CALIENTE (morro) romance Capítulo 69

- BEN -

Umedeço meus lábios prestando atenção na minha irmã que está medindo a pressão da nossa avó .

A veia quase deu um piripaque , do nada irmão , tamo sem entender até agora .

Me ajeito no sofá de dois lugares e nas minhas mãos , meu celular vibra com a chegada de mais uma mensagem que pela barra de notificação eu vejo ser dela . Laise.

Não entendo , como que eu fui feito de otário desse jeito . Na moral , geral me falando que se envolver com puta não dava certo e eu lá com meu belo par de chifre enfrentando meio mundo pra ficar com ela . E pra quê?

Pra no final saber que tava sendo usado por alguém que eu depositei toda a minha confiança chegando até a brigar com minha velha por ela ter tentado abrir meus olhos .

Pô , acho que foi por isso que a tomada de cú foi tão violenta .

Brenda - É a pão careca ? - a voz dela me faz tirar os olhos do aparelho e erguir pros seus confirmando com a cabeça - Ela não cansa ?

Helena - E puta lá cansa de fazer alguma coisa ? - ela praticamente grita me fazendo bufar , lá vem outra comida de cú - Mas isso é bom pra Benício largar mão de ser otário e ir contra minha palavra . Falei , avisei , mas esse filho da puta se fez de doidão. Aí , se fudeu . A vagabunda além de meter chifre nele ainda quis acabar com a relação da minha Di .

-- Tá bom vó. Já entendi - tiro meu boné da cabeça e levanto guardando meu celular no bolso da calça - Vamo Be ? A vó já tá boa . Tá até gritando igual uma doida aí - aponto e como punição levo uma chinelada que vem voando e acerta na minha testa certinho - Na moral , eu ainda vou descobrir que macumba é essa que só acerta na minha testa esse caralho.

Helena - Para de xingar seu corno filho de uma puta - ela joga o outro que por milagre eu consigo desviar - Olha Brenda , eu tô me tremendo toda - dou risada do drama que ela faz - Esse muleque não me ama mais , só me faz raiva .

-- Qual é vó - me aproximo sentando no seu colo e coloco meu boné na sua cabeça recheada de fios brancos- Tá ligada que tú é meu primeiro e único amor né ? - ela vira a cara pra mim - Florentina , Florentina...- começo a cantar fazendo ela rir e me abraçar.

Aproveito mergulhando meu rosto no seu pescoço cheiroso dando um beijo estralado ali .

Falar pra tú, dizem que velho fede mas só se for os outros porque essa aqui cheira até mais que eu .

Só perfume importado também.

Luxos que a aposentadoria dela lhe dão. Graças a Deus !

Brenda - Quando que teu carro sai da oficina ? - ela senta no braço sofá e beija o outro lado do pescoço da nossa vó.

-- Aquele ladrão falou que talvez amanhã fica pronto , mas o meu corre é pra hoje. Por isso vou precisar do teu - respondo sentindo minha vó fazer carinho nos meus cabelos e vendo ela fazer o mesmo no da Be.

Nós somos o xodó dela e ela é a nossa , tá ligado ?

Eu a Brenda só temos ela nessa vida , já que nossas mães eram prostitutas que só serviram pra nos gerar e nosso pai , filho da dona Helena, um fodido que morreu de aids porque não sabia foder com camisinha e pegou a doença de uma puta por aí .

É por isso que eu sou veaco nessa parte , não meto sem camisinha nem com a porra . Além de evitar que a minha raça venha só pra se fuder nesse mundo sem lei eu ainda evito acabar que nem meu doador de sêmen.

Brenda - Então vamos ? - ela abraça minha vó me abraçando junto e eu faço o mesmo , é raro a gente demonstrar carinho então quando acontece eu aproveito mermo , sou carente e ninguém tem nada haver com isso - Amo vocês.

Helena - A gente também te ama princesa - fico calado só curtindo o abraço e é quando levo um beliscão que me faz ficar esperto - Né Benício?

-- É vó - solto ela me levantando e erguindo minha camiseta olho pra minha barriga ficando vermelha por causa do aperto - Olha isso aqui dona Helena - ela me igora passando a mão no peito fazendo uma careta - O que foi ? - pergunto preocupado.

Helena - Vocês vão pra onde ?

