CALIENTE (morro) romance Capítulo 79

- RUSSO -

Senti seu corpo relaxar e sua respiração se tornar calma fazendo seu peito subir e descer lentamente, indicando que ela , a única mulher a quem eu nunca iria prometer algo do qual eu não podesse cumprir , dormiu.

Beijei a pele cheirosa do seu ombro uma última vez e então me afastei, lenta e suavemente para não acorda-la , vesti minha roupa e guardei meus bagulho olhando pra minha mulher nua sobre o lençol  azul da cama .

Papo reto , ela e nossos filhos são as pessoas mais importantes da minha vida e é pelo bem estar de ambos que eu preciso matar o frente da Penha .

Ele não tentou mais nada contra ela ou a Yara mas eu não esqueço que por causa dele as duas iam morrendo e a minha mulher ficou uma semana inteira socada dentro de casa só chorando por ter matado alguém que mereceu ...

Respirei fundo ao lembrar disso , o ódio tomando conta do meu ser por saber que eu vou ter que deixar ela sozinha pra ir acabar com aquele fodido.

Umedeci meus lábios dando uma última olhada nela que se mexeu sobre a cama , sua nudez me deixando maluco e duro novamente.

Não posso deixar ela assim. - pensei já imaginando algum sem amor a vida entrando e a olhando da mesma forma que eu estou .

Sorri nervoso com a hipótese e rápido peguei minha camiseta jogada no canto do quarto e vesti nela que "acordou" e ficou me olhando com atenção.

Fiquei calado fazendo o mesmo, ciente que ela estava naquele estado em que a mesma chama de "download da alma" .

Afrodite - Você lembra do nosso primeiro beijo , amor ? - ela quebra o silêncio perguntando com a voz grogue , olhos quase fechados.

Franzo meu cenho, tentado a responder mas receoso que ela desperte puta comigo por lembrar do ménage que foi quando aconteceu .

Ela tem disso , quase um teste pra me enlouquecer.

Afrodite - Meu pai tinha acabado de ter uma overdose ... - paro de pensar quando ela começa a sussurrar e me aproximo pra ouvir direito - Ele estava em coma e a Tabita jogando a culpa disso em mim - ela fala calmamente, sem esboçar nenhuma emoção .

-- E onde eu entro nessa história? - pergunto baixo , em dúvida .

Afrodite - Você ? - ela fecha os olhos se acomodando na cama - Quando meu pai acordou ele pediu pra te ver e eu fui atrás de você e te achei na Caliente . Bêbado e usando aquela porcaria . Cocaína.

Movo minha cabeça de um lado pro outro , negando , ela com certeza não está acordada , tá dormindo e falando coisa com coisa .

Isso nunca aconteceu .

Preocupado eu toco sua testa , temperatura normal .

Afrodite - Não se lembra ? - nego quando os olhos verdes se abrem na minha direção - A gente brigou porque você agiu com ignorância comigo , eu te dei um tapa no rosto e você erguiu a mão pra revidar ...

-- Eu te bati ? - pergunto , não é que eu acredite nessa história mas também não desacredito.

Afrodite não é de inventar , a sinceridade e a incapacidade de saber mentir são o seu forte.

Afrodite - Não. Você me beijou , me empurrou contra a parede com a mão no meu pescoço e me beijou - ela sorri fechando os olhos novamente - E o pior foi que eu nem tentei impedir , nada .

-- O que aconteceu depois ? - ela dar de ombros - O que aconteceu , Afrodite ? - repito a pergunta , minha mente lutando pra lembrar mas falhando miseravelmente .

Pô , se for verdade essa história eu fui um pedófilo do caralho , lembro que na época que o Jão teve a overdose ela tinha 17 anos e eu 38 .

Nunca nem olhei pra ela com maldade nessa época porque sempre achei errado pra caralho esse lance de mano mais velho ficar com menor de idade . Bagulho que eu abomino mermo .

E agora ela vem com esse papo ...

Afrodite - Você vai lembrar , amor . Eu sei que vai ...

