Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 16

— Não tenho o telefone dela, para falar a verdade, as coisas não estão sendo nada fáceis por aqui. — Sua voz ficou triste.

— Como assim? — Aurora perguntou preocupada.

— A mãe dele não gosta de mim, se você observasse o tipo de pessoa que ela é, ficaria chocada, do mesmo jeito que estou. Desde que cheguei, tivemos zero diálogo, e sempre que nos vemos, é desagradável! Me julga pela minha aparência, nacionalidade, condição social, e mais um milhão de coisas, me olha da cabeça aos pés, é altiva, soberba, desrespeitosa, se acha a rainha do país e dona da razão.

— Denise, eu sinto muito, não sabia destas coisas, de tudo que me contou agora sobre ela, fico assustada, com o que pode passar por aí. — Preocupou-se.

— Tudo bem, eu até sabia que ela não me aceitaria de primeira, mas não estava esperando por certos acontecimentos, pense numa pessoa preconceituosa, nem ao menos conversou comigo, no primeiro dia que me viu, já virou as costas, me julgando como se eu fosse alguém que não presta.

— Amiga, existe algo que eu precise saber e você ainda não quer me contar? — Aurora percebia que Denise estava escondendo algo a mais.

— Não se preocupe, eu consigo lidar com isso, o Saulo está ciente de tudo sobre a mãe, nós já estávamos programando que iríamos embora amanhã, mas agora com esse ocorrido, não sei o que acontecerá, mesmo que esteja bem, não acredito que ele queira sair de perto do pai tão cedo, a cara de desespero e preocupação dele era notória, você precisava ver o quanto ele estava angustiado, que só de me lembrar, me parte o coração.

— Denise, não me deixa preocupada com você, se precisar conversar ou algo assim, me liga, ou manda uma mensagem, não importa o horário, sempre estarei disponível para falar, não guarda tudo sozinha não, tá?

— Tudo bem, Aurora, fica tranquila, dá um beijo nessas crianças aí por mim, já estou morrendo de saudades de todos, não vou falar o nome de um a um, porque se não, posso me esquecer de alguém. — Brincou.

— Engraçadinha, espera que a sua vez logo chega também, o difícil é só o primeiro, depois a fila se forma rapidinho, vai ficar como eu, revezando o colo e a atenção das crianças. — Gargalhava. — Olha, não vou ficar ocupando a linha por mais tempo, o Saulo pode te ligar a qualquer momento, não se esqueça de me manter informada.

— Não se preocupe, te mando mensagem assim que souber de algo, fique bem e aproveite seus filhos.

Após se despedirem, Denise terminou o banho e se vestiu, desceu as escadas em busca de alguém, que pudesse lhe dar alguma informação, acabou encontrando Cora, sentada à mesa na cozinha, a mulher fingiu não perceber a chegada de Denise.

— Com licença, Cora, você tem alguma informação sobre o estado de saúde do senhor George?

A empregada lhe olhou dos pés a cabeça, antes de se levantar e virar as costas, deixando-a falando sozinha.

O que lhe fez ficar à flor da pele, já bastava a dona da casa, ser daquele jeito, não suportaria os empregados também. Resolveu ir atrás da mulher e lhe desafiar, o que estava acontecendo para todos naquela casa a odiarem assim?

— Estou falando com você! — Disse alto e num tom nada amistoso.

Segurou em seu braço, fazendo-a se virar para ela.

— Quem você pensa que é? Não toque em mim, sua estrangeira. — Cora bateu na mão de Denise, fazendo com que ela a soltasse.

— Quem eu sou? — A olhou nos olhos — Sou sua patroa também, e a futura dona desta casa, então se você não quiser ir parar no olho da rua futuramente, é melhor começar a me respeitar a partir de agora! — Disse cansada da humilhação.

A mulher esbugalhou seus olhos, assustada com a audácia de Denise, que por sua vez, resolveu falar direitinho a língua daquela mulher, não que se aproveitaria da situação, afinal não tinha plano algum de morar ou ficar naquele lugar.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Caminho Traçado - Uma babá na fazenda