Brenda - Benício vai me deixar na casa de uma ex moradora daqui que se mudou lá pra entrada da Rocinha e depois vai fazer o corre dele com meu carro - minha avó assim como eu fiz quando fiquei sabendo disso fala um monte pra ela - Não se preocupa vó . Eu só vou porque ela me implorou pra ir . A vozinha dela tá mal e lá não tem médicos. Foi o que ela me disse. E a senhora sabe como eu sou . Não posso ver uma velha que quero ajudar.

Helena - Sua filha da putinha - ela bate na bunda de vento da outra - Vão com Deus meus filhos e liga pra vovó quando chegarem e tiverem vindo.

-- É tão lindo ela se chamar de vovó logo depois de xingar a gente de filhos da puta né? - falo pra velha ouvir ao sair de casa e sou atingido pelo meu boné que quica a aba na minha cabeça antes de cair na minha frente - Caralho , velha boa de mira . - resmungo juntando do chão e saio com minha irmã que entra no carona do seu carro conferindo a mala médica dela antes de me olhar e acenar com a cabeça pra mim poder ir.

-

Paro o carro na frente do barraco que fica no pé do morro da Rocinha, longe do Vidigal e da proteção do Russo .

Pô , ao lembrar disso me sobe logo um arrepio pela espinha e com o meu instinto gritando que tem parada errada eu olho pra barricada mais acima protegida por uns dois envolvidos que conversam entre si .

Tudo normal por ali .

Brenda - Acho que é isso . Quando eu terminar aqui eu pego um uber de volta , não precisa vim me buscar está bem ? - volto minha atenção pra ela mas uma silhueta que aparece na janela da casa me chama atenção.

Parece familiar .

E mais uma vez meu instinto grita .

-- Be ? - me debruço sobre ela impedindo que ela saia do carro.

Brenda - Me deixa sair , Benício. Ficou maluco ?

-- Cala a boca - sinto seu olhar queimar em mim mas mantenho o meu na tal janela tentando ver a silhueta de novo , tenho certeza que é a Tabita - Pega teu celular e disca o número do Jão , agora - ela tenta retrucar - Agora , filha da puta . Não teima nesse caralho .

Ela obedece resmungando e logo a voz masculina sai pelo alto falante.

Jão - Oi , loira ! Ia mesmo te ligar . Tá tudo bem ?

-- Sou eu Jão , o Ben . Escuta ... - respiro fundo tentando me acalmar - Pode ser que eu esteja errado e o chifre que eu levei tenha afetado minha percepção pros bagulho - ouço ele rir - Não rir não filho da puta , que eu acho que vi a Tabita e se for ela mesmo. Aquela desgraçada armou pra pegar minha irmã na covardia .

Jão - Como assim caralho ? - não tenho tempo de responder pois minha atenção vai pra uma sombra que surge atrás do carro.

Pô , penso tão rápido tirando a mão da porta e abaixando a cabeça da Brenda que a minha cabeça dói quando eu ouço o tiro junto com o barulho de vidro se quebrando e logo em seguida vejo o furo no encosto de cabeça que até um segundo atrás a dela estava .

-- Filho da puta . Não levanta Be ! - falo pra ela que se treme toda se encolhendo no banco e taco o foda-se pra minha vida quando dou ré no carro e acelero esse caralho indo atrás do fodido que disparou contra ela .

O filho da puta corre , mas eu ainda alcanço e atropelo , passo por cima indo e depois voltando que é pra ter certeza que matei .

Mas como nem tudo são flores , quando eu penso que vou conseguir tirar minha irmã dessa merda toda o carro é rodeado pelos homens do Zeca que batem com a ponta dos seus fuzis mandando a gente descer .

E a gente ?

Obedece e segue eles morro acima até está diante do fodido que eu tive o prazer de dar uns socos antes do Russo liberar ele.

Zeca - Eu não sei se você é burro ou corajoso por matar um dos meus na frente do meu morro - ele aperta meu maxilar me fazendo olhar pra ele que sorrir de um modo estranho pra mim - Tenho um cargo pra você dependendo da tua resposta.- ele olha no fundo dos meus olhos - Qual foi o motivo ?

Sorrio tentando controlar minha língua , a irônia e o deboche dentro da boca mas o caralho é mais difícil do que eu pensei ...

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