CALIENTE (morro) romance Capítulo 70

- RUSSO -

Inclino meu corpo pra frente apoiando meus cotovelos nos joelhos enquanto observo atentamente cada movimento e expressão dela que olha a vitrine de alianças na sua frente .

Pelas caras e bocas que minha pretinha faz parece que ela não tá gostando de nenhuma e isso me preoculpa porque eu tô aqui a quase trinta minutos esperando ela escolher o caralho da aliança que o vacilão do pai dela pediu pra comprar pra ele pedir a Brenda em casamento.

Pô, ele mermo podia ter vindo , mas não... Tinha que pedir pra outra que não sabe falar um não pra ninguém.

Respiro fundo , eu vim por livre e espontânea vontade , tento lembrar desse detalhe quando vejo ela cruzando os braços e caminhando na minha direção com o bico enorme nos lábios carnudos .

Afrodite - Vamos ? - franzo meu cenho quando ela passa do meu lado e segue pra fora da joalheria me obrigando a seguir atrás - Só tem aliança pequena aqui e meu pai quer uma que dê de ver reluzindo a um km de distância - ela para de uma vez se virando pra mim e a gente acaba trombando um no outro porque eu não paro a tempo .

Ajo rápido envolvendo sua cintura impedindo que ela caia no chão.

-- Olha aí maluca - ela rir envolvendo meu pescoço e me puxa pra si trazendo a sua boca pra minha num selinho molhado - Faz mais isso não preta , é perigoso tú cair e machucar nossos filhos - ajeito minha postura trazendo ela comigo .

Afrodite - Foi sem querer e acabou sendo bem cena de filme , admite aí . Voce me segurando , eu te beijando... - olho bem pro seu rosto vendo um sorriso sapeca se formar nos lábios molhados e desvio pro outro lado da rua ao ouvir um assobio que pertence ao Sabiá que faz gesto me chamando - O que foi ?

-- Fica aqui - tiro minhas mãos do seu corpo - Eu já volto - ela acena concordando e eu me afasto indo de encontro ao moreno do outro lado - Dá teu papo .

Sabiá - Os menó acabou de passar o rádio avisando que tiveram que trancar o Jão na tua sala . Parece que o cara pirou lá. Tava querendo ir pra Rocinha a todo custo - ergo as mãos passando sobre a minha barba pra alinhar os fios e respiro fundo .

E agora mais essa .

-- E porque é que ele surtou ? - cruzo meus braços olhando pra entrada da rua vendo o carro do Teco entrar lentamente com os vidros baixos e volto minha atenção pra ele e pro outro que ajeitam o fuzil na frente do corpo - Fica suave que é gente minha - eles obedecem baixando a arma - Me responde.

Sabiá - Pelo que eu entendi o Zeca pegou a mulher dele e o Ben - encaro ele sem acreditar e no mesmo momento o carro para rente a calçada do meu lado - Não é certeza . Tá ligado ?

Teco - E aí Russo - me viro pra ele e estendo minha mão fazendo um toque com esse pela saco .

-- Tudo suave ? - ele concorda e comprimenta os dois da contenção atrás de mim .

Me abaixo um pouco na sua janela só pra ver minhas meninas no banco do carona e por um momento até esqueço dos problemas.

Yara - Oi tio . Olha só quem foi tomar vacina hoje e não chorou nadinha - aceno pra ela e olho diretamente pra pretinha de olhos claros no seu colo que me encara com curiosidade .

Mais uma pra minha vida .

Pô , a bebezinha saiu uma mistura foda dos pais , ela é pretinha igual o Teco e tem os olhos azuis igual o da Yara . Tô ligado que essa última característica pode mudar mas eu não boto fé nisso. Yara tinha os olhos da mesma cor e não mudou até hoje .

Afrodite - Oi gente - ouço a voz e ergo meu olhar vendo ela na outra janela - Vocês estão bem ? Oi princesa da titia ... - ela começa a conversar com a Yara e eu ajeito minha postura olhando pra joalheria do outro lado da rua .

