CALIENTE (morro) romance Capítulo 95

Momentos antes...

- RUSSO -

São quase quatro horas de viagem , duzentos e poucos quilômetros e muito , muito auto controle pra resistir à vontade de meter uma bala na testa do Gam até chegar ao pequeno município de nome Macuco.

Segundo o merda que eu já saquei estar de maldade pra cima da minha sobrinha o pai dele tem aqui uma casa encima de um bunker que ele equipou justamente pra manter a minha mulher presa depois que descobriu que ela estava grávida.

E ao saber disso eu tive certeza :

Se algum dia eu duvidei que poderia odiar alguém mais do que eu odeio o finado pai da Yara , hoje eu não duvido mais .

Desço do carro olhando pro enorme portão de ferro mais a frente que o Gam disse pertencer ao pai dele e respiro fundo ajeitando a bandoleira do meu fuzil no ombro .

Se o fodido filho não tiver mentindo e minha pretinha realmente estiver lá dentro , em poucos minutos eu vou vê-la e o mais importante ; tirá-la daqui.

É só nisso que eu penso.

Ben - Tá nervoso ? - ele desce do outro carro e vem na minha direção mordiscando a ponta da alça do seu colete - Porque eu tô .

Jão - Cê tá é com verme , pô - diz enquanto tira seu fuzil e a bolsa de munições do fundo falso que fica embaixo do banco traseiro do carro - Tem que ver isso aí se não daqui a pouco cê vai querer comer é gente .

Ben - Isso eu já faço faz tempo , pô . Não é nem novidade - brinca fazendo os que vieram com a gente rir - Mas e aí , o que tú manda ? - me olha retomando a seriedade que esse momento exige .

Fico calado por um momento examinando todo o local , pensando na melhor estratégia pra não perder nenhum dos vinte homens que vieram com a gente .

O muro é alto assim como o portão, mas nada que uma granada não resolva , o problema mesmo vai ser lá dentro porque eu não faço idéia de quantos homens tem , isso é , se tem.

Nessa parte eu estou às cegas .

Gam - Vai me dar uma arma maior ? - me viro pra ele quando ouço sua voz - Tô só com a glock , pô.

-- E vai continuar - sou curto e grosso , deixando zero espaço pra ele pedir de novo - É o seguinte ... - umedeço meus lábios e então dou todas as ordens necessárias .

Ao fim , olho pro céu estrelado e peço mentalmente pra que tudo dê certo .

Jão - Quer fazer as honras ? - ele me oferece a granada e eu nego ao ver seu olho quase que implorar pra deixar ele puxar o pino .

Criança é fogo .

-- Vai lá - aponto , e assim ele faz .

Me afasto com os outros e observo ele posicionar a pequena bola no espaço entre o portão e o muro, puxar o pino e sair correndo poucos segundos antes da explosão mandar tudo pro chão .

Anunciando que estamos aqui .

A grande quantidade de fumaça que surge depois nos esconde quando aproveitando dela todos passamos pro lado de dentro .

Avançamos passando pelos escombros , por cima dos corpos daqueles que estavam perto quando a granada explodiu e atirando em quem quer que entrasse no nosso caminho - que não foram poucos .

Entro na enorme casa acompanhado só pelos de confiança - Ben e Jão - , fuzil na frente do corpo , dedo no gatilho e olhos atentos a tudo .

Paro por um momento pra respirar fundo , sinto meu corpo quente - febre - mas a ignoro quando ouço gritos não muito distante de onde estamos.

Gritos infantis .

Jão - É o Rauan - diz e então dispara na direção da voz sem me dar chance de o parar .

Preocupado eu olho pro Ben ainda enchendo meus pulmões e faço gesto pra ele ir atrás.

Não consigo correr , não agora .

Gam - Tá tudo bem aí ? - ele ultrapassa a porta junto com os outros .

-- Vai ficar depois que eu ver minha mulher - respiro fundo e ajeito minha postura - Onde fica o tal bunker ?

Gam - Por alí  - ele aponta pra uma porta entreaberta a uns cinco passos de onde estou e toma a minha frente a escancarando, deixando os degraus da escadas pro subterrâneo visíveis pra mim .

Ele desce , eu desço atrás.

Que o Jão e o Ben cuidem do pequeno Rauan mas a minha prioridade é e sempre vai ser minha mulher e filhos.

É por eles que eu vim e é com eles que eu vou sair .

-

Eu a vejo , o rosto banhado em lágrimas mais inchadinho do que eu me lembrava , os cachos como sempre preso num coque e a barriga enorme me fazendo ver o quanto de tempo eu perdi do crescimento dos nossos filhos .

O quanto nos foi tirado.

Quase três meses.

Trinco meu maxilar , a raiva e a revolta estando presente em cada parte do meu ser , principamente na minha voz quando eu me aproximo falando:

-- O gato comeu tua língua filho da puta ? - ele me ignora , olhando fixamente pra pessoa que vem atrás de mim , a mesma que eu ultrapassei assim que ouvi os gritos da Afrodite - Ou tú só tem peito pra se crescer pra cima da minha mulher ?

Paro na sua frente pressionando o cano do meu fuzil na sua garganta , o afastando da Afrodite que chora descontroladamente e sorrir na mesma medida ao me olhar  .

-- Já eu volto pra você , pretinha - a olho por um momento e sorrio sentindo aquela sensação de paz que só o fato de estar perto dela me dá .

Porra , como eu senti falta disso .

Capítulo 94 - Nossa história 1

Capítulo 94 - Nossa história 2

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