite querer fazer isso também .

Sei nem o que eu faria .

Teco - É ... - volto meu olhar pra ele tirando a caixa de cigarro do bolso - Quer um ?

-- Não . Valeu - pego meu beck bolado do bolso e ele sorrir tirando o dele da caixa nas suas mãos - Pau no cú , isso tudo é medo da anã ? - faço a troca do bendito copo pelo seu esqueiro e vou pra sacada com ele do lado .

Teco - É não, né ? Da última vez que a Yara me pegou fumando um baseado ela quase me fez engolir ele de tão forte que foi o tapa que me deu na boca .

Acendo dando o primeiro trago olhando as duas lá embaixo cruzando a rua de mãos dadas, acompanho com o olhar até elas entrarem na padaria da esquina e é quando meu celular vibra no bolso .

Pego olhando pela barra as duas mensagens da pessoa que tem deixado minha mulher cheia das neurose e clico pra responder no mesmo instante que ouço o celular do cara fumando ao meu lado tocar.

--

Laise :

-- O resultado do DNA saiu

-- Quando você chegar vem aqui pra gente abrir juntos .

-- Tú pode abrir sem mim.

-- Não vai fazer diferença

--

Respondo e volto minha atenção pro Teco que de repente sai correndo com o celular na orelha .

Fico sem entender até ouvir o primeiro disparo que faz várias pessoas saírem correndo gritando da padaria da esquina e logo em seguida vem a rajada que faz cada terminação nervosa do meu corpo entrar em colapso .

De novo não !

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