É a melhorzinha aqui do morro mas se nada nela agradou minha dona então não tem mais o que fazer aqui .

-- Aí - chamo atenção do Teco que cessa a conversa com os meus e me olha - Faz um pra mim e leva Afrodite pra casa . Tenho que resolver um b.o e não vou poder .

Afrodite - Não precisa amor - encaro ela dando a volta no carro e parando do meu lado - Eu vou dar uma passadinha na minha loja pra conversar com a menina lá , ver como está tudo e depois vou pra casa . Tô precisando andar um pouquinho .

Umedeço meus lábios sem tirar os olhos dela , a loja fica a umas duas ruas daqui mas a nossa casa é longe pra caralho .

Respiro fundo , nem fodendo que eu vou deixar ela andar tanto assim .

-- Vou deixar o Sabiá contigo então - meto a mão no bolso da calça tirando a chave do blindado - Tú cuida da minha mulher que se eu chegar e ver um arranhão nela eu vou te pegar de porrada igual eu fiz uma vez . Só que dez vezes pior - ele engole a saliva rindo de nervoso e eu jogo a chave pra ele que pega no ar .

Sabiá - Pode deixar . É a minha vida que tá em jogo também - me viro pros dois no carro e me despeço deles que saem logo em seguida avisando que vão lá em casa a noite - Vamo patroa ?

Ela concorda e faz que vai sair mas eu seguro sua mão impedindo .

-- Qualquer bagulho tú me liga , vou deixar o celular com o volume no máximo. Beleza ?

Afrodite - Não se preoculpe , eu vou ficar bem - se aproxima ficando na ponta dos pés e eu enlaço sua cintura erguindo ela mais um pouco só pra alcançar sua boca num beijo rápido - Se cuida , seja lá o que você for fazer. Lembra que agora existem quatro pessoas esperando por você em casa .

-- Pó deixar - dou outro selinho nela e solto vendo ela virar de costas e abaixar o vestido rosinha que deixa as curvas do seu corpo bem evidentes antes de caminhar até o outro lado onde o Sabiá espera ela no carro.

Acompanho até ela entrar e os dois sairem rua acima e só então sigo pra boca na garupa do Gege que vai buzinando pra meio mundo pelo caminho.

-- Tú se liga que eu vou mandar os muleque arrancar esse caralho da tua moto - aponto pra ele ao descer da Bros.

Gege - Eu só buzinei pros conhecido, chefe.

-- Ai que tá. Tú conhece todo mundo , pô - caminho pra dentro e do corredor já ouço os gritos do Jão pedindo pra deixarem ele sair .

Me aproximo lentamente e destranco a porta com a chave que o Néguas me entrega , rodo meu olhar pela sala toda revirada e respiro fundo antes de falar.

-- Tú vai arrumar esse caralho - aponto pro homem sentado no chão de cabeça baixa que assim que ouve a minha voz levanta rápido e tenta passar por mim correndo.

Mas eu o seguro fazendo ele me encarar.

Jão - Me solta , filho da puta - ele se debate e eu encosto ele na parede - Caralho , minha mulher precisando de mim e eu trancado nessa porra . Pô , me solta Russo .

-- Vai se acalmar e vai me falar o que tá acontecendo. Porque se não tú não vai sair daqui - falo calmo recebendo seu pior olhar como resposta.

Mas como ele sabe que essa porra não me intimida , rápido ele solta a língua e conta tudo o que aconteceu .

Jão - Vai me soltar agora ? - afirmo diminuindo o aperto sobre a gola da sua camiseta - Então me solta caralho.

-- Tú vai ficar aqui e vai resolver os bagulho do baile dessa noite - ele me encara negando - Vai sim , porque eu não tô pedindo . Eu tô mandando - solto ele - Eu vou lá buscar tua mulher e o meu muleque . Tô precisando mermo ter um a sós com a aquele velho safado .

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