-- A gente transou ? - tento novamente, preciso saber oque aconteceu depois do beijo .

Ela não responde e só o que sai da sua boca são remungos antes da sua respiração se tornar lenta novamente.

-- Porra Afrodite - passo as mãos nos meus cabelos respirando fundo .

Essa mulher sabe como me deixar frustrado.

Olho pra sua janela vendo o céu acinzentado por causa da chuva que ameaça cair e levanto indo até ela , fechando o vidro e a persiana deixando o ambiente meio escuro.

Ligo o ar deixando numa temperatura boa e saio do quarto trancando a porta e jogando a chave por baixo pra ela sair quando acordar .

Minha mente lutando pra lembrar do caralho do nosso primeiro beijo e provavelmente primeira transa enquanto eu desço as escadas.

Quase cinco meses pra ela me contar isso e ela inventa de fazer agora .

Bufo .

-- Tinha que ser a Afrodite pra fazer um bagulho desses , puta que pariu.

Jão - Pirou irmão ? - ele surge na minha frente rodando na mão a camiseta de botão florida que ele estava usando - Falando sozinho , pô.

-- Provavelmente, e a culpa é da tua filha . Aquela feiticeira - puxo meu celular do bolso ao sentir vibrar e vejo o nome Teco brilhar na tela de chamada que eu atendo enquanto caminho pra fora da casa com o Jão seguindo atrás igual puta .

--

Teco

- O cara acabou de me ligar . Filho da puta disse que vai deixar a área limpa pra mim entrar na boca sem caô.

-- Confirmou a hora ?

- Marcamos de 23:00 hrs eu chegar lá.

- Vai ir mesmo?

-- Tô descendo prai , quando eu chegar a gente conversa.

- Beleza . Vou te esperar na frente de casa .

Não falo mais nada com ele e desligo guardando o celular no bolso antes de falar pra pessoa que me segue :

-- Achei que tú tinha parado com essa porra - paro no meu carro destravando o mesmo e abro a porta vendo a bolsa da minha preta no banco do carona.

Jão - Vai fazer o que ? E porque Afrodite não desceu contigo? - os olhos castanhos me encaram com curiosidade quando eu me viro pra ele - Quer saber ? Isso não importa . Eu vou pra onde você for .

Respiro fundo entrando no banco do motorista e pego a bolsa dela colocando no banco de trás.

Isso tinha tudo pra ser fácil , mas daí eu deixei esse safado entrar na minha vida e se tornar meu melhor amigo , minha sombra e agora meu sogro.

Ben - Qual foi Jão, eu vou afogar a Brenda na piscina - ele sai lá de dentro todo molhado - Tô só te avisando que é pra quando tú ver ela boiando não se assustar - ele para com a mão na altura do ouvido balançando, provavelmente pra tirar a água - Caralho, tô até meio surdo. E vocês? Tão indo pra onde ?

Jão - Não te interessa não curioso - ele bate na cabeça do outro e sai correndo lá pra dentro - Me espera que eu só vou avisar minha mulher e já volto - ele grita , antes de sumir do meu campo de visão .

Ben - Eim ? - ignoro sua existência olhando pra esquina a minha frente vendo os muleque de fuzil fechado ali e pelo espelho interno vejo mais uns cinco na de trás - Tá bolado com algo que nem aconteceu?

-- E pro teu bem é bom que nunca aconteça - falo sério me virando pra ele que começa a rir - Na moral , a porrada que o Zeca te deu foi pouca né ? Já tá caçando mais .

Ben - Tú se altera muito rápido , pô . Fica de boa . Nunca que eu vou nem olhar pra tua filha com maldade , quanto mais tocar nela. Palavra de homem - ele ergue a mão direita - Tô te dando a minha.

Fico calado me lembrando de algo que ouvi ele marcando com a Afrodite e pensando agora vai ser bom pra ela se distrair.

-- Que horas é o bagulho que tú marcou com a minha mulher ? - ele me olha meio desconfiado - Fica suave . Tô te perguntando na boa.

Ben - Depois das nove da noite . Porque ?

-- Faz ela ir , pô. Ela não vai querer mas dá teus pulo e faz .

Ben - Eu vejo o que faço. Mas o piseiro é fora do morro , ali no pezinho . Dá caô não?

-- Espero que não - coço a barba ouvindo a voz do Jão ao longe - Vou colocar uns três pra ir com vocês só por precaução.  Mas a responsabilidade tá nas tuas costas.

Jão - Se preoculpa não. Que eu volto pra te dar o leitinho que tú bebe toda noite antes de dormir - a voz dele grita , se aproximando.

Brenda - JOÃOOO , para ! Por favor .

Ben - Que nojo véi , desnecessário essa porra aí - ele finge ânsia enquanto o outro rir chegando pra perto com o fuzil pintado de rosa e cheio de pedrinhas brilhantes nas mãos.

Franzo o cenho puxando na memória o porque dele ser assim e chego a conclusão que estou ficando velho e esquecido nesse caralho .

Jão - Tú acha nojento porque não tem ninguém pra fazer contigo - ele entra no carro batendo a porta e eu ligo saindo lentamente pela rua vendo pelo canto do olho ele colocar a cabeça pra fora , pela janela - Seu COOORNO !

-

Minutos depois eu estaciono o carro na frente da casa que eu dei pra Yara morar , desço tragando meu beck e olho pro outro lado da rua vendo o Teco vim com o celular nas mãos.

Jão faz tsc repetidas vezes dentro do carro e eu franzo meu cenho olhando pra ele através do vidro do para brisa.

Ele não fala nada , nem precisa , a cara dele entrega o quanto ele não gosta e não confia no marido da minha sobrinha , assim como a filha ele também é muito expressivo.

Qualidade ou defeito? Só Deus sabe.

Teco - E aí ? - se aproxima fazendo um toque comigo - Tudo pronto ?

-- Isso é você quem me responde - solto a fumaça encarando ele - O que o cara falou ? Quero todo o papo que é pra não ter erro .

Teco - Foi o que eu te falei , Russo . Ele falou que meu trabalho ia ser simples porque ele ia deixar tudo pronto. Vai ter o baile pra servir de distração enquanto ele tiver em reunião com o dono - volto com o baseado pra minha boca ouvindo atentamente tudo que ele fala  - Eu só vou entrar e ir direto pra boca , matar o cara , pegar meu dinheiro e sumir nesse mundo rezando pro CV não vim atrás de mim ... E da minha família , é claro.

Sorrio soltando a fumaça.

-- Ou esse cara é muito burro ou ele acha que tú é que é - ele me encara quando eu volto pro carro .

Teco - Vai fazer o que ? - fico calado - E a tua mulher com quem vai ficar enquanto a gente tiver lá?

Jão - Olha , olha ... - me viro pra ele que rir nervoso apertando o fuzil nas mãos - Daqui é só um , direto pra testa dele . É só tú dar o aval - fala só pra mim ouvir.

-- Fica na tua Jão - falo ciente do que ele tá pensando e olho no fundo dos seus olhos pedindo a calma que eu tô fingindo ter com essa merda toda - Quer saber da minha mulher porque? - pergunto ao me virar pro outro.

Teco - Por nada , pô. Só perguntei por perguntar mesmo - ele fala rápido, nervoso - Tava pensando em deixar ela e a Yara juntas mas daí eu lembrei que vocês se mudaram e eu não sei onde é a nova casa de vocês.

-- E se depender de mim , nunca vai - ligo o carro me virando pra frente - Fica ligado no celular que eu te ligo quando tiver pronto - olho rapidamente pra ele ao ouvir o portão da sua casa ser aberto e vejo ele entrando - E Jeferson - ele me olha - Pro teu bem é bom que tú não me traia porque não vai ser só a minha proteção que tú vai perder .

Ele acena repetidas vezes .

Teco - Eu não vou ...

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: CALIENTE (